Capítulo 24- Estarei aqui quando perceber.

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As últimas duas semanas tinham sido mágicas, eu estava tão feliz com Niragi e vivendo os melhores momentos da minha vida com ele. As alucinações não pararam, elas ficaram menos frequentes, uma por dia, às vezes eu dava sorte e não tinha nenhuma ou as vezes eu tinha três. Dependia do dia. Era obvio que Niragi teve que saber o que acontecia comigo, ele me ajudava sempre que eu alucinava perto dele, ele não entendia o pq de mim estar alucinando pq nunca contei o que aconteceu comigo mas ele tinha paciência.
Eu choro muito depois de uma alucinação, é quase certeza que depois de um dia que eu não alucine eu tenha um pesadelo e acorde chamando o Niragi, o meu Niragi, pai das minhas filhas. É nesse momento que Niragi fica inquieto de tanta curiosidade mas eu não conto pq tenho medo dele ir embora, me achar louca. Ele sempre respeitou e disse que ouviria minha história quando eu estivesse pronta mas essa era a questão, eu não consegui olhar para ele e contar, um medo absurdo me tomava.
Eu pretendia contar ou pedir para a Dra. Burpem contar a ele conforme fosse o resultado do meu exame. Eu não tinha expectativas positivas para os resultados, uma vez que depois de dois dias que conversei com a Dra. Burpem eu comecei a sentir muita dor de cabeça e vomitar durante as crises de enxaquecas, elas quase sempre vinham antes de uma alucinação. Era como um aviso, eu começava a sentir dor de cabeça, vomitava e assim que eu relaxasse eu alucinava. Toda essa situação me deixava péssima.
Quando isso acontecia eu tomava calmantes ou algo que me fizesse dormir para tentar amenizar mas a questão era que eu não podia dormir o tempo todo pq eu trabalhava e  estudava, pq convenhamos: era bem melhor superar um pesadelo do que uma alucinação. O engraçado é que a frequência que eu ficava mal com isso era de dia de semana, aos fins de semana eu quase não alucinava, eu tinha pesadelos mas eu ficava bem. Era como se minha mente relaxasse ao fim semana pq eu passava com Niragi o tempo todo.
Eu nunca tinha ficado tanto tempo colada com Niragi como eu estava nessas duas semanas, íamos a todos os lugares juntos, fazíamos compras, íamos para o shopping, ele me levava para jantar frequentemente ou simplesmente fazíamos alguma comida que queríamos e ficávamos a noite deitados e assistindo, eu amava passar as noites abraçada no corpo dele. Fomos a baladas, dançávamos a noite toda com o corpo colado um no outro e nos divertíamos. Fomos ao cinema e Niragi no fundo era um romântico, comprava pipoca e doces e me dava na boca de vez em quando mas sem puxava minha boca para ele e entrelaçava nossos dedos. Dividimos nossas vidas nesse tempo e foi uma experiencia incrível.

FLASHBACK OK
Hoje é uma terça feira chuvosa, são 18:47 e eu estou saindo do banho. Encaro o ser que está deitado de cueca box na minha cama, sorrio e me inclino nele. As mãos dele não rápidas em me colocar no colo dele e trazer minha cabeça no peito dele. Hoje é aniversario de Nioji, o irmão dele o qual eu não suportava e teria um jantar na casa dele apenas eu, Niragi, Nishi, Nioji e os pais deles. Eles vieram para o Japão só para isso e hoje era o último dia deles aqui, nunca vi eles e hoje seria a primeira vez, eu estava nervosa.
- Você está bem? – ele questionou e eu congelei antes de subir meu tronco e o olhar. Meu olhar se abaixou quando ele me olhou preocupado.
Estávamos tomando banho e tudo estava indo bem, toques bobos, risadas, ele lavando meu cabelo quando eu comecei a alucinar no ali mesmo, fiquei o dia todo bem e aquilo aconteceu. Senti uma dor de cabeça enorme, não tive nem tempo de avisar para ele o que eu estava sentindo, assim que abaixei a cabeça e fechei os olhos tudo veio de uma vez só. O chuveiro virou um oceano frio e assustador, eu estava me afogando. Niragi viu que eu estava mal e me agarrou quando comecei a gritar e me debater. Ele pedia pra mim me acalmar e abrir os olhos mas algo me impedia, então ele apenas me segurou fora da água do chuveiro até eu parar de gritar, até minha mente voltar ao normal e a tremedeira passou. Ele me soltou devagar, assim que abri os olhos me virei rapidamente e vomitei ali mesmo, só conseguia ver a água do chuveiro levanto aquela substância embora. Eu odiava passar por isso e Niragi ver.
