Capítulo 01- Isso é um sinal.

239 17 9
                                    

E lá vamos nós novamente, o barulho de gritos e choros explodem nos meus ouvidos fazendo eu revirar os olhos de cansada.
- Espere um momento meu anjo, já te ajudo a acabar a tarefa – digo para Serena e ela sorri.
Desço as escadas correndo e encontro Alice e Alicia brigando pelo controle da TV. Eles já estavam com três anos enquanto Serena com quase sete anos. As três eram as copias femininas de Niragi mas as gêmeas eram mais parecidas ainda, com Serena eu podia dizer que o nariz e alguns traços no rosto eram meus mas elas não, cada centímetro sendo absurdamente igual ao do pai. Olho o relógio. 18:46. Cadê o pai dessas crianças?
- É meu! – Alicia gritou brava.
- Não! Eu quero assistir aquele desenho! – falou chorando e acertou um tapa no braço da irmã.
- EI! – grito quando chego ao fim da escada e elas assustam fazendo o choro e a briga acabar – pq estão brigando?
As duas começam a brigar de novo enquanto uma explicava e a outra ficava brava acusando que era mentira, uma ciclo infinito. Passo a mão pelo rosto totalmente cansada, meu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e eu precisava lavar ele urgentemente. A blusa que eu estava vestido, havia molho de macarrão em vários pontos por causa do jantar das crianças, provavelmente eu estava fedendo, até pq hoje a TPM estava me espancando e tinha um monte de coisa para fazer em casa, eu não estava no clima de sair de casa então pedi para Niragi fazer por mim, inverter os papeis. Normalmente era ele quem cuidava de grande parte da casa e eu resolvia as coisas da rua, pagar contas, mercado, escola, cursos das meninas, aulas extras e tudo mais mas hoje eu estava acabada então pedi para ele fazer tudo e eu cuidei da casa enquanto as gêmeas iam para a escola e fiquei com Serena.
Serena era um anjo, muito calma e gentil. Enquanto as irmãs era furacões em formato de criança. E a tarde eu levei Serena para a escola enquanto eu cuidava das gêmeas. Terminar de lavar roupa e cuidar delas me matou, elas brigaram demais hoje e eu não conseguia nem piscar os olhos que era uma briga nova. Quando Niragi me ligou de tarde falando que iria resolver algumas coisas da máfia do pai, eu pedi a ele para ir ao mercado e ele soube pela minha voz o quão cansada eu estava. Busquei Serena na escola e enquanto ela tomava banho eu alimentei as gêmeas e visivelmente tomei um banho de molho mas mesmo assim eu mantive a calma e as coloquei para assistir enquanto fui ajudar Serena na tarefa mas obvio que eu não iria terminar pq elas estão brigando na minha frente.
Ergui os olhos e vi as duas chorando e gritando uma com a outra. Eu amava ser mãe, mas aquilo me cansava, elas não paravam de brigar nunca? Quando peguei ar para acabar com aquilo a porta se abriu fazendo todas olharem para o ser masculino que entrou com várias sacolas.
- Pq vocês estão brigando? Já não falamos que não queremos vocês brigando? – ele disse colocando as sacolas no chão e logo as duas foram correndo para ele. Niragi as abraçou enquanto as duas tentavam explicar a briga, mas agora calmas – então não briguem, apenas conversem sobre o que querem assistir – ele disse calmo e as duas sorriram e voltarem correndo para sofá assistindo, quietas e na amizade.
Ri pq parecia que ele tinha enfeitiçado elas enquanto o mesmo colocava as sacolas na mesa e depois veio até mim. Ele sorriu com os olhos brilhando e eu dei o meu melhor sorriso mas ele percebeu que eu não estava parando em pé.
- Cansada? – questionou quando separou nossos lábios de um selinho demorado.
- Sim – sorri – mas ainda não acabou a missão – ri.
- Que tal você acabar sua missão enquanto eu guardo as compras e brinco as gêmeas? – sugeriu e eu concordei. O beijei mais uma vez e fui até Serena.
Abri a porta do quarto dela e a vi arrumar o estojo. Ela me viu e sorriu.
- Oi mamãe, eu já fiz, você pode ver se eu fiz certo?
Sorriu e quase chorei de tão simpática e fofa que ela é.
- Claro, meu amor – fui até ela e vi a última folha que faltava e estava tudo certo – você fez certinho filha – a abracei e sorri, ela me olhou e acariciou meu rosto.
-Vai dar banho nas gêmeas? – questionou.
- Sim, quer me ajudar? – ela concordou feliz e descemos até a sala onde vimos elas correndo e Niragi pedindo para ir devagar.
- Quem não colocar a mão aqui vai ficar fedida e vai dormir lá fora!!! – Serena disse e logo as duas deram as mãos para a irmã mais velha e foram em direção ao banheiro. Eu ri e fui atrás delas.
Depois de mais ou menos uma hora, depois de dar banho nas meninas e as colocar para dormir eu tomei meu banho e me deitei na cama, o ar-condicionado ligado e a Tv passando minha serie favorita. Eu escutava Niragi lavando louça lá embaixo enquanto meu olhos começaram a ficar pesados e logo eu estava quase dormindo.
Acordei com um braço me apertando a cintura e um rosto no meu pescoço. Abri os olhos devagar e vi Niragi me beijando, ele cheirava a banho.
- Desculpa te acordar, estava te dando um boa noite – disse me olhando e eu sorri pequeno antes de empurrar seu peitoral para a cama e me deitar ali.
- Te amo – beijei seu pescoço e a mão dele subiu nas minhas costas, acariciando ali.
- Eu te amo mais – beijou o topo da minha cabeça – descanse, meu amor.
Sorri e me ajeitei ali e dormir até o dia seguinte.

