UMA DOCETE DIFERENTE

Profundo...

Acordo com o sol batendo levemente sobre meu rosto, abro meus olhos com dificuldade e me espreguiço. Olho ao meu lado, vendo o Castiel ainda dormindo.

Escoro levemente minha cabeça em seu torso desnudo e faço carícias em seu peito, enquanto escuto sua respiração profunda.

Paro por um momento e pego meu celular com a intenção de olhar minhas notificações. Sinto o Castiel se remexer ao meu lado.

- Parou porquê? - Vejo o mesmo de olhos abertos me encarando.

- Você estava fingindo que estava dormindo... espertinho! - Ele ri e pega minha mão, brincando com meus dedos.

Lembro do pedido da minha mãe para conhecer meu namorado e faço careta. Eu não sei se o Castiel vai querer, mas não faz mal perguntar.

Não é muito o tipo do Castiel fazer esse tipo de coisa, apesar que ele e o meus pais já foram apresentados na época que namoramos um tempo atrás.

- Que cara é essa? - Eu dou de ombros, fazendo ele arquear a sombrancelha.

- É só os meus pais... eles dizeram que vão vir para minha formatura e que querem conhecer meu atual namorado. - Ele parece um pouco surpreso.

- Você quer dizer... me reapresentar como seu namorado? - Eu assinto. - Você quer isso? - Faço uma expressão confusa por sua pergunta. - Você me disse que seus pais queriam me conhecer, mas e você? Você quer isso? - Ele explicou, me fazendo pensar.

Eu realmente gosto muito dele, ou melhor, amo ele e não penso em perdê-lo tão cedo... Quero que tenhamos algo duradouro e incrível.

Reapresenta-lo aos meus pais parece bem mais do que um simples gesto, é como se eu estivesse assumindo nosso relacionamento de uma forma mais concreta.

Eu quero fazer isso, afinal meus pais ainda fazem parte da minha vida e o Castiel é uma das partes mais importantes dela. Sorrio com meu pensamento.

- Sim, Castiel... eu adoraria reapresenta-lo aos meus pais. - Ele retribuiu meu sorriso.

Nossas pernas se entrelaçaram e nos começamos um beijo apaixonado e profundo. Nos separamos e o Castiel suspirou.

- O que foi? - Pergunto, enquanto ele acaricia minha bochecha.

- Sei lá... Ver seus pais e dizer a eles que vou abandonar a filha deles daqui a algumas semanas... - Ele suspirou novamente.

Mesmo que ultimamente não temos tocado no assunto, sei como o Castiel está se culpando por ter que se afastar de mim novamente assim.

Sendo que retomamos nosso relacionamento a tão pouco tempo e agora vamos ter que aguentar a distância de novo.

- Você não está me abandonando... - Ele sorri tristemente e eu dou-lhe um beijo carinhoso. - E eu também não vou te abandonar, Castiel...

Nos encaramos intensamente, vi ele corando levemente e senti as minhas bochechas avermelhando também. Ele sorri novamente.

- Ok... - Eu retribuo seu sorriso. - Que tal tomarmos um banho agora? - Ele levanta da cama e tira sua calça em minha frente.

Logo após ele corre para o banheiro, rindo. Eu também tiro o resto de minhas roupas e vou para o banheiro com ele. Tomamos um banho juntos, demorando um pouco mais do que o esperado...

***

O resto da minha semana foi dentro da mesma rotina. Estudando, fazendo os testes finais e às vezes saindo com meus amigos.

Nessa semana eu não tive muito tempo para ver o Castiel, ele tem ensaiando ainda mais com a aproximidade da turnê e eu tenho me dedicado bastante a faculdade nesse fim de reta.

Só nos vimos uma vez durante a semana, mas nossas conversas por celular são sempre frequentes.

- O que está fazendo? - O Arthur entrou na sala, me vendo no sofá.

- Estou dando uma última olhada no meu TCC. Tenho que ter certeza que não falta nenhuma folha já que a entrega é até amanhã...

- Maya?! - Eu respondo sem tirar os olhos do meu TCC. - Você sabe o que deu na Sarah? - Só aí eu encaro o Arthur. - Ela parece estranha...

- Estranha? - Arqueio a sombrancelha. Não havia reparado em nada. - Eu nem vi ela hoje, na verdade...

- Você poderia ver o que ela tem? Já tentei falar com ela, mas ela não me disse nada... - Eu suspiro e olho para o meu TCC.

Eu podia olhá-lo depois, vai ser bem rapidinho, eu só precisava ter certeza que a Sarah está bem. Me levanto e vou em direção ao quarto.

A mesma estava olhando para o teto de maneira desanimada. Fui até sua cama e me sentei ao seu lado, ela não disse nada por alguns minutos.

- O Arthur pediu para você perguntar o que eu tinha? - Eu assinto.

- Também... mas eu quero saber o que houve, então... Desembuxa! - Ela apenas suspira. - Sarah?! Eu sou sua melhor amiga, confia em mim...

- É o Hyun... - Faço careta. Achei que eles estivessem bem.

- Ele fez alguma coisa? Quer que eu soque a cara dele por você? Você sabe que eu não me importaria de usar a força bruta... - Ela ri um pouco.

- Não... É só que... - Pego em sua mão, estimulando ela a falar. - Eu encontrei ele na rua hoje, ele estava falando com a mãe dele... - Ela se sentou na cama. - Ele parecia... triste. Quando eu me aproximei para saber o que houve e ele me explicou que os pais acabaram de se divorciar...

- Ok... isso é complicado. - Eu comentei e ela suspirou novamente.

- Eu tentei consolar ele, sabe? Tentei reconforta-lo, mas ele parecia muito triste mesmo... A família dele sempre foi muito unida e de repente... Bum... - Ela fez um movimento com as mãos para representar uma explosão. - Os pais se separaram... para ele os pais eram um elo, um exemplo de amor perfeito... Ele disse que não podia acreditar no amor se nem mesmo seus pais viviam isso... Era como se o amor fosse um tipo de ilusão...

- Profundo... - Comento e a Sarah mordeu o lábio inferior.

- Eu disse que as coisas não eram sempre assim... que o amor ainda existe com algumas pessoas... mas ele não acreditou... - Observo as expressões atentamente da Sarah.

- Sarah? - Ela me encara. - Você ama o Hyun? - Ela não respondeu, mas pude ver a resposta em seu olhar. - Porra...

Eles realmente tinham avançado bem rápido no relacionamento deles, mas eu não esperava que o sentimento da Sarah fosse tão profundo assim.

Mas para falar a verdade, a Sarah sempre se apegou e gostou das pessoas bem fácil, mas nunca se apaixonou. Talvez ela realmente o ame.

- Eu falei para ele... disse que o amava... - Seus olhos lagrimejavam. - Mas ele apenas me pediu desculpas e me deu as costas... - Um soluço saiu de seus lábios e eu a abracei.

Deixei a mesma chorar até se acalmar, acariciando suas costas levemente. A Sarah se afastou e limpou suas lágrimas do rosto.

- Ele está passando por um momento difícil, Sarah. - Comecei. - Não que ele tenha o direito de te magoar assim... mas dê um tempo para ele. - Ela suspirou. - Se ele realmente te ama, ele vai resolver as coisas...

- Assim espero. - Ela respirou fundo.

- Quando ele se acalmar, ele vai vir falar com você sobre isso... e se ele não te procurar ou te magoar, você me fala que eu resolvo... - Fecho a mão em um punho e faço sinal de surra. A Sarah sorriu fraco e eu retribui. Pelo menos um sorriso eu consegui.

- Obrigada...