Capítulo 08- Sou especialista em escapar da polícia.

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Olho meu celular, 62 chamadas perdidas do Niragi, ele deve estar surtando. A tela do meu celular liga mais uma vez quando estaciono o carro na frente de casa. Eram exatamente 19:28 da noite. Eu estava na rua fazendo isso a seis horas. Seis horas com muitas perguntas e balas. Sinto meu rosto arder e meu corpo doía, talvez tenha uma marca no meu rosto, algum corte pelo corpo, as juntas dos meus dedos estvam machucadas. Eu estava a seis horas fugindo e lutando contra o tempo, não como e nem bebo a seis horas, não estou calma a seis horas.
Abro a porta da sala e vejo meu marido surtando, ele se vira e quando me vê vem correndo até mim.
- ONDE VOCÊ ESTAVA ELLIE SUGURU? – me abraçou e eu toquei suas costas com delicadeza, ele me soltou e olhou no meu rosto – pq você está machucada? Pq você sumiu?
- Onde estão as meninas? – questiono e percebo que sou uma péssima mãe.
- Na casa da minha mãe – ele diz simples, não deve estar bravo por causa disso – meu amor por favor, me fale onde você estava – encostou nossa testa.
Estendi a ele os documentos, ele pegou e começou a ver eles.
- O que tudo isso significa? – questionou me olhando.
- Eu descobri quem era o loiro, descobri o que tem naquele tumulo, descobri o que Stephanie fez enquanto eu estava de coma – falei simples e ele me olhou chocado.
- Espere aí, me conte tudo, tudo o que você fez, como fez – pediu segurando meu rosto – o que você fez depois que saiu daqui?
Me sentei no sofá e conforme eu falava tudo passava como um filme na minha mente.
FLASHBACK ON
- Vai me dar sim querido – falei apontando a arma na cabeça, ele se tremeu todo. As mãos dele tatearam o balcão e eu sabia que ele estava ligando para a polícia então atirei na parede atras dele, ele pulou de susto – se você estiver ligando para a merda da polícia, eu lamento te informar que sairá daqui morto – disse e ele me olhou chocado – agora vai porra! Quero esses documentos para hoje!
Estiquei o braço e o empurrei para fora do balcão e comecei a guia-lo para a escadaria.
- Eu sei que é no terceiro andar, então vai, sobe a porra da escada! – o empurrei e ele começou a subir, a porta continuava a mesma. As mãos dele tremeram para abrir – ache agora! Ellie ou Stephanie Stocche.
Ele me olhou e eu apontei a arma para ele mais uma vez fazendo ele começar a procurar, fiquei de olho nele e conferi se não havia ninguém no corredor e se as janelas estavam abertas caso eu precisasse fugir.
- Achou animal? – questionei quando ele me estendeu os documentos – tem tudo aqui? – ele confirmou e eu comecei a folhear as folhas, estava tudo certo – agora ouça com atenção máxima amor, se alguém perguntar por mim ou qualquer coisa me envolvendo mint... – ouço barulho da sirene da polícia, rio desacreditada – você não chamou a polícia né – cara tremeu e então eu já tinha o chutado no peito o fazendo cair no chão e atirei em sua testa enquanto ele implorava para que o poupasse.
Olhei pelas janelas e vi a polícia na frente do prédio, é as janelas não me ajudariam em nada. Escutei comandos de revisar o prédio todo, eu estava no terceiro andar e eu sairia pela porta da frente então meu plano era: usar o elevador dos empregados, saio do quarto onde deixei o corpo daquele homem e chamo o elevador, ele demora, começo a bater os pés de nervoso e só quando escuto os passos deles chagando no meu andar o elevador chega, entro e ele fecha quando escuto a primeira porta ser arrombada daquele andar. Saio no térreo e atravesso a rua até meu carro. Antes que os policiais que estão lá fora me parem eu arranco o carro.
Próxima parada: hospital.
FLASHBACK OFF

- Você ficou doida? E se eles te prendem? E suas digitais? Seu rosto? – meu marido questionou.
- Eles não me prenderiam, me chamo Ellie Suguru – olho para ele – sou especialista em escapar da polícia e eu entrei de boné e com luvas.
- Ok... e depois?