- MAMÃE!  - a voz infantil de Alice chega até meus ouvidos.
- PIPOCA!! – agora a voz da gêmea de Alicia.
- O FILME VAI COMEÇAR!! – uma voz grossa e desesperada.
- MENTIRA, NÃO VAI COMEÇAR! É SÓ O PAPAI COM SAUDADE! – a voz da minha primogênita combinada com uma risada.
Rio e acabo de temperar as três bacias de pipoca e ajeito nas minhas mãos para subir as escadas até o meu quarto.
- MAMÃEEEEEEEEEE! – agora as vozes da três meninas estavam juntas, mas eu continuei quieta até chegar na porta do quarto e os quatro me olharem felizes. Entreguei uma bacia para as gêmeas, uma para Serena e uma para Niragi.
- Viu, pelo que eu me lembre, todas aqui não nasceram de dois meses então eu não estou entendendo a pressa – falei rindo e me sentei ao lado de Niragi. Logo o filme infantil começou e as três estavam super vidradas na tv, apenas sabiam comer pipoca e olhar para o filme.
- Elas são lindas – Niragi disse baixinho e eu ri – puxou o pai né – se gabou e eu enfiei umas pipocas na boca dele.
- O dia que eu fui ao banco com as gêmeas, uma senhorinha perguntou se eu era a babá delas – falei e ele riu, ver ele rindo com a cabeça inclinada para trás era a coisa mais linda, ainda mais pq ele estava sem camiseta e seu pescoço todo tatuado estava a mostra – se você não parar de rir, vou começar a me sentir ofendida.
Ele tentou segurar o riso mas voltou me fazendo jogar pipoca nele, ele se assustou e eu ri.
- Calma gata – pediu segurando minha mão e me puxou para um beijo.
- Palhaço! – fiz drama e me encolhi fazendo ele me abraçar.
- Tudo bem as crianças serem tão lindas como o pai delas mas ainda assim você é gata para krl – ele disse me beijando.
- A questão não é essa – falei o olhando e rindo.
- A questão é elas não serem parecidas com você? – riu.
- Exatamente – respondi e ele riu.
- Vamos fazer outro baby até sair um parecido com você – disse simples.
- Deus me livre – falei e o empurrei fazendo sair de cima de mim. Olhei para ele que estava chocado – o que foi?
- Assim você me ofende – disse e eu ri.
- Quantos filhos você quer ter comigo ainda? – falei depois que o beijei fazendo acabar com aquele drama.
- O número de filhos não importa, o que importa é ter você para sempre do meu lado – falou me olhando e eu sorri feliz – te amo muito, Sra. Suguru.
- Eu também me amo – falei e ele me fez cócegas até eu dizer que o amava.
- MÃE! PAI! – Serena gritou e nós sabíamos que estávamos atrapalhando o filme.
- Desculpa, meu amor – Niragi disse e ela o ignorou – a gente cuida de um filho com tanto amor para ele te ignorar – falou se sentando e pegando o balde de pipoca.
- Isso é sinal de que você está ficando velho – disse com naturalidade e ele me olhou.
- VELHO? – ele estava chocado – eu to velho? Meu rosto tem marcas da idade?
Eu gargalhei.
- Ellie pelo amor de Deus, eu to velho?
- Não Niragi – revirei os olhos – mas a gente já está com quase 30 anos – falei e ele ficou quieto.
- Isso quer dizer que eu estou conservado?
- Tipo vinho, meu amor – falei e ele me olhou safado mas eu o fiz voltar a comer e ver o filme.
