Abro os olhos quando sinto um peso pulando em mim.
- Papai! – ela pulou em Niragi toda feliz. Pisquei os olhos e vi que eu estava deitada nele, em seu peitoral com as mãos na sua nuca. Igual como antes de partir.
- Bom dia princesa – ele disse a abraçando com a mão que não estava no meu ombro. Ergui minha cabeça e sorri fraco para os dois.
- Bom dia mamãe! – ela sorriu e me abraçou, vi que sua temperatura estava normal como se ela não estivesse fervendo na noite anterior.
- Ela está normal – falei e Niragi a tocou vendo sua temperatura e ficando chocado – está com fome? – perguntei a Serena e quando ela concordou fomos nos arrumar – toma papai – entrei ela a Niragi assim que sai do quarto e nos encontramos no corredor.
Descemos até a cozinha onde estava o café da manhã e lá se separamos, Serena corria de pessoa em pessoa brincando e comendo até o café da manhã acabar e todos saírem.
- Vamos continuar dando os remédios a ela? – Niragi questionou e eu virei imediatamente.
- Vamos? – questionei o plural, mas ele não entendeu.
- Não deveríamos? – falou me olhando.
- Vamos dar sim – sorri e sai indo em direção ao meu escritório.
Passei o dia lá, já que Serena estava brincando com Niragi e Kuina e não queria perder um segundo daquilo tudo. Eu estava muito pensativa sobre tudo que aconteceu na última noite, nossa conversa na farmácia enquanto chovia, a gente passado a noite juntos, ele estava arrependido? Eu sei que é muito cruel passar a noite abraçada nele e depois do café da manhã o ignorar ou não ligar tanto para ele, mas apesar de ontem muitas coisas serem reveladas e toda aquela situação nos forçar a ficar juntos, não anulava tudo que ele fez a mim. Lembro de cada frase ele a mim, cada palavra que cortava meu coração.
- MAMÃE!! – Serena gritou e eu abri a porta do quarto, ela estava com Niragi.
- Fale assim: eu to encardida – Niragi a disse e ela repetiu a mim me fazendo rir. Ela estava realmente muito suja por ter passado o dia todo brincando.
- Vamos para o banho mocinha? – a peguei no colo e ela beijou o rosto de Niragi – depois vamos comer – disse e ela cruzou os braços.
- Quero comer com o papai! – ela disse e eu olhei a ele.
- Tudo bem, depois que você tomar banho eu trago sua comida Cururuzinha – disse fazendo cocegas nela. Sorrimos um ao outro e depois a dei um bom banho.
- Papai está demorando mamãe – disse assim que eu penteava seu cabelo, eu ri da impaciência dela. A porta abriu quando Niragi apareceu com o jantar dela em um prato.
- Impaciente – ele disse rindo e se sentou a cama ao lado dela – olha o aviãozinho! – disse levantando a colher e depois foi em direção a boca dela que abriu.
Eles se divertiam enquanto ela comia, era uma cena super linda de se ver. Fazia muito tempo que isso não acontecia.
- Comi tudo! – disse sorrindo.
- Parabéns – eu digo sorrindo em comemoração – estamos muito felizes – ela sorriu sapeca antes de brincar comigo e Niragi até dormir – hoje ela estava cansada – digo a ele.
- Ela brincou muito – disse rindo e ficamos nos olhando por um instante – bom, eu vou indo, mas qualquer coisa é só chamar – disse tímido.
- Obrigada – sorri e ele saiu do quarto relutante e me olhando. Me deitei ao lado da minha filha e me permiti relembrar as cenas dos dois brincando hoje.
Alguns dias haviam se passado e por incrível que pareça, Niragi estava sendo um pai super presente, ficava quase o tempo todo com ela, voltamos a revezar os dias de quem ficava com ela para jogar. Tudo estava estranho por ser algo repentino, mas eu estava gostando de tudo aquilo, eu e ele éramos amigos, apesar de eu ainda estar com um pé atrás.
Me assusto quando a porta do meu escritório é aberta de surpresa por Serena e Niragi, sorri apesar do meu coração ter quase saído pela boca.
- Tem alguém com saudade da mamãe – ele disse fechando a porta enquanto ela correu para os meus braços. A abracei fortemente inspirando seu cheiro.
- O que você está aprontando? – perguntei a Serena que me olhava com cara de sapeca.
- Eu estava jogando bola com o papai, mamãe – sorriu e eu ri.
Ela se encaminhou para o sofá na frente a minha mesa onde ele estava. Ela pediu para eles lerem um livro infantil juntos.
- Vão ficar ai? – questionei e eles concordaram – ok, vou continuar a trabalhar – completei.
