Flashback 1
Abri meus olhos com dificuldade, sentindo a dor muscular e tensão em todo corpo. Olho ao meu redor vendo que ainda estou naquela sala maldita.
Vejo o Peter olhando para o nada e eu me ajeito em meu lugar. Fazia horas que estávamos presos aqui, graças aquele idiota do Joe.
Estávamos tentando fugir, mas ele nos perseguiu e agora nos prendeu aqui. O Peter chega mais perto de mim e me abraça de lado.
- Você acha que vão nos matar? - Ele perguntou diante o silêncio ali presente.
- Não sei... - Sou sincera. - Prefiro não pensar nisso! - Dou de ombros, indiferente e ele me encara.
- Você não tem medo? - Arqueio a sombrancelha. - De morrer... você não tem medo de morrer? - Rio sem humor, antes de responder.
Acho que me importo tanto com as pessoas que tenho mais medo por elas do que por mim. Por exemplo, nesse momento meu medo era de algo acontecer ao Peter, não a mim.
- Não! - Admito. - Eu tenho medo de outras coisas... - Ele me olha curioso. - Tenho pessoas muito especiais para mim... - Olho de soslaio para ele. - Acho que tenho medo de machucá-las ou... perdê-las. Me importo com quem amo. - Ele entrelaça nossos dedos e me dá um beijo na testa.
Flashback 2
Olho pela última vez nos olhos do Peter, deixando transparecer toda minha culpa e medo. Mas ao contrário de mim seus olhos transmitem outra coisa.
Amor... Ele não parecia nem um pouco arrependimento ou com medo, parecia estar... em paz.
- Acho melhor vocês irem... - O Joe avisou e senti o Arthur me puxar pelo braço.
- Eu lamento... - Foi tudo que ele me disse antes de me virar e me conduzir para irmos embora.
Eu me forcei a não olhar para trás, a não chorar, nem ser fraca. Em minha mão eu amassava levemente a carta que o Peter me entregou, por causa da raiva.
Apesar do meu esforço, não consegui conter as lágrimas ao ouvir o som do disparo da arma... Tudo tinha acabado... ele estava morto agora.
Entramos no carro e o Arthur dirigiu por um tempo. Ele não me disse nada, mas seus olhos estavam sempre em mim. Enquanto eu segurava as lágrimas e soluços.
- Para o carro! - Eu sussurei e ele fez o que eu pedi. Ele sabia que eu precisava de um tempo a sós. - Volto em meia hora... - Sai do carro e entrei em uma trilha.
Comecei a andar, enquanto ruminava todos meus sentimentos e lembranças, todos ainda muito frescos e doloridos. Senti as lágrimas embaralharem minha visão e minha garganta doía por causa dos soluços contidos.
Eu era um furacão de emoções... dor, raiva, arrependimento, medo, tristeza... Nem mesmo meu cérebro estava são, pois ele relembrava cada palavra e momento ruim que aconteceu.
Acho que a raiva era a que mais predominava nesse momento. Tinha raiva de mim, por não impedi-lo de fugir e por ter me envolvido em algo tão perigoso assim.
Do Joe por matar e perseguir a gente. Do Arthur por não poder fazer nada. Da Sarah e da minha família, por não terem conseguido me fazer mudar de ideia em nada.
Até do próprio Peter, por ter se envolvido em uma dívida e por ter morrido. Era tanto ódio que eu parecia que ia explodir, precisava esvaziar a minha raiva.
Olhei para uma árvore e lhe dei um soco forte. Logo senti a dor em meu pulso e minha mão, mas não liguei, a dor interior era bem pior.
Dei mais socos na árvore e chutes, as lágrimas escorriam por todo meu rosto e eu gritava de pura raiva e frustração. Só parei depois de me sentir esgotada.
Eu nunca mais o veria, nunca mais ouviria sua voz ou poderia beijá-lo, nunca mais ouviria um "eu te amo" dele. E tudo por minha culpa.
Eu me envolvi com ele, mesmo sabendo que não deveria. Eu fugi com ele, mesmo sabendo que é perigoso. Eu sabia que ele morreria, mas não fiz nada para impedir.
Ajoelhei e vi minhas mãos machucadas, elas estavam doloridas e saia um pouco de sangue delas. Meus soluços começaram a sair, enquanto eu tremia.
Apesar de estar fedendo, porque não tomo banho a dias, e estar cansada, por tudo que vi e vivi. Nada se compara a bagunça e exaustão interior.
Porque dor exterior passa facilmente, assim como nossas necessidades básicas. Mas quando somos machucados no coração, nunca somos curados.
Flashback off
Depois de todos esses flashbacks e outros momentos que vieram a minha mente, resolvo começar a falar tudo que preciso e sinto.
- Sei que deveria ter vindo antes... - Começo a falar. - Mas não tive muita coragem para isso. - Respirei fundo. - Eu também sei que prometi ser forte, mas eu não fui... pelo menos não o suficiente para te superar... No fundo eu ainda me culpava, ainda me perdia nas lembranças ruins do passado, ainda... doía. - Suspiro. - Nunca fui muito de demonstrar carinho, mas eu me importava... eu amava você e foi difícil sentir essa sensação de novo. - Sorri, triste.
- Mas eu reencontrei alguém... alguém que foi muito importante para mim e sempre teve um lugar escondido em meu coração. Eu me recusava a admitir que ainda me sentia atraída por ele, mas era inevitável... eu sempre fui apaixonada por ele. Ele me fez sentir coisas novamente, sentimentos