Capítulo 22- Não lembro mas senti medo.

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Acordo mega atrasada e isso fode o meu dia. Mesmo atrasada 25 minutos eu resolvo ir para a academia na intenção de fazer um treino rápido mas acabo me atrasando, quando estou saindo de casa estou quase uma hora atrasada para encontrar com a cliente no projeto novo, faço apenas duas refeições ao dia todo pois logo tive que ir para a faculdade. Agora estou subindo de elevador ao meu apartamento e pensando no que vou comer, estou faminta.
Abro a porta, entro, fecho a porta, tiro meus saltos, jogo as coisas no sofá e vou em direção ao meu quarto, quando entro lá começo a gritar com quem eu vejo.
- Calma – ele pede e eu coloco a mão no coração, está aceleradíssimo.
- Como você entrou aqui, Niragi? – pergunto e olho ele apenas com a minha toalha presa na cintura, cabelos molhados e corpo úmido.
- Tive uma conversinha com o porteiro – ele diz sorrindo e só penso no coitado do Sr. Hoikoma. Niragi se aproxima de mim e segura meu rosto – trouxe pizza para nós – aquilo me faz sorrir de orelha a orelha.
- Nossa, eu acho que estou apaixonada – digo e ele ri e massageia meus ombros, fecho os olhos relaxando – estou tão cansada, acordei atrasada e isso acabou comigo.
- Por isso não foi na academia? – ele pergunta e eu olho para ele.
- Claro que fui – digo – onde você estava?
- Eu fui e fiquei te esperando lá, mas depois fui embora – ele responde e eu puxo seus lábios para os meus, o beijo delicadamente.
- Vou tomar banho – digo o separando dele – pode ir cortando a pizza, pegando os copos de refrigerante e colocando algo interessante na Netflix enquanto isso – digo rindo e levo minhas mãos para a toalha nele – isso é meu, mas eu vou te deixar ficar – digo e saio.
- Que desculpa mais esfarrapada para pegar no meu pau – ele grita quando já estou no banheiro.
- Se eu quisesse pegar eu pegava, não preciso de desculpas – respondo e escuto ele rindo.
Me belisco para ver se isso era real. Estou com um sorriso bobo no rosto.
Quando volto ele está sentado na minha cama me esperando, tem pizza, refrigerante e doces na cama. Sorrio e ele retribui.
- Aprovado? – ele diz e eu concordo sorrindo. Jogo a toalha nele enquanto coloco uma calcinha e uma blusa branca masculina – de quem é?
- O que? – olho para ele que aponta a camisa, rio – eu mesma comprei, nunca namorei antes a ponto de dividir camisetas – respondo e ele sorri.
- A cada dia me sinto mais honrado por estar ao seu lado – ele diz passando por mim para estender a toalha no box -  venha aqui – ele me chama quando senta na cama novamente e eu me junto a ele.
Comemos e damos risadas até eu estar deitada no peito dele dormindo após me divertir. Me aconchego nele e em um segundo estou relaxada e em outra realidade de tão leve que estou.
Abro os olhos rapidamente, está tudo claro mais e eu estou sozinha na cama, a janela do quarto está aberta e entra muito vento por ela, meus pelos dos braços se arrepiam. Aperto minha visão e o que eu vejo no canto do quarto me faz gritar mas minha voz não sai por conta do pânico, Niragi está acorrentado, está todo machucado, ele grita de dor quando alguém o chuta o rosto, sua boca começa a sangrar e uma risada vem logo em seguida. Tento procurar mas, não consigo mexer o meu corpo além dos meus olhos. Há mais chutes nele, estou implorando para a pessoa parar, minha garganta arde. Quando a risada acaba vejo que quem o chutava era Stephanie, meus ossos se aquecem, saio da cama para ir matá-la quando alguém me abraça e tudo fica quente e escuro. Grito.
Me debato na cama, sinto o suor escorrer pelo meu pescoço. Alguém me segura e tudo some da minha mente.
- Ellie! Calma – a voz me faz abrir os olhos, Niragi está do meu lado e bem. Meus olhos estão desesperados, só corpo dele está suavemente em cima do meu, me protegendo – calma, foi só um pesadelo.
Ele me abraça e eu retribuo, começo a me acalmar, minha respiração está ofegante.
- Niragi... – digo e me agarro a ele. Os braços dele me apertam.