Eu juro que tentei me concentrar, mas Niragi estar ali era uma tentação, então eu o olhava de dois em dois segundos. Os dois riam com a histórias e as brincadeiras então quando o barulho parou eu ergui o olhar, encontrando eles me encarando.
- O que foi? – questionei.
- Vem aqui com a gente – Serena pediu com as mãos juntas.
- Mas a mamãe... – tentei falar mas os dois começaram a suplicar por mim ali até eu me levantar e me sentar ali com eles, ela estava no meio de nos dois.
- Felizes? – perguntei.
- SIM! – responderam juntos. Ficamos ali lendo e brincando com ela sentados e rindo naquele sofá, eu e Niragi estávamos próximos fisicamente até demais e nos tocávamos igual antes, era estranho e bom. Era como se quiséssemos falar algo, mas não conseguíamos como se o medo de toda a magia daquele momento fosse embora.
- Olha mamãe, o tio Arisu - apontou para um porquinho sujo de lama no livro fazendo eu e Niragi gargalhar.
- Ela é demais - ele disse ainda rindo - você vai jogar amanhã? - questionou e eu concordei o olhando.
- E você? - perguntei.
- Só depois de amanhã - disse e eu sorri antes de voltarmos a ler com ela.
Quando Karube tirou seu corpo nu de cima do meu que também estava nu e suado me levantei e comecei a vestir minhas roupas. Eu não sei bem como paramos aqui mas após o meu jogo acabar, eu comecei a flertar com Karube na brincadeira, o que nos levou a nós beijar e ele me puxar para o quarto dele para transar.
- Você gosta dele? – Karube questionou me fazendo virar.
- Dele quem? – perguntei confusa.
- Não se faça de boba Ellie, estou falando de Niragi - meu coração gelou - você voltou a gostar dele?
- Não - ri negando - só estou deixando ele fazer o papel de pai e eu estou fazendo o papel de mãe que brinca junto com eles – falei, mas ele negou com a cabeça como s e fosse mentira
- Mas você ainda o ama – afirmou e eu revirei os olhos.
- Aí Karube, pq está perguntando isso? - questionei brava.
- Pq eu gosto de você - ele disse e eu sorri na esperança de transmitir um "eu também" já que minha boca não abria para isso. Ele segurou as minhas mãos me fazendo olhar para ele - Ellie, eu te amo.
- Karube.... - disse tentando sair da situação - eu também - sorri fraco.
- Você só me ama quando eu estou jogado na sua cama, você diz que me adora mas quando eu digo que quero mais do que uma simples transa que quero sentir o gosto da sua alma e não o do seu corpo você simplesmente quer distância - fechei os olhos pq aquilo era a pura verdade, não consegui encara-lo - Ellie, fica comigo?
- Karube... eu nunca disse que eu e você tivéssemos ou teríamos alguma coisa – falei simples – sempre se tratamos como isso como uma amizade colorida.
- Eu sei, mas eu gosto tanto de você – ele segurou meu rosto – namorada comigo? – encostou nossas testas e eu o afastei.
- Karube, não da – falei saindo o quarto e ele veio atrás – vou no quarto de Niragi - o avisei.
- Pq? – questionou e eu parei, o encarei e revirei os olhos.
- Vou buscar a minha filha caramba – falei e continuei a andar. Quando cheguei no porta do quarto ele me olhou depois de vim o caminho todo falando o quão ficaríamos lindos como casal e fantasiando em me ter para ele, eu apenas revirei os olhos para tudo aquilo. Bati na porta e logo escutei Niragi falar para entrar.
- Ellie... – ele disse antes de mim entrar e fechar a porta. O olhei pedindo para ele não insistir mais naquilo.
- Oi – disse entrando e ela estava pulando na cama dele de mãos dadas com ele.
Niragi beijou minha bochecha e eu rezei para eu não estar cheirando a sexo, olhei para ele sorrindo e ele sorriu. Não soube disser se era um falso ou verdadeiro.
- Qual o naipe do de hoje? – ele questionou olhando para Serena.
- 2 de ouros – disse e ele me olhou – os naipes pedem por você – disse e rimos.
- Conseguiu resolver?
- Claro – sorri – passar quatro anos com um cara inteligente tem que prestar para alguma coisa – rimos – e você? Já aprendeu a lutar para os jogos de espadas?
- Não – pressionou os lábios um no outro e balançou a cabeça em negação – ainda preciso de você – o olhei – mas é por isso que eu sou um bom atirador – ri – se quiser voltar com as aulas de luta eu aceito – falou simples e eu ri ao lembrar de como ele era horrível com aquilo.
- Quem sabe um dia né – ri e peguei Serena no colo – fala boa noite para o papai – falei e ela abraçou seu pescoço ainda em meu colo.
- Te amo cururu – disse fofa e eu sorri.