Obvio que ele me acalmou dizendo que não havia problemas mas assim que pedi para ele me deixar sozinha um pouco ali ele fez, tomou um banho rápido e saiu. Fiquei ali com a água escorrendo nas minhas costas por um bom tempo até eu começar a lavar o box por causa do vomito. Depois tomei meu banho, escovei os dentes e sai.
- Estou sim – digo sorrindo fraco – só estou morrendo de vergonha.
Ele segurou meu rosto e seu polegar acariciou minha bochecha.
- Eu não me importo que tenha vomitado no banho, eu me importo em como você está – ele me olha com ternura – tem certeza de que quer ir? Eu ligo dizendo que você está mal e ficamos aqui hoje – ele completa e eu me sinto fraca por não ser a mulher que consegue ir a todos os lugares sem surtar. Eu me odiava.
- Não, quero ir pq é importante para você – digo e me levanto. Pego as seis capsulas de remédios diferentes e engulo com a água que havia num copo no quarto, Niragi me olha preocupado. Ele vem até mim e me olha enquanto uma mão dele está no meu rosto e outra na minha cintura.
- Te amo tanto, você não faz ideia – ele beija minha testa e descansa os lábios ali, fecho os olhos com isso – ver você desse jeito me destrói, quero tanto que tudo isso acabe e você fique bem.
- É o que eu mais quero também – digo e o olho. Ele sorri e me beija de forma lenta, me desfaço nos lábios dele até o beijo terminar com ele colocando o rosto na curva do meu pescoço – vamos nos arrumar?
- Vamos – ele diz e bate na minha bunda, como de costume e eu rio.
- Tapa motivacional? – ambos rimos.
- A noite eu te mostro do que esse tapa motivacional é capaz de fazer – ele diz e olho para ele sorrindo.
Coloco uma blusa de tricô cor creme, sem decote, de manga longa. Eu dobro a barra da blusa para ficar tipo um cropped e coloco uma saia preta de couro curta com uma abertura pequena em formato de triangulo invertido na coxa. Calço um coturno preto de salto plataforma que ia até acima do meu tornozelo. Niragi estava todo de preto como sempre com um jeans, camiseta e coturno. Era a marca registrada dele e eu amava.
Quando chegamos a casa deles eu já estava pronta para surtar quando visse meus sogros ali mas foi totalmente diferente, eles eram diferentes em questão de aparência física e como eles eram em questão de caráter, não era pessoas ruins muito pelo contrário mas eu tinha me esquecido que meus antigos sogros me tratavam como filha e esse já não. Aliás, ele se chamava Hideki e ela Akemi. Foi um jantar agradável, Nioji me olhava o tempo todo e isso estava me deixando irritada até um certo ponto mas eu podia entender ele, acho que ver eu e Niragi juntos não era algo agradável. Quando estávamos indo embora, nos despedimos de todos e quando abracei Nioji para ir embora ele disse:
- Estarei aqui quando você perceber que Niragi não é o cara certo, quando perceber que escolheu o irmão errado – ele disse me abraçando e eu travei, Niragi olhou para mim na mesma hora, ele não havia escutado mas sabia que algo estava errado. Me soltei de Nioji e sorri fraco e fui para o carro. Olhei para Niragi que olhou para o irmão por segundos, ele estava com os punhos fechados, ambos olhando mortalmente para o outro.
- O que ele disse? – ele perguntou quando ele entrou no carro e acelerou, ele estava bravo.
- Se acalme que eu falo – pedi e ele me olhou bravo depois olhou para a rua e dirigiu. Quando ele estava mais calmo eu disse o que Nioji disse e ele quase surtou em silencio até chegarmos em casa – Niragi – o chamei, eu já tinha tomado banho e estava deitada enquanto ele estava sentado olhando pela janela apenas de jeans preto. Ele me olhou - não me arrependo da minha escolha, é você quem eu quero – eu digo e vou até ele.
Abraço a cintura dele e deito minha cabeça no peito dele.
- Estou com ciúmes – ele “revela” e eu me seguro para não soltar um “jura? nem percebi” – acho que é meio obvio...
Niragi ergue meu rosto e ataca meus lábios enquanto as mãos dele passeiam pelo meu corpo até ele tirar minha camiseta, na verdade a camiseta era dele mas eu peguei para dormir. Sorrio com o ato e o puxo até a cama.