- Estou bem aqui, meu amor – ele segura meu rosto e eu estou um pouco mais calma porém confusa – o que sonhou? Pq estava gritando meu nome?
Fico paralisada, minhas mãos sobem até o rosto dele e eu sorrio calma.
- Não lembro – minto – mas senti medo – digo e beijo ele.
Me agarro a ele, meus lábios estão desesperados até ele retribuir na mesma intensidade até eu esquecer que o cara que eu estou abraçando não foi criação da minha cabeça e que ele me conhece no mesmo nível que eu acho. O corpo dele sobe todo em mim, passo minhas pernas no quadril dele e então minhas mãos estão no cabelo dele enquanto  as dele seguram minha cintura, nossos lábios vão ficando lentos até pararmos e nos encarar.
- Você está bem? – diz acariciando meu rosto.
- Estou – sorrio e ele sorri – o que eu gritei?
- Meu nome, me chamava de amor também – ele diz calmo e eu fico envergonhada, tampo o rosto – olha, eu vou estar aqui para quando você se sentir confortável para contar o que se passa aqui – ele toca com o indicador na minha cabeça e eu rio – sem pressão, ok?
- Sem pressão – repito sorrindo e ele sorri.
Me aconchego nos braços dele e voltamos a dormir, até acordar com ele me beijando.
- Bom dia – e então outro beijo. Meus olhos abrem devagar por causa da luminosidade. Olho para ele.
- Que horas são? – pergunto após dar um beijo de bom dia.
- 7 horas da manhã – ele sorri e eu olho desconfiada – vamos treinar?
- Ew – falo desanimada e ele ri – podemos comer primeiro?
- Claro – ele beija meu pescoço, me arrepio toda – o que você quer de café da manhã?
- Ovos mexidos e café – digo acariciando o rosto, ele é tão lindo – quanta beleza para um homem só – digo e ele ri envergonhado e depois deita o tosto nas minhas mãos – pq está com vergonha?
- Pq é raro as pessoas me elogiarem assim – ele diz se deitando do meu lado e fita o teto.
- Assim como? – pergunto me virando para ele, apoio minha cabeça nas minhas mãos.
- Assim, sem ser quando estou transando – ele diz e uma onda de ciúmes me toma – tipo só recebo elogios quando alguém tem segundas intenções comigo – ele me olha e eu rio.
- Vai falar que eu to com segundas intenções as 7 da manhã? – digo rindo.
- Não disse nada, mas se quiser... eu não acharia mal algum – ele diz e eu bagunço o cabelo dele antes de levantar. Dou a volta na cama e o encaro, bem de perto.
- A única intenção que tenho com você nesse momento é de obter alimento, então para a cozinha, bonitão – digo num tom firme e ele sorri.
- Você fica uma delícia brava – ele diz se levantando e me agarra, estou totalmente nos braços dele – aquilo que você fez com Nioji – ele gargalha – eu adorei, foi incrível – eu rio envergonhada.
- Eu estava muito brava – falo o olhando – pq ele me enchia tanto o saco?
- É pq ele gostava de você – ele diz e eu paraliso – num primeiro momento ele ficou bravo por ver você conquistando as coisas mesmo sendo gringa e depois começou a te admirar, era paixão.
- Nossa, tipo... ele vai te matar? – pergunto rindo.
- Acho que se ele souber que passamos a noite juntos talvez ele queira me bater mas quando eu subi no seu apartamento aquele dia e te beijei ele ficou muito bravo – ele disse rindo e eu ri ao lembrar daquilo.
- Então acho melhor você se esconder do seu irmão – digo o olhando.
- Coitado dele – ele gargalha – faço questão de andar de mãos dadas com você na frente dele – completa e me puxa para um beijo, sorrio no meio do beijo e ele puxa meus cabelos da nuca.
- Vai me alimentar, homem – digo me afastando e ele ri antes de se levantar e ir para a cozinha.
Aproveito o tempo que ele fica lá para mim me arrumar. Coloco um shorts de academia preto, um top preto, uma blusa azul naquele estilo super cavada e decotada e meu tênis. Prendo os cabelos e vou para a cozinha, encontro ele dividindo a frigideira de ovos mexidos em dois pratos. Ele ergue o olhar e sorri.
- Senta aí – ele diz me dando os talheres, me sento e logo ele vem ao meu lado. Provo o café e os ovos, estão perfeitos.