FLASHBACK ON

Fui ao hospital que fiquei internada quando estava de coma, era o mesmo hospital que meus pais iam, então se eles tiveram um acidente de carro era aqui que eles, teoricamente, seriam trazidos. Olho para o hospital, eu entraria atirando em todos? Sequestraria alguém? Não... eu preciso de um cartão visita e há uma pessoa na minha frente com um no bolso, ela está indo em direção ao banheiro, corro até essa pessoa e trombo sem querer, sua garrafinha de água cai no chão. Jogo as chaves do meu carro também.
- Ah meu deus... perdão – me abaixo e pego a garrafinha e o cartão em seu bolso – me desculpa – entrego a garrafinha com um sorriso, ainda estou abaixada.
- Ah, sem problemas – a pessoa sorri e entra no banheiro me ignorando. Pego minhas chaves e com o cartão visita passo pela catraca e pelo segurança que supervisionava tudo, sorrio e em segundos estou em algum andar.
Ando pelos corredores e observo o movimento dos médicos, muitos entravam no acesso restrito mas eu não conseguiria nem chegar perto de lá, me encosto na parede e penso, penso, penso e penso. Olho para o corredor ao meu lado e vejo uma mulher sair de uma sala com pastas escritas “registros médicos”, ela para e conversa com outra mulher, ando perto delas na intensão de ir a bendita sala e escuto uma parte da conversa delas.
- Isso... esses são os registros de pacientes que já receberam alta, agora você está certa – ela ri fraco – daqui a pouco você pega o jeito, no meu estágio eu também fiquei perdida assim.
E assim, em segundos eu estou dentro daquela sala. Há um computador e inúmeras gavetas com letras e anos, pesquiso meu nome no computador e logo me sinaliza a gaveta e assim faço com todos. Pego os documentos e saio da sala, na hora passa uma faxineira com um carinho de lixo, sigo ela e logo estou lá fora.
Não tenho tempo para perder, ando correndo, louca para sair dali, estou quase lá fora, saindo pelo mesmo lugar que a faxineira saiu quando o segurança me para.
- Dra.? Pq está saindo por aqui? pode se contaminar – ele diz e eu me viro a ele, estou com roupas nada parecida com uma doutora. Sorrio.
- Ah claro, eu tenho um compromisso agora depois do plantão e decidi me arrumar aqui e como eu estava com medo da minha bota contaminar algo eu preferi aqui, sabe... eu vou com ela para todo lugar – mostro o couro com salto a ele.
- Ah sim, como preferir mas me passe seu número – pediu e porra... eu estou na frente da saída se eu der dois passos estou lá fora e ele me pede número?
- Sério? Estou tão atrasada...
- O número por favor – ele insiste e eu me tremo toda – se a senhora não me passar eu terei que chamar o diretor do hospital.
- Calma, deixe me pegar aqui – falei e me virei mas na hora que voltei o cano da minha arma atinge sua cabeça e ele desmaia, rio e ergo a cabeça.
- SEGURANÇA! PRECISO DE UM MÉDICO AQUI! – um filho da puta, que provavelmente viu a cena toda grita em seu walkie talkie, preciso fugir então atiro em sua coxa e corro.
Caos se forma atras de mim mas já estou acelerando meu carro.
Tenho meu último destino ainda
FLASHBACK OFF

Meu marido, que estava sentado na minha frente, não sabia expressar outra coisa não ser o choque.
- Acabou aí? – perguntou e eu neguei – porra Ellie...

