04 - Não conta para ninguém tá?

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ELLIE ON
Passo a tarde toda no escritório, eu não tinha tanta coisa para fazer, era só organizar umas coisas, mas as imagens de mais cedo do Niragi só de toalha e a parte da geleia foi o motivo que me fez desviar do foco o tempo todo. Era normal eu me pegar pensando nele e em algo a mais. Eu quero ele, esse desejo em mim queimava e eu nunca senti isso por ninguém, já senti, mas não como agora. Me segurar para não deixar meus desejos por ele me levar quando estamos próximos era tão difícil, mas eu precisava manter a pose de durona ou fazer ele se desculpar.
Paro de pensar nele e arrumo a bagunça que estava em minha mesa até escutar uma batida na porta.
- Só um momento - falo e me apresso na organização, mas o pedido é ignorado quando o mesmo homem do dia que conheci Niragi entrou - eu pedi para esperar.
- Cala a boca - grita.
- Oi? Gritando comigo? - sai de trás da mesa e encaro ele - eu mandei você sair
- Me dá o que eu quero e tudo vai ficar bem - ele diz passando a mão nas costas tentando pegar alguma coisa.
- Não vou transar com você seu nojento - falo enfurecida - pela a última vez saia desse escritório ou ...
- Ou que? - tira uma arma e minha na minha cabeça e tento gritar mas ele tampa minha boca - vai gritar? Para quem? Não tem ninguém lá fora gatinha - ele fala rindo.
- Você não sabe com quem está se metendo - fecho os olhos aí sentir o metal frio na minha testa.
- Me dá as cartas - ele exige.
- Não está comigo - falo me encolhendo mas pensando no próximo passo.
- Vamos, ou me dá a cartas ou eu estouro sua cabeça agora... Qual você prefere? - ele segura firme o revólver e me faz ir para o fim do local.
Abro um pouco os olhos para me localizar, e tento sair correndo em direção a porta nas ele me puxa pelo braço quando estou indo colocar a mão na maçaneta. Ele me puxa e me joga no chão.
- Porra gata, você não facilita - ele diz me levantando e me jogando no sofá ao lado. - fala de uma vez garota!
- Já disse que não está comigo as cart... - ele me dá um soco no rosto - filho da puta - ainda atordoada pelo soco ele me levanta agora me jogando na parede.
Ele me deixa de costas para ele e segura meus braços.
- Se não vai por bem, vai por mau querida - ele começa a mexer nas minhas roupas com a mão esquerda pois a direita segurava meus pulsos para trás. Junto toda a força que restava e grito - cala a boca garota! - grita de novo.
Em menos de segundos vejo a porta de abrir e Niragi entrar e mais rápido ainda vejo o homem desmaiado no chão, caio pela parede até o chão. Niragi coloca a metralhadora de lado e vem perto de mim, se agachando para ficar perto.
- Meu Deus Ellie - ele passa a mão na minha maçã do rosto onde estava vermelho por causa do soco - ele fez algo com você além do soco?
Nego com a cabeça e tento me levantar, ele entende e me ajuda dando as mãos. Olho meu rosto e vejo que o estrago não era grande, estava avermelhado o local.
- Prenda ele e tenta descobrir algo a mais - falo olhando para Niragi que levantava o homem desacordado - ele queria as cartas. - ele sai com o homem.
Saio do escritório com o objetivo de falar com meu pai, mas ao chegar na porta do quarto dele vejo que está fechada. Bato uma vez e o único barulho que volta é de sons de beijos. Porra.
Abro a porta com tudo fazendo meu pai e as garotas se assustarem e para com aquilo. Meu pai por sua vez guarda o que tem que guardar e me olha com cara de quem tinha sido atrapalhado. As garotas ainda me olhavam.
Entro no quarto fazendo elas saírem de lá correndo e me sento no sofá na frente dele.
- Desculpa atrapalhar Chapeleiro mas algo está saindo de controle dessa Praia - falo apontando meu machucado no rosto, ele sabe que quando não chamo ele de pai é pq eu estou brava.
- O que aconteceu? - ele pergunta vendo a situação.
- Um louco entrou no meu escritório querendo as cartas
- Isso não pode ficar assim - ele diz indignado, mas com um tom falso - vamos conversar com a milícia.
Em alguns minutos toda a milicia está lá e eu conto a história toda, mas não conto a parte que ele tentou me abusar.
- Onde aquele homem está? - pergunta Aguni
- Preso no porão - Niragi responde. Meu pai se aproxima dele.