- Também te amo minha Cururuzinha – apertou as bochechas dela. Eu sorri e comecei a andar em direção a porta. Serena se virou e os dois ficaram brincando enquanto Niragi fala que ia pegar ela para não ir embora e segurar as mãos dela. Ela ria e gritava com metade do corpo no meu ombro. Quando chegamos na porta os dois pararam.
- Pq você está olhando para baixo papai? – ela questionou e eu vi Niragi segurar o riso, olhei para ele rindo e seu olhar entregou que ele estava olhando para a minha bunda.
- Você que a ensinou a ser dedo duro dessa forma e agora não consegue nem olhar para uma bunda sem ser descoberto – falei brincando e ele riu. Olhei para os dois lados do corredor para ver se Karube não estava ali me esperando.
- O que foi? Aqui não é rua, pode atravessar sem olhar para os dois lados – disse e eu gargalhei – mas tem alguém te incomodando? – falou sério.
- Eu dou o meu jeito – sorri e sai dali com Serena.
– Serena, escove os dentes – falei firme pela quarta vez e ela reclamou.
- Não quero!! – gritou e cruzou os braços.
- Quer sim – falei a olhando – vá para o banheiro agora! – falei e ela se jogou no chão fazendo birra – levante – falei e ela parou de chorar e me olhou – vá escovar os dentes para ir brincar – falei seria e ela levantou chorando e foi escovar os dentes. O banquinho que havia no banheiro a deixava fazer aquilo e ela era muito esperta para idade.
- Pq essa princesinha está chorando? – Aguni entrou e eu me assustei.
- Pq ela só faz birra – falei e ele riu.
- Vovôooo – ela correu até ele com a escova na boca – a mamãe brigou comigo – disse e ele riu.
- Pq ela brigou? - ele questionou a pegando no colo.
- Pq eu não quero escovar os dentes – falou tirando a escova babada da boca.
- Mas ai não pode – disse e ela o olhou com atenção – os bichinhos vai comer tudo sua boca – ela arregalou os olhos.
- Vou escovar – escorregou do colo dele e foi ao banheiro, rimos com aquilo.
- Vai descer daqui a pouco né? – questionou e eu forcei a memória para lembrar o motivo.
- Vai ter a prova final dos milicianos novos – me lembrou – todo mundo vai assistir.
- Todo mundo? – questionei.
- Todo mundo não – riu – a milícia, os membros executivos e o seu grupo de amigos -arqueei a sobrancelha e sorri.
Serena voltou do banheiro e pulou no colo dele.
- Podem ir indo, só vou me arrumar – falei e os dois sorriram. Me virei, mas senti que Aguni demorou um pouco para sair mas não me importei.
Me arrumei com um shorts curto e colado no meu corpo, camiseta branca de botões, salto e um penteado simples que nem prendia tudo o meu cabelo e nem o deixava totalmente solto. Me olhei no espelho e eu estava bonita, afinal eu tinha que estar bonita, eu era a líder da milicia. Organizei a bagunça que estava no quarto e quando puxei uma blusa minha de cima da cômoda ao lado da porta senti um papel branco cair para debaixo da cama, me agachei e peguei. No envelope havia a assinatura de Niragi, eu o conhecia a ponto de saber que sua assinatura era tão única que ninguém nunca o copiaria.
Abri o envelope e o que havia escrito nela me deixou insegura, eu estava com medo de ler e me decepcionar ainda mais, eu amava ele, eu o queria tanto, mas eu precisava de um pedido de perdão. Nos últimos dias meu coração estava uma arena de batalha, de um lado Niragi: o cara que eu amava e que estava fazendo o papel de pai dele me fazendo reaproximar mas que me machucou; e do outro lado Karube: um cara super legal, eu tinha um amizade colorida com ele, ele gostava demais de mim mas eu não conseguia dizer o mesmo, talvez se fosse a duas semanas quando eu ainda não tivesse ficado presa dentro de uma farmácia com o meu ex marido e lá revelamos muitas coisas ao outro e agora ele esta totalmente diferente fazendo meu coração dividir opiniões sobre ele, talvez lá s ele tivesse confessado seus sentimentos eu o corresponderia.
Para pior tudo, Karube insistia demais em querer um “eu te amo” de volta enquanto eu só queria espaço, eu estava confusa, eu não queria alguém me pressionando para namorar e muito menos dar um fora nele pois eu sabia que eu o machucaria.
Ellie...
Comecei a ler e eu estava me tremendo, será que seria agora que eu correria para os braços dele novamente?
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the choice
FanfictionSinto uma dor enorme em meu peito, ergo os olhos e só consigo pensar em uma coisa: - Filha da puta, eu confiei tanto em vc. Eu realmente pensei que nossa relação tinha mudado, como eu fui idiota. Naquele momento me passa um flashback de tudo que vi...