Eu sentia raiva!

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Narração da Maya

Eu não sei o que estava pensando quando aceitei que o Castiel se aproximasse, eu apenas deixei rolar. A verdade é que eu estava tão com vontade, quanto ele.

Mal conseguimos encostar nossos lábios, pois ouvimos uma batida forte da porta que nos fez pular surpresos.

- O que está fazendo? - O Castiel levantou do sofá irritado.

- Eu tive uma ideia! - Me levantei também e fui até ele, curiosa. Ele abriu a porta e suas fãs o encararam com um sorriso enorme. - Vocês querem notícia? Prestem atenção!

Ele se virou para mim e segurou meu rosto com suas mãos. Então se aproximou tão rápido que me surprendi ao sentir seus lábios colados nos meus. Apesar de atordoada, eu retribui seu beijo.

Sua língua tinha gosto de menta e nosso beijo era terno e carinhoso. Eu apenas fechei meus olhos, sentindo cada parte do meu corpo vibrar com desejo e felicidade.

- Boa Noite! - Ele disse ao se afastar de mim. E assim foi embora.

Bati a porta com força na cara das expressões chocadas das tietes. Escorei nela e desci lentamente até o chão.

Eu me sentia uma bagunça! Se eu não sentia nada pelo Castiel, porquê deixei ele me beijar? Senti meu coração acelerar só de lembrar do gosto de menta de sua boca.

Seus olhos tão intensos, que mostravam suas emoções mais profundas. O calor de suas mãos, que pareciam me queimar com seu toque.

Seu sorriso sincero e divertido, aquela cumplicidade nascendo com força novamente e seus lábios tão deliciosos e desejosos.

Com certeza eu não sentia apenas uma atração física por ele, mas também me recuso a aceitar que estou apaixonada.

Algo me diz que tudo seria muito complicado, e minha vida já tem problemas o suficiente. O melhor a se fazer é esquecer isso e ir dormir.

***

Consigo pegar no sono depois de um tempo ruminando milhares de perguntas. Acordo com o som de meu celular tocando, resmungo e atendo a ligação.

Ligação on

- É bom você ter um bom motivo para me acordar a essa hora, Alexy! - Olho para o relógio vendo que eram cinco horas da manhã.

- A Rosa está no hospital, Maya - Eu arregalo os olhos - Venha para cá... por favor! - Sua voz era apenas um sussurro.

- Merda! - Digo assim que ele desliga a ligação.

Ligação off

Levanto da minha cama e me visto rapidamente. Pego tudo que preciso e vou com minha moto até o hospital. Assim que entro procuro o Alexy.

Encontro ele falando com o Leigh e pela expressão deles já posso ver que as coisas não estão nada bem. Me aproximo deles e mesmo nervosa, me forço a permanecer ilegível.

- O que houve? - O Leigh me olha por um momento e o Alexy me abraça.

- O bebê! - Alexy sussurra em meu ouvido.

- Ela está no quarto 308... é bom vocês irem vê-la. - Ele suspira - O médico disse que era normal esse tipo de coisa acontecer nos primeiros meses. O coração dele apenas... parou! - Eu entendi na hora o que ele quis dizer.

Ele não resistiu, o pequeno bebezinho da Rosa... agora já não estava mais aqui. Suspirei e puxei o Alexy até a sala onde a Rosalya estava.

O quarto estava escuro e ela mal olhou para gente quando entramos. Me sentei ao seu lado e ela começou a chorar, enquanto me abraçava.

Deixei ela desabafar, sem falar nada... naquele momento ela só queria um ombro amigo para chorar. Assim que se recuperou ela nos contou o que houve.

- Foi isso... - Ela suspirou com os olhos marejados novamente - Eu até já tinha planejado o quartinho dele... agora... - O Alexy faz um carinho em sua bochecha. - Talvez o problema seja eu... talvez eu só não possa ter filhos...

- Rosa... vocês ainda tem tempo... você e o Leigh vão conseguir passar por isso... - O Alexy disse, enquanto eu permanecia quieta. Eu não fazia ideia do que falar! - E se não der certo, bom... você sabe, ainda tem outras opções. V-você... sempre vai existir a adoção. - A Rosalya sacudiu a cabeça.

- Não tem nada a ver! Ele estava no meu ventre. Como você pode falar isso? Não vou pegar o bebê de outra pessoa, sendo que eu tinha um. Como eu poderia amá-lo da mesma maneira que amava o meu? Não é possível! - Pude ver como aquilo havia afetado o Alexy.

Ele e o irmão gêmeo dele, Armin, perderam seus pais quando bebês num acidente de carro. Então eles foram cuidados e amados por seus pais de adoção.

- Você está querendo dizer que um bebê adotado é menos amado do que um bebê nascido de pais biológicos? - Sua expressão mudou de afetado para irritado.

- É evidente! Ele estava aqui no meu ventre! Não quero outro! Como se qualquer bebê saído de um orfanato pudesse substituí-lo. Vão embora! - Puxei o Alexy comigo até sairmos da sala.

Ele saiu do hospital sem sequer me olhar, mas pude ver o quão bravo ele estava. Não comigo, nem com a Rosalya, mas sim com toda essa situação de merda. Eu podia entendê-lo, pois sentia o mesmo.

***

Já era o fim da tarde quando voltei para meu apartamento e meu dia se resumiu em andar de moto pela cidade, fumar e bater em um saco de pancadas.

Tudo isso eram formas de me ajudar a desestressar, mas eu ainda sentia toda aquela mistura de emoções. Me sentei no sofá e fiquei olhando para o teto.

Eu sentia preocupação pela Rosa e também tristeza por sua perda. Quase como se uma parte de mim estivesse de luto por ela.

Me sentia confusa com o Castiel, não parava de pensar em nosso beijo e milhões de perguntas rondavam minha cabeça.

Mas principalmente... eu sentia raiva. Raiva do que aconteceu com a Rosa, do que ela falou para o Alexy... raiva de como o Castiel é um idiota, mas consegue me afetar mesmo assim.

Mas no final toda minha raiva servia principalmente para encobrir todos os meus outros sentimentos. Suspirei pesadamente e só aí percebi que não estava sozinha.

- Maya? - Ouço a voz do Arthur, mas não me movo para ter certeza - O que houve? Posso ver que algo errado aconteceu com você! - O encarei.

- Está tão na cara assim? - Ele dá de ombros.

- Você saiu cinco da manhã e só voltou agora, está suada, com cheiro de nicotina e pela sua cara, você está preste a matar alguém... sem contar que eu te conheço muito bem, então... sim está na cara que algo aconteceu! - Eu suspiro novamente.

O Arthur é um ótimo ouvinte e sempre me deu bons conselhos. Ele me conhece muito bem e eu me sinto bem em falar com ele sobre meus problemas. Por isso contei tudo a ele, desde o Castiel até a Rosalya.

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