– Até que você sabe lidar com a cozinha, marombeiro – brinco e ele ri.
- Não sou marombeiro – ele diz mastigando e eu rio – mas aquele cara que vai sempre de blusa vermelha, aquele sim é marombeiro – ele diz e eu sei de quem ele está falando.
Rio e ficamos o café da manhã falando sobre as pessoas da academia e indo. Enquanto Niragi se trocava eu falei a louça suja e logo depois fomos juntos para a academia.
- Vem – ele disse me pegando pela mão e subindo até o segundo andar da academia, perguntei o que iriamos fazer e ele respondeu quando chegamos lá – Muaythai!
Ele sorriu.
- Nunca fiz isso – digo.
- Por isso que vou te ensinar – disse e logo começamos a treinar, ele me ensinou algumas coisas importantes e segundo ele, como eu aprendia rápido, já podíamos começar a fazer algumas séries de golpes.
Eu estava me divertindo e suando muito com aquilo, Niragi estava adorando me ver dar umas porradas nele.
- Misericórdia Ellie! – ele reclama – tem certeza de que você já não lutava antes? – ele pergunta e me passa um flashback dos jogos de Borderland, das missões da máfia onde eu descia a porrada nos homens e das lutas para me defender.
Olho para ele, sorrio apesar de estar totalmente suada e ofegante.
- Nunca soquei ninguém e nem fui a aulas – minto e ele ri.
- Quando estiver pronta pode voltar – ele diz e eu respiro fundo antes de voltar a golpear e ele a defender, meu corpo estava adorando os movimentos, eu estava tão livre, até minha mente estava mais leve. Depois de algum minutos ele diz: - respira um pouco – ele diz e apoia as mãos no joelho me sinalizando que ele também está cansado.
Me afasto e respiro fundo fechando os olhos e jogando a cabeça pra trás, respiro mais uma vez e quando volto a cabeça e abro os olhos as paredes estão sangrando, escorrem sangue vermelho vivo, o lugar está escuro, tem sangue para todo lado. Meu coração acelera com isso, não consigo ouvir nada, olho para baixo e vejo que eu estou lada de sangue. O que aconteceu? Ergo o olhar e vejo Niragi ensanguentado, escorre sangue por todos os lugares do rosto dele, ele me olha com um ar sombrio.
- Ellie! O que está fazendo? – ele diz e parece que o fluxo de sangue aumenta. Ele está sangrando muito mas está de pé, sinto medo e ele se aproxima, fecho os olhos mas ele toca meu rosto – Ellie!
E então quando pisco tudo está normal, ouço a música da academia, ouço os carros passando lá fora, sinto o toque de Niragi. Olho para ele que está normal.
Eu alucinei.
- O que? – falo confusa.
- O que digo eu – ele me olha – você começou a olhar com os olhos arregalados para mim e não me ouvia – completa e eu pisco, preciso agir normal, ele não pode saber que alucinei – você está bem? Pegou pesado demais? Quer fazer uma pausa?
- Eu estava controlando minha respiração – falo e olhando, beijo os lábios dele. Ele sorri fraco – vamos continuar – falo e ele assenti.
Treinamos mais algum minutos até paramos para ir embora. Ele me deixa em casa e me promete me encontrar mais tarde, assim que chego tomo um banho e visto um vestido preto básico e coladinho do meu corpo, um allstar preto e um blazer caramelo. Saio de casa e vou para o trabalho. Daqui um mês eu irei me formar.
Fico o dia todo trabalhando no projeto, hoje eu não tinha aula, quando eu estou me despedindo da cliente um carro para ao meu lado, ambas encaramos o carro até a porta abrir e um cara de terno sair. Vou subindo o olhar até chegar no rosto e reparar que era Niragi, ele sorri e eu fico chocada.
Ele se aproxima de mim e beija minha bochecha. Continuo em choque.
- Oi – ele sorri e eu sorrio também.
- Oi – o olho – quero saber essa coisa toda, amor – completo e ele ri.
- Eu conto enquanto estivermos jantando – ele diz e começa a me guiar para o carro. Entro e ele entra também.
- Vamos jantar onde? – pergunto.
- Em um lugar caro – ele me olha e eu rio – pq você merece.
- Ta bom – digo rindo e ele sai com o carro.

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