Capítulo 20- Fiquei esperando você voltar.

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Encaro a porta da academia e me abaixo para amarrar meu tênis quando sinto alguém parado do meu lado, ergo o olhar antes de me levantar. Niragi está parado com um shorts preto e uma camiseta branca totalmente agarrada nos músculos dele, e imaginar que esse corpo foi todinho meu ontem. Ele sorri e cruza os braços.
- Eai, gata? – ele disse e eu ri.
- Eai, feioso?
- Nossa! – ele me olha chocado – ia falar para treinarmos perna juntos hoje mas...
- Bora – digo entrando na academia e escuto os passos dele – vai querer se aquecer na esteira ou no leg?
- No leg – ele diz e eu me sento lá – quanto você aguenta? – rio e ele me olha malicioso.
- 70kg no aquecimento – digo ainda rindo e ele colocou o peso e treinamos juntos, revezando equipamentos, ajudando o outro a adicionar ou tirar pesos, no agachamento ele me ajudou de forma super gentil sem pensar em sexo mas eu já não diria o mesmo de mim.
Quando acaba estamos suados e ofegantes enquanto estamos sentados no chão da academia. Tomo o resto da água da minha garrafinha e olho para que ele que está sorrindo.
- O que foi? – pergunto.
- Estou impressionado com a força da suas pernas – ele ri me fazendo rir – mas ainda não tentei a força delas em uma coisa...
- Te cavalgar? – digo e ele se assusta. Rio envergonhada.
- Exatamente – ele diz rindo e me ajuda a levantar – vamos embora pq agora eu vou ficar muito ocupado pensando em você pulando no meu pau – ele diz quando saímos da academia e eu rio.
- Vou fingir que nem te conheço, Niragi – rimos – seu pervertido.
- E você gostou – ele se aproxima – você ficava gemendo e gemendo para mim – fala no meu ouvido e eu estapeio o braço dele.
- Seu nojento! Nunca transei com você, seu doido! – ele ri – é tipo aquela música: “pq você está tão obcecado por mim?” – rimos.
- Eu vou embora, isso ta demais para mim – ele diz e se vira rindo. Rio também e começo a andar.
Faço minhas tarefas do dia e quando chego em casa durmo bem rápido, estou exausta. Ainda bem que amanhã é sábado e eu não trabalho.

Passo o sábado organizando meu apartamento e a minha vida, acordei inspirada e decidi limpar dentro dos armários, guarda-roupas, limpar a casa também. Organizei meus projetos e coisas da faculdade, estou tão feliz que estou acabando e daqui algum tempo irei me formar. Não tenho ideia se vou ficar no Japão ou se vou voltar para o Brasil, ou talvez conseguir entrar numa companhia de design em algum lugar no mundo. Olho para o relógio e vejo que são 17:21, horário perfeito para tomar banho e ficar deitada até a noite assistindo série. Estou pegando minha toalha quando a campainha toca. Eu odeio visitas surpresas. Vou até a porta e Niragi sorri fraco para mim, sorrio e pergunto se ele quer entrar e ele aceita, merda.
- Então? – questiono.
- Você está livre hoje a noite e amanhã? – ele pergunta e eu digo que sim – quer ir comigo em uma pool party que vai ter, daqui 4 horas?
- QUE? 4 horas?
- Isso é um sim?
- Calma, me explica isso – peço.
- Você não sabe o que é uma pool party? – ele questiona e eu me irrito.
- Você sabe o que eu estou pedindo para explicar – ele ri.
- Ta bom... vai ser em uma casa de praia de um amigo meu, lá tem piscina também mas o importante é que maioria vai e eu fui chamado. Ele tem vários quartos e eu tenho um reservado, você dorme na cama e eu durmo onde você quiser, até lá fora se você pedir – ele me olha – começa agora a noite e acaba amanhã a noite, mas se você for comigo a gente volta mais cedo pq você trabalha e estuda.
- Ok, legal mas eu vou ter que ir a um negócio onde vai ter um monte de gente estranha e você vai ficar solto por aí? Tipo o que eu ganho com isso? – falo seria.
- Eu juro para você que vou ficar do seu lado, não vou me separar de você – ele diz e eu gargalho – pq você ta rindo?
- Você ficar do meu lado? A primeira garota que te chamar você vai sumir – digo.