- Obrigado por estar lá Niragi - coloca a mão no ombro dele - não consigo imaginar o que teria acontecido se você não aparecesse lá.
- É isso galera, fiquem atentos sobre qualquer papo sobre a carta e prestem atenção na segurança dos membros executivos e na de vocês também, podem sair - Aguni fala fazendo todos sair, eu já sabia que a conversa iria continuar cm ele e meu pai apenas pelo olhar.
- Deixa o Niragi - peço a ele.
- Niragi fica - Chapeleiro diz o fazendo voltar.
A porta é fechada, Aguni e meu pai se sentam em um sofá e eu e Niragi em outro.
- Algum suspeito? - pergunta meu pai.
- Chishiya - Niragi fala e Aguni concorda.
- Pq? - eu e meu pai questionamos ao mesmo tempo.
- Ele estava no corredor quando o cara estava lá dentro - Niragi responde.
- Ele também é bem estranho, nunca dá para saber qual é a real intenção dele - Aguni completa
- Ele é uns dos membros executivos, pq ele faria isso? - Chapeleiro retruca a Aguni.
- Pq justamente ninguém sabe a intenção dele - Aguni diz novamente.
- O que te leva a desconfiar dele? - meu pai retruca enquanto eu e Niragi nos entreolhamos, eu estava um bagaço, cansada psicologicamente e fisicamente, o moreno ao meu lado me olhava com certa preocupação.
- Antes disso já aconteceu algo parecido, você nunca sabe escolher quem fica ao seu lado.
Meu pai e Aguni levanta se encarando num tom de briga.
- Isso são águas passadas
- É tão passada que olha para a Ellie, teria morrido se o Niragi não aparecesse.
Os dois se olham com sangue nos olhos.
- Ela é a minha filha e eu cuido dela
- Cuida tanto que deixou um homem entrar e ameaçar ela com uma arma, nossa que proteção.
O clima fica tenso.
- Vocês não vão brigar por isso né? - pergunto - o Niragi já está com ele preso no porão, vamos investigar primeiro - os dois se sentam.
- Você precisa de um segurança - meu pai sugere.
- Não, não preciso - me levanto - amanhã decidimos alguma coisa sobre isso, vou ir descansar.
Subo para meu quarto e encho a banheira com água quente e separo uma roupa para dormir e entro na água, jogando toda a roupa que estava no chão. Fecho os olhos e penso no dia de hoje e deixo o tempo passar até escutar uma batida na porta e permito a pessoa entrar.
- Ellie?
- No banheiro, pode vir Niragi - ele chega olha a cena toda - o que foi?
- Eu vim ver se você estava bem - ele diz agachando no nível da banheira e analisando meu rosto.
- Tô bem, obrigada. - o silêncio toma o lugar até eu decidir sair da banheira.
Levanto e pego a toalha e me secando. Me seco e coloco a roupa que separei: uma calcinha confortável e uma blusa masculina alguns tamanhos maiores que eu e vou me deitar na cama.
Niragi tenta processar todo aquilo.
- Se quisesse que eu saísse era só pedir - ele diz um pouco envergonhado
- Sobre eu me secar na sua frente? - pergunto e ele concorda com a cabeça - Ah, eu realmente não liguei - me arrumo em uma posição confortável na cama agarrada com o travesseiro, Niragi se senta ao lado e me observa.
- Já que você está bem, vou ir embora - ele se levanta - qualquer coisa é só me cham... - seguro a não dele, fazendo prestar atenção em mim.
- Niragi, obrigado por hoje, de verdade... e por favor aquela parte que o homem tentou me abusar, não conta para ninguém tá?
- Pode deixar - ele fala calmo e vira para partir.
- Eu... - ele para e vira para mim - eu confio em você - ele sorri de canto e vem até mim e me dá um beijo na minha testa e depois sai do quarto.
Adormeço rapidamente.

Acordo e vejo a luz solar penetrar no meu quarto, abro os olhos e volto a fechá-los desejando não estar viva.
As cenas de ontem passam como um flashback, o homem gritando comigo, ele aprontando uma arma para mim, o metal gelado dela na minha testa, as palavras dele, o jeito que ele me jogou na parede e depois se aproximou, tudo isso rodava na minha cabeça e principalmente a parte em que ele começou a alisar meu corpo procurando meios de tirar minha roupa, seu volume aumentando enquanto eu estava desesperada querendo sair dali. É, eu queria morrer.