Olhei para ele enquanto o mesmo assistia e sorri ao lembrar de quando nos conhecemos, novos, imprudentes e loucos por tudo aquilo que desejávamos. O momento em que nos conhecemos e a pressão que existia contra a gente, me lembro da forma como eu o odiava e como viramos amigos super-rápido, as nossas brincadeiras que nos fez se apaixonar, lembro de como era a eletricidade do nosso toque antes do primeiro beijo e depois a forma como nos enterramos toda noite no corpo um do outro, loucos de amor e desejo. Lembro do nosso primeiro ano como pais e o quão amadurecemos com a Serena e tudo que aconteceu nos próximos anos. Me lembro da minha última gestação e como eu me senti amada por ele e Serena. O fato irrefutável era que ele continuava lindo e jovem, sua aparência mudou muito, principalmente pelas tatuagens que cada vez tinha mais, porém ele sempre manteve a base a mesma, cabelos longos e piercings. Acho que o fato dele ser novo, cheio de tatuagens e piercings, engraçado e trabalhar na máfia fazia o povo desacreditar que ele possuía família e que defende a mesma com unhas e dentes. Quando percebi, eu estava acariciando o rosto dele, ele sorriu para mim.
- Já deu a notícia a elas? – questionou e eu neguei.
- Vou contar depois do filme – disse encostando minha cabeça no peito dele.
Quando o filme acabou, Niragi fez todas elas escovarem os dentes e sentarem na nossa cama.
- Ok, prestem atenção aqui um minutinho – disse e elas me olharam, os olhos marrons brilhando – a mamãe e o papai vamos ter que viajar por causa do trabalho durante uns dois ou três dias...
- A gente vai junto?  - Serena questionou e eu a olhei triste.
- Não filha, vocês vão ficar na casa da vovó nesse tempo – falei e pensei que elas iriam chorar mas as gêmeas começaram a pular na cama gritando piscina e “Lana”, nome da cachorra da mãe de Niragi.
- Pq a gente cria um filho com tanto amor para ele preferir uma piscina e um cachorro ao invés de você – Niragi disse decepcionado e eu e Serena caímos na risada enquanto as gêmeas ainda pulavam – então quer dizer que as mocinhas não vão sentir nossa falta? – ele questionou a elas que pararam e nos olharam.
- A gente vai, papai! – as duas pularam em mim, Serena e Niragi fazendo os três deitarem na cama.
Ficamos brincando com elas até uma por uma começar a dormir e a gente dormir com elas na nossa cama. Obviamente no dia seguinte eu iria acordar com dor no corpo por estar dormindo com três pessoas a mais.

- Onde é? – Niragi questionou tirando o olho da rua.
- Ali ó – apontei e ele encostou o carro na calçada.
Olhei para traz e vi minhas filhas prontas para ir para a casa da vó. Combinei com Niragi de enquanto ele levava elas lá eu pega as roupas que iriamos usar nesses dias pq  verdade é: Ninguém vai viajar para lugar nenhum, a máfia da família Suguru vai agir aqui mesmo, eu só mandei eles para a vó pq seria perigoso elas sem alguém ou na mão da babá.
Me despedi delas com um beijo e abraços e sai do carro. Entrei na loja e esperei um pouco para pegar a roupa.

the choiceOnde histórias criam vida. Descubra agora