- Você quer? – ele pergunta segurando minha cintura.
- Não precisa nem perguntar, Niragi – digo e ele ri antes de começar a beijar meu corpo todo, ele sobe em mim e me possui. Sorrio feliz, sexo com ciúmes eram os melhores por aqui.
FLASHBACK OFF

FLASHBACK ON
Acordo com um barulho do celular de Niragi tocando, sinto ele se mexer e depois o barulho para e a voz rouca dele toma o local. Abro os olhos para ele que está sentado com o celular no ouvido, alguém fala desesperado, fico apavorada e olho no relógio as horas. 02:26. Niragi desliga e me olha.
- Preciso ir em uma empresa resolver uma problema, uma mas programações que fiz está com erro e a produção da fábrica parou total, se eles ficarem até amanhã cedo parado eles terão muito prejuízo – ele diz e toca meu rosto – quer ir? Acho que vai demorar uns 40 minutos.
- Eu posso ir? – pergunto e ele concorda – então eu vou.
Ele sorri e nos vestimos correndo. Basicamente colocamos jeans, camiseta e um tênis.
- Coloque isso – Niragi diz passando um crachá pelo meu pescoço, ele tinha um no dele também. Sorrio e olho que está escrito.
Auxiliar. Rio.
Nossas mãos se entrelaçam e entramos na empresa, era uma fabricadora de peças para carros de luxo. Vamos passamos por várias portas até chegar em uma que só tinha fios e telas aparecendo informações.
- Salvador da pátria – um senhor baixinho diz quando Niragi entra e eu me seguro para não rir, ele estava desesperado.
- Senta aqui – Niragi diz para mim apontando uma cadeira e eu faço, ele me estende a bolsa dele e eu seguro. O senhor me olha e eu sorrio.
Niragi se senta na frente do computador e seus dedos começam a trabalhar em um ritmo impressionantes, fios e mais fios são conectados e desconectados. Ele checa dados em uma folha e na tela do computador.
- Você é nova no turno de socorros de madrugada ou que? – o senhor pergunta e Niragi olha rápido para ele – eu atrapalhei alguma coisa de você, Niragi?
- Sim, meu sono com a minha namorada – ele diz e o senhor ergue as sobrancelhas.
- Cadê a namor...
- Ela é a minha namorada Kenzo! – Niragi diz meio bravo e o senhor fica chocado – eu trouxe ela com o crachá de auxiliar, não tem problema dela vim e se tiver você vai fazer de tudo para não ter pq senão eu deixo essas máquinas paradas até amanhã ao meio-dia – ele ameaça e Kenzo começa a suar.
- Misericórdia Niragi, ela pode até morar aqui mas pelo amor de Deus não deixa minha empresa parada – ele diz desesperada e Niragi ri – vou falir se ficarem paradas.
Eu rio daquilo e Niragi volta a trabalhar.
- Peço perdão Srta. – Kenzo diz a mim.
- Está tudo bem – sorrio a ele.
Depois de algum tempo saímos daquela sala e fomos para um lugar de vidro que era possível ver a fábrica toda, máquinas e mais máquinas. Kenzo aperta um botão e a fabrica volta a vida, produzindo a todo vapor. Sorrio com aquilo e olho para cima encontrando Niragi me olhando. Ele pega minha mão e começamos a sair dali, Kenzo nos segue e agradece sem parar até chegarmos ao carro.
- Deposita 20 mil na minha conta por ter me tirado da minha cama em plena duas horas da manhã e ter desrespeitado minha namorada que tudo fica certo – Niragi diz rindo e Kenzo concorda. Ele entra no carro e partimos.
- Você conhece ele a muito tempo? – pergunto.
- A 3 anos, ele me chama para ir à casa dele as vezes – ele me olha – sou meio íntimo dos caras que tem bastante dinheiro pq a qualquer momento ele pode foder a máquina dele mudando uma misera letra naquele computador e me jogar na merda, então eu sendo amigo deles eu pego uns pontos fracos e ataco lá quando a coisa fica feia.
- Nossa – pisco várias vezes e ele ri – suas mãos... eu entendi pq você é tão habilidoso com elas quando estão no meu corpo.
Ele me encara, surpreso e feliz. Estou envergonhada.
- Obrigado por reconhecer meu talento com os dedos – ele diz e ambos rimos.
FLASHBACK OFF

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