Saiam da frente!

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Ficamos 1 hora, presas na sala da diretoria, sentadas nas cadeiras, escutando o diretor nos dar um sermão. Minha cabeça já latejava.

Eu estava quase cochilando, um pouco pelo deboche, mas também porque eu estava exausta, eu não havia dormido bem a noite.

Ele dizia coisas do tipo, "vocês deveriam estar na aula, não fazendo escândalo", "não quero saber quem começou", " duas irresponsáveis", " não quero que se repita", e um monte de baboseiras.

- Podem retornar para aula! - Eu e a garota nos levantamos e vamos até à porta - Senhorita Dixon? - Ele me chama antes de sair.

- Sim? - Paro na porta e o encaro esperando ele continuar.

- Eu ouvi sobre os boatos que estão circulando a universidade. - Minha expressão fica neutra - Espero que não seja nada de mais.

- São... só boatos - Ele assente ainda sério.

- Que bom! Uma situação dessas poderia causar sérios problemas - O olho meio confusa - Você poderia até perder sua bolsa... entende a gravidade da situação? - Eu arregalo um pouco os olhos.

- Não se preocupe, como eu disse são apenas boatos. - Ele assente.

- Era só isso, pode ir. Boa aula, Senhorita Dixon! - Eu saio de lá e ando pelos corredores da universidade.

Eu entendi a "ameaça" dele disfarçada. Só de pensar em 4 anos de estudos para realizar meu sonho, todos jogados no lixo, me dá náuseas.

Eu caminho até minha aula de desenvolvimento pessoal e me sento o mais isolado possível do resto das pessoas.

Mensagens on

Irmão cabeçudo: Oi maninha, só queria avisar que vou chegar tarde em casa, pode me emprestar a chave reserva?

Maya: Claro. Você vai encontrá-lo! - Eu não perguntei, eu sabia o que ele ia fazer - Eu vou junto.

Irmão cabeçudo: É perigoso, Maya! Sem contar que eu sei que você odeia ele. - Eu reviro os olhos.

Maya: Você fala como se eu nunca tivesse feito coisas perigosas. Sem contar que eu não te pedi autorização, eu afirmei.

Irmão cabeçudo: Você não tem jeito mesmo!

Maya: Você já deveria ter se acostumado! Te vejo mais tarde, maninho! - Eu guardo meu celular.

Mensagens off

- Parece que vou me sentar com você hoje! - Eu levanto minha cabeça e sorrio debochada.

- Merda! E eu bem querendo não chamar atenção. - Ele ri e se senta ao meu lado.

- Você está com uma cara! - O olho com uma cara de poucos amigos - Tá de TPM é? - Eu reviro os olhos.

- Só um dia cheio! - Eu suspiro - Eu preferia mil vezes estar na minha cama dormindo, ou talvez comendo alguma coisa. - Ele sorri de lado.

- Depois eu que sou o anti-social! - Dou de ombros - Desse jeito é você que vai virar uma eremita! - Dou um meio sorriso.

Acabei me lembrando do final de semana e do momento que passamos juntos ali. Seus dedos sobre os meus, me ensinando a tocar sua guitarra.

Seu hálito fresco batendo em meu pescoço, junto de sua respiração regular. Estremeci só de lembrar daquelas sensações.

A professora chega e começa a aula. Mas eu mal consigo prestar atenção. Minha cabeça está pensando em como vai ser meu reencontro com Joe.

Eu odeio ele com todas as minhas forças e só de olhá-lo, lembranças ruins me vem a mente. Mas infelizmente é o que as circunstâncias pedem.

Enquanto encaro o nada vejo uma bolinha de papel rolando em minha mesa. Levanto a cabeça e olho para o Castiel, que dá de ombros.

Eu leio o papel, enquanto Castiel me olha com curiosidade: "A aula de hoje é: Como pegar professores e ganhar nota extra!" Eu amasso o papel em minha mão.

Tem que ser muito sem fazer para mandar essas coisas. Isso é ridículo! Primeiro porque eu não preciso disso para passar, eu sou uma mulher inteligente!

Segundo porque o Rayan nem é meu professor, como ele me daria nota de alguma coisa?

- O que foi? - Eu entrego o papel para o Castiel - Nossa! Quem te mandaria esse tipo de coisa? - Ele tinha arregalado os olhos com a surpresa.

- Filhos da puta! - Resmungo - Tô cansada desse boato idiota! - O Castiel me olha confuso - Espalharam pela universidade que eu estava tendo um caso com o professor Rayan, de Artes.

- Aquele que estava com a gente na praia? - Eu assinto - E... é... verdade? - Eu o olho séria e nego. - Então, me deixa apenas colocar a pessoa que te mandou isso no lugar dela! - Ele diz alto suficiente para algumas pessoas próximas de nós, escutarem e nos olharem.

Eu estava afim de socar a cara de cada um que estava falando essas bobagens por aí. Mas não podia voltar para a diretoria, eu havia acabado de sair de lá!

Como se não bastassem eles espalharem esses boatos, as pessoas estavam duvidando da minha capacidade. Eu começo a sentir a dor de cabeça voltando.

Me lembro da suposta "ameaça" do diretor. Ele não poderia me expulsar por um boato, poderia? Claro que ele poderia, ele é o diretor, e poderia fazer isso para abafar os boatos.

Eu perderia minha bolsa e não conseguiria meu diploma. Eu acabaria conseguindo um emprego horrível de garçonete em algum bar cheio de bêbados e me contentaria com migalhas. Sinto minhas pernas falharem só de imaginar.

Lembro também que teria que me encontrar com o maldito do Joe hoje a noite. A minha raiva por ele só aumentou ainda mais, ao saber que ele tinha enganado o Arthur.

Eu começo a sentir uma tontura e a dor de cabeça começa a aumentar. Como se não bastasse todo esse estresse, eu não estava nem comendo, nem dormindo direito.

A raiva, a fome e o cansaço estavam se misturam e eu me sentia uma bagunça. Começo a ouvir um zumbido em meu ouvido e vozes ao meu redor, que pareciam estar se distanciando.

Minha visão começa a escurecer e sinto meu corpo caindo no chão frio. Ouço algumas vozes distantes, mas não consigo identificar ou entender nada.

- Vai ser mais rápido se eu a levar até lá... saiam da frente! - Sinto meu corpo sendo levantado. - Me deixem passar, ela precisa respirar... - Perco totalmente a consciência depois de sentir alguém me carregando nos braços.

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