Eu não sei quem estava no corredor e não sei quem já sabia daquilo, ser líder da milícia me deixava mais nervosa em relação dos outros saberem. Eu não sou uma mulher que se curva, aceita o que tem e que é indefesa, mas naquela hora eu não tive reação, foi tudo tão rápido. Eu preciso treinar mais isso, luta, mira e qualquer coisa para eu sobreviver.
Parece que antes era tão fácil minha vida aqui na Praia, era muito raro uma situação igual a essa ou algum homem me assediando. Não sei a partir de qual momento eu comecei a ser odiada por algumas pessoas daqui, mas eu sei que se o mal não for cortado pela raiz só vai piorar.
Sabe qual era a pior parte? É que meu pai parecia não se importar, não precisando da proteção dele, mas se ele que era o líder da Praia não estava ligando para aquilo e tomando uma atitude, os praianos não iriam se importar. Ele dizia me amar, mas ontem eu não vi tanta preocupação.
Relutante me levanto e coloco uma roupa e desço para tomar o café da manhã.
Ao chegar ao local vejo todos os membros executivos e a milícia, todos sentados a mesa e degustando as mil opções que havia ali. Eles me olham ao me sentar à mesa no único lugar vago ao lado do meu pai. Pq eu sinto que todos eles sabem e estão me olhando com dó?
- Bom dia para você também filha - meu pai fala colocando uma uva na boca.
- Bom dia - falo de boca cheia de um pedaço de bolo.
Meu pai fica longos 10 minutos falando sobre procurar locais de jogos para hoje e blá blá blá. Aparentemente ele dá uma missão para cara um que está ali.
- Vamos ao trabalho pessoal - ele diz e todos se levantam da mesa - hey - ele estala os dedos na altura do meu rosto me fazendo sair do meu mar de pensamentos.
Ele se levanta e sai. Não sei se ele passou alguma coisa para fazer, mas eu só queria arrumar meu escritório já que desde ontem ele foi trancado e eu não faço a mínima ideia com quem estava a chave.
Vejo Niragi saindo e me levanto apressada da cadeira e tento o alcançar. Ao chegar perto pego ele pelo tecido da camisa que estava no seu pulso, ele se vira para mim e eu dou um sorriso.
Ele olha ao redor e vê que todos saíram do local, restando apenas a gente.
- Fale - ele diz num tom meigo olhando para meus olhos. Eu ainda não tinha soltado o tecido da camisa dele.
- Você sabe onde está a chave do meu escritório? - enquanto eu falava ele aproxima nossos dedos, fazendo eles se tocarem.
- Está comigo - ele coloca a mão no bolso procurando a mesma e estende para mim, nossos dedos continuam em contato.
- Obrigada - pego a chave e continuo olhando para ele.
- Está com medo de ir lá? - ele pergunta.
- Sim - rio fraco - eu queria arrumar lá.
- Quer que eu vá junto? - pergunta tímido quebrando nosso contato visual.
- Se você não tiver nada para fazer - digo mais tímida ainda.
- Estou livre hoje, mas antes preciso buscar uma coisinha - fala rindo.
- O que?
- Não está faltando nada em mim? - fala afastando o corpo me fazendo o analisar.
- Aah - rio - como que você está sem ela? Pensei que ela fazia parte do seu corpo já - rimos.
Descemos pegar a sua metralhadora e depois subimos para o escritório. No caminho muitos olhavam nós juntos e comentava com quem estava do lado. Eu e ele víamos aquilo e riamos.
Ao chegar na porta ele me estende a chave.
- Abre você, por favor - falo
- Você fez uma carinha de cachorro sem dono agora - ele ri e abre a porta.
Entro e vejo aquela bagunça, papéis para todo lado, móveis fora do lugar, sangue...
- É tenho coisa para fazer - falo indo em direção a mesa e começo a arrumar os papéis. Niragi chega ao meu lado.
- O que eu posso fazer para ajudar? - pergunta.
- Nada - respondo e pego ele pelas mãos e levo ele até o sofá fazendo o sentar.
- Sério isso? - questiona após se sentar no sofá e deixar a metralhadora de lado.
- Sim - faço uma pausa e olho para ele sentado no sofá de forma confortável e pernas abertas, que visão. Trouxe meus pensamentos de organizar o escritório de volta e afastei os pensamentos sexuais com ele. Olho ao redor e vendo o sangue - sua única missão é limpar o sangue - rio
Ele olha para o sangue e ri lembrando do que fez no homem ontem.
- Por enquanto, sua missão é colocar música boa - rimos e eu volto ao meu trabalho.

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