Segurando a minha mão

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- Quer ajuda? - O Castiel me seguiu até dentro do café.

- Não vou recusar! - Dei de ombros. Tinha muita gente para uma pessoa só.

Começamos a preparar os pedidos. Peguei várias bandejas para colocar os doces e preparei as bebidas.

Peguei a chaleira com o café. Olhei para fora e vi mais alguns clientes chegando, acabei me distraído e derrubando café em mim.

- Merda! - Coloco a chaleira na bancada - Que saco! - Eu não estava brava por ter me queimado, mas por causa do estresse do trabalho.

A Clemence havia me deixado sozinha naquele café, sem se dar ao trabalho de me explicar tudo direitinho. E agora estava cheia de clientes e coisas para fazer.

- Tudo bem? - O Castiel pareceu preocupado.

- Sim! Só me queimei. - Mostrei a minha mão para ele.

Ele foi até a cozinha e voltou com um pano de prato cheio de gelo. Ele pegou a minha mão e pressionou delicadamente o pano sobre a minha queimadura.

- Foi superficial, mas deve ter doido - Eu só conseguia o encarar, séria. - O gelo vai ajudar na dor - Ele me olhou e começou a me encarar também.

Eu sentia a minha mão queimar em cima da dele. Não por causa da queimadura, mas sim pelo seu toque.

Algo dentro de mim me fazia sustentar o seu olhar, eu senti o meu coração acelerar, a minha respiração irregular e desejos intensos surgindo em mim.

Ao sentir a minha razão se esvaindo e sentindo uma vontade louca de juntar nossos lábios, eu desvio do seu olhar, e vejo os clientes impacientes lá fora.

- Ah... eu preciso levar as bandejas! - Eu disse olhando para as nossas mãos e depois para ele.

- Ah, sim. Eu te ajudo! - Ele disse desconcertado

Ele pareceu notar que havia segurado a minha mão por muito tempo, pois a soltou rápido e saiu sem sequer me olhar nos olhos.

Depois dos alunos irem embora, o Castiel me ajudou com as mesas enquanto conversamos aleatoriamente.

- Você manteu contato com o Lysandre? Fiquei sabendo que ele foi morar na fazenda de seus pais! - Eu contei.

O Lysandre era um dos meus colegas e amigos do ensino médio, ele era o melhor amigo do Castiel na época. Lysandre era o tipo de cara que esqueceria até a sua cabeça se não fosse presa no pescoço.

- Nós não nos falamos muito depois dele se mudar! - Ele dá de ombros.

- Deve ter sido difícil! - Falo baixo, mas ele escuta.

- Não gosto de me estender no assunto... mas sim! Nós éramos próximos e fazíamos tudo juntos - Ele diz sem parecer se afetar.

Mas eu conheço o Castiel o suficiente para saber quando ele escondia o seu incômodo ou tristeza. Ele sempre odiou mostrar as suas fraquezas.

- Além do mais... - Ele continuou - Vocês dois foram embora quase ao mesmo tempo. - Ele me lançou um olhar furtivo, antes de virar a cara.

Conversamos mais um pouco. Eu me sentia muito estranha com relação ao Castiel. Algo no peito ficava se remexendo, como se estivesse acorrentado.

Tudo nele me atraia... seus olhos, cabelos vermelhos, aquela linda boca e seu sorriso... aquele maldito e lindo sorriso.

Tento não pensar nisso. Possivelmente era só uma atração física boba, talvez seja só as lembranças antigas voltando, como uma nostalgia.

- Ah, merda! - Ouço a voz do Nathaniel atrás de mim - Estava afim de tomar um café, mas acho melhor ir embora - Ele diz encarando o Castiel.

Eles dois sempre tiveram relações difíceis, sempre discutindo e quase entrando na porrara. Era cansativo e muito infantil.

- Esse lugar é realmente mal frequentado! - O Castiel olha debochado para o Nathaniel.

- Quem diria, o famosinho da região frequentando um lugar decadente para crianças. - Eu olho de cara feia para Nathaniel.

- Ainda é menos decadente do que os lugares que você anda frequentando - O Nathaniel apertou os punhos

- O que você está querendo dizer com isso? - O Castiel sorriu.

- Parece que coloquei o dedo na ferida. A gente sabe, que lá onde estão os junkies, o Nathaniel vai estar tamb... - O Nathaniel empurra a mesa e se põe na frente do Castiel.

- É melhor você calar a boca, seu... - O Nathaniel parecia cheio de ódio.

- Se não o quê? - O Castiel provocou e eles começaram a se encarar com raiva.

- Vocês podem parar com essa infantilidade? - Nenhum dos dois nem sequer me olham - Ok!

Não sabia que até hoje eles ainda fazem essas coisas, mas sendo sincera, se não estivesse com tanta gente assistindo e os clientes não estivessem se assustando com isso, eles poderia até se matar, que eu não me importaria.

Na verdade eu daria viva e pularia de alegria, eles sempre me encheram muito e essas brigas sempre me incomodaram. Mas infelizmente as circunstâncias são outras...

Vou até eles e empurro cada um deles pelo ombro bem forte de maneira que eles cambaleiam um pouco e depois me olham surpresos.

- Não sei qual o problema de vocês! Mas se querem se matar vão fazer isso em outro lugar! - Cruzo os braços.

- Foi uma péssima ideia ter vindo! - O Nathaniel vai embora.

- Era o que me faltava! - Suspiro fundo, cansada. - Qual o problema desse cara... - O Castiel me encara.

- Ele veio aqui te ver? - Dou de ombros. Não faço a mínima ideia. - De qualquer jeito, segue o meu conselho. Ele não é a melhor companhia - Eu sorrio debochada.

- Engraçado. Tenho a impressão de que as pessoas falavam a mesma coisa sobre você, na época da escola - O Castiel fica surpreso.

- Hum... Faz tempo que eu não ficava sem resposta na frente de alguém. Touché! - Eu ri e logo ele foi embora depois de me pagar o seu café.

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