FLASHBACK ON
Entro pelo portão do cemitério e vou até uma salinha que havia ali.
- Boa tarde moça – me assusto e viro vendo um homem – com o que posso ajudar?
- Quero o registro de falecimento de uma família – pedi sorrindo.
- Qual o sobrenome?
- Prado – respondi e ele começou a procurar. Demorou séculos então puxei assunto sobre a movimentação do cemitério – está tão calmo hoje que está sozinho aqui?
- Sim, 15h é uma paz por aqui – ri e abre outra gaveta e tinha o documento e me entrega – aqui está.
Abro e na primeira fora tem:
Ellie Prado
Causa da morte: overdose.
Olho para ele e ele me olha.
- Meus pêsames, ela era muito jovem – ele disse e eu ri.
- Certeza que está sozinho aqui? – disse arrumando minha blusa, ele olhou direto para os meus peitos.
- Absoluta – ele riu e eu apontei o revólver para a cabeça dele – Eita porra!
- Acho bom você saber abrir a merda daquele tumulo, pq eu lamento te informar que a desgraçada da Ellie Prado ta muito bem viva na porra da sua frente! – grito e ele se treme – então começa a abrir aquela porra agora! – ameaço de atirar e ele pega os utensílios necessários e as próximas duas horas eu passo com o revolver apontado para ele que lutava contra o cimento.
Quando ele finalmente abriu, não havia nada, nem um caixão, nem um osso, nada, era um tumulo falso. Havia apenas uma caixa de ferro lá, peguei, abri e vi uma transição bancária milionária e uma assinatura.
- Dê um jeito nesse tumulo quando eu partir, mas antes... – o puxo pela camiseta suada até o escritório – quero as imagens das câmeras, desde a 5 anos atras – ele me olhou com cara de sonsa e eu atiro perto de seu pé o fazendo gritar com o susto.
- Tudo bem, tudo bem- ele diz antes de pegar tudo para mim.
- Apague as de hoje em que eu apareço – mandei e ele obedeceu, obvio que obedeceu, eu estava com uma arma na cabeça dele – muito obrigada e não esqueça, de arrumar aquilo lá, senão eu volto aqui – sorrio enquanto o cara estava em estado de choque.
Entro no carro e olho tudo que tenho. Vivi os últimos 6 anos da mina vida na mentira.
FLASHBACK OFF

- Como você voltou para casa? – Niragi questiona.
- Fiquei uma hora vendo os documentos e voltei de carro normal, tinha muita polícia mas nada que uns tiros nos pneus dos carros delas não ajudasse – falei e ele me abraçou.
- Você deixou um rastro de caos por Tóquio hoje – ele disse – mas o que você descobriu nos documentos.
Respiro fundo e conto tudo. Conto que eu realmente tive uma overdose mas eu também tive uma pancada na cabeça pois no apartamento não foi encontrado drogas nenhuma e meu sangue estava todo sujo com a droga, ou seja, me drogaram depois de me baterem e só ligaram para o hospital para fazer parte do plano ou arrependimento ou até ter passado dos limites. Meus pais não estão naquele tumulo, nunca estiveram pq a data de venda do apartamento deles batem com quando eu estava em coma, não tem mais registro deles aqui, é como se eles fossem apagados do mapa. O meu apartamento com Stephanie foi vendido após eu descobrir a gravidez de Serena e não há dados sobre ela em lugar algum, nada do tipo: telefone e e-mail. Todos esses documentos havia um xerox de uma transição bancária e assinada pela mesma letra, igual a que tinha dentro do tumulo, ou seja, aquilo foi planejado e pago por alguém que tem bastante dinheiro. Consegui as câmeras e lá vi quem era o cara loiro, dei um zoom na placa e rastreei o carro, era alugado no nome de Thomas Saragoça. Saragoça. Era esse o nome da assinatura.
- Quem é Thomas Saragoça? – Niragi questionou, ele estava chocado com as revelações.
- Não sei, mas precisamos descobrir – falei.
- E iremos – ele me beija – os fatos de você estar em coma e em Borderland não batem...
- Sim, não batem – falei – mas acho que isso é o que menos importa – ele me olha chocado – a gente é real, sabemos o que vivemos e estamos bem, o que não está é o fato de que eu passei 6 anos da minha vida acreditando que eu era órfã.
- Concordo, meu amor – ele diz e me abraça forte – vamos tomar um banho e cuidar dos seus ferimentos, você precisa comer algo.
Tomo banho, me alimento e só quando Niragi acabou de cuidar dos meus machucados é que ele abraça meu corpo coberto com uma roupa intima e uma camiseta dele e diz:
- Eu poderia ter perdido você... eu amo sua independência mas por favor quando fizer isso e a polícia estiver atrás de você, me chame – ele começa a beijar meu rosto – te amo tanto.
- Também te amo e eu estou aqui agora, eu não vou mais fazer uma busca insana por documentos desacompanhada de agora em diante – digo e ele beija meus lábios, com saudade e desejo.
Retribuo e o deixo passear as mãos pelas minhas curvas. O deixo me beijar e me satisfazer naquela noite, fazendo com que, por um momento, eu me esqueça de tudo e só me importe com o fato que a gente é real, nós acontecemos e nós amamos.

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