- Seria verdade se você não estivesse, eu prometo ficar do seu lado 200% do tempo – ele estende o mindinho e eu reviro os olhos – por favor Ellie, são só 48 horas.
- Estou com uma pé atrás – assumo e ele deixa a mão estendida cair.
- Eu sei, mas por favor vamos comigo? Eu gosto de ir lá, mas atualmente estou cansado de topar tudo lá e me foder, você estando lá comigo me impede de fazer isso e curtir sem tomar no cu – ele diz e eu rio – por favor, gata – ele faz cara de cachorro sem dono e estende o dedo.
- Ok, eu vou – digo e ele me pega no colo e comemora, rio com ele quando percebe o que fez e me coloca no chão cheio de vergonha – que roupas usam lá?
- Biquini, roupas de praia – ele diz e eu assinto – posso vir te buscar as 20:30?
- Pode – eu digo sorrindo.
Ele sorri ainda mais.
- Vou vir te buscar de moto então não faça um exagero de mala – ele diz e beija minha bochecha antes de sair quase saltitando. Dou risada quando fecho a porta. Vou para o quarto e começo a fazer as malas, levo dois biquinis, um rosa e um preto, um vestido cor ouro queimado de cetim, minha saída de praia e um shorts jeans com um cropped bem básico. Pego meus itens básicos de higiene e depois vou tomar um banho para lavar a cabeça e colocar a depilação em dia.
Coloco um vestido de crochê branco curto, ele era de alcinha e eu achava ele uma graça, não tinha cara de vó e toda vez que eu usava as pessoas ficavam admirando. Ele era cheio de furinhos, então já coloquei meu biquinho rosa por baixo. Estou quase acabando de fazer uma maquiagem bem básica para esconder as olheiras quando meu celular toca.
- Alo? – atendo.
- Você desce ou eu subo? – a voz me faz assustar mas não estou tão surpresa quanto deveria.
- Como você tem meu número? – pergunto.
- Peguei com a Nishi – ele diz e eu rio enquanto pego minha mochila e começo a apagar as luzes para mim sair – péssima escolha transar com o irmão da sua cliente, né designer?
- Dá tempo de desistir de ir nessa pool party? – falo e já estou na sala com as chaves na mão.
- Não – ele diz e eu rio.
- Pq? – abro a porta da sala e ele está lá, me assusto. A ligação termina.
Ele está de jeans e uma blusa bem tropical de botões na frente, quero beija-lo. Nunca quis tanto beija-lo.
- Pq eu já estou aqui – ele diz sorrindo e eu sorrio, ele me olha de baixo acima -  primeira pessoa que fica gata com o crochê da vó – ele diz e eu reviro os olhos. É obvio que ele diria isso. Apago as luzes e saio para fechar a porta.
- Primeiro, esse não é um crochê de vó – eu o olho enquanto enfio a chave e meu celular na bolsa – e segundo, obrigado.
Rimos e descemos. Ele me guia até a moto dele e eu fico chocada, era o mesmo modelo de quando eu fui salvar Niragi da Laura. Olho para ele e tenho que piscar para essa “memória” sumir.
Ele abre o compartimento e tira uma jaqueta de couro de lá e depois fecha, a bolsa dele está lá e só consigo imaginar quais são as roupas que ele levou. Ele pega a bolsa da minhas costa e me estende a jaqueta e eu olho confusa.
- Vamos ir com velocidade e está um vento gelado, não quero que fique doente – ele diz e eu não consigo desviar o olhar – vista, por favor – pede.
- Ok, mandão – digo e visto e pego minha bolsa. Ele pega o capacete e me entrega enquanto sobe na moto. Observo ele.
- Venha – ele diz e eu subo na moto com classe apoiando nos ombros dele, sento e me seguro atras do banco – segure em mim – diz.
- Não, consigo ir sozinha – respondo.
- Ellie – diz num tom bravo e pega minhas mãos e coloca envolta do peito dele mas eu tiro rindo – teimosa...
Então ele gira chave e a moto liga, o barulho do motor me faz lembrar de algo e meu coração se aquece. Não percebo quando ele avança com a moto fazendo eu cair para frente, bater o meu peito nas costas dele. Minhas mãos instantaneamente seguram o corpo dele. Ele está rindo.
- Aí Niragi – falo brava.
- Então se segure em mim – diz e eu faço, consigo sentir a respiração rápida dele, seu peitoral subindo e descendo. O cheiro dele é incrível.
Passo o caminho todo apoiada nele e vendo a paisagem, é uma sensação boa. Chegamos ao lugar, está lotado de gente. Ele estaciona a moto entramos, ele segura o capacete no antebraço esquerdo, a bolsa dele nas costas dele e sua outra mão está na minha, segurando forte. Niragi cumprimenta inúmeras pessoas e eu apenas sorrio e tento de acompanhar mas é muita coisa, minha cabeça está girando. Nunca quista tanto chegar a esse quarto.
É um quarto rústico, todo de madeira, o banheiro é muito lindo e a cama é macia. Deixo minha bolsa de um lado e entrego o capacete para Niragi, ele me olha e desabotoa o jeans dele e fica apenas de box preta, estou com vergonha e sei que não deveria estar pois já vi tudo mesmo. Ele coloca um shorts mais leve do que o jeans e me olha.
- Nossa, tipo assim mesmo? Do nada? – falo e ele ri.
- Já vimos tudo mesmo né? – ele responde e eu rio.
- Tudo bem – digo e puxo meu vestido ficando apenas com o biquini rosa, ele me analisa e eu adoro me sentir olhada por ele. Pego minha saída de praia e coloco. Ela é tipo um roupão com manga longa mas de um tecido leve e frio, amarro ele na cintura e ele fica soltinho, apenas tampando meus braços e minha barriga pois o resto fica a mostra me dando um toque de estar numa pool party mas não botando meu corpo tanto para jogo. Havia muitas mulheres aqui também e todas elas estavam de biquini ou com cangas.
Descemos até a festa juntos, ele pega drinks para gente e começa a conversar com uns amigos dele enquanto eu fico do lado sem fazer nada, me sinto estranha mas pelo menos ainda está tudo bem. Fico ali até meu drink acabar e eu decidir ir pegar outro no bar. Niragi assente quando eu aviso. Estou até que feliz em estar aqui, acho que posso me divertir hoje.
Quando volto para onde estávamos Niragi está um pouco mais longe, tem um monte de homens ao redor dele e eu escuto ele dizendo que transou comigo, me fazendo de troféu. Fico brava pq ele talvez saiba que eu estou atras dele e os amigos dele estão dando risada e dando o prêmio de garanhão. Aquilo me machuca pois não para. Ergo a minha saída de praia e saio daquela multidão, tem um caminho de pedra, sigo ele correndo, minha bebida derrama quando corro mas não me importo, o caminho termina em um cais, se olhar para o lado esquerdo consigo ver a uns 5km de distancia a areia da praia onde as ondas se suavizam. Não tem ninguém nesses dois lugares, tem mato e plantas atras de mim, é uma área bem reservada. É ali que bebo de uma vez só o meu drink e choro de raiva.
Eu sou a pessoa mais burra desse mundo, burra e iludida. Aquele Niragi não é o meu, o meu não existe, pq o meu Niragi não deixaria eu ser diminuída pelos amigos dele para ele se sentir bem, ele nunca me perderia de vista. Esse nem é real. Estou com raiva dele. Não pelo que ele disse pq a única coisa que saiu da boca dele foi um “peguei aquela gata” mas estou brava por ele não ter dado limites para os amigos dele. Pq quando ele está comigo ele é gentil e agora faz isso? Estou me tremendo de raiva. Me sentei na ponta do cais, se eu esticar o pé consigo molhar meu dedão, observo a brisa e olho para a lua enorme a minha frente e penso nele, penso que eu cheguei ao ponto de acreditar que Niragi realmente existia.
Escuto passos e depois o meu nome. É ele. Quando olho para trás ele já está se sentando ao meu lado.
- Não precisa se preocupar, eu estou bem – digo sem olhar para ele – pode voltar a falar sobre a gente ter transado e gostar dos seus amigos te engrandecendo.
- Eu fiquei esperando você voltar – ele disse.
- E eu voltei – o olho – mas decidi sair para deixar você ter ser momento garanhão – digo.
- Aquilo não foi a minha intenção, também me senti desconfortável com aquilo – ele diz e me olha enquanto eu rio – eles perguntaram e eu respondi, pensei que eles iriam parar quando te vissem mas eu não queria que... – interrompo a fala dele quando me levanto para sair dali. Ele grita meu nome e se levanta, começo a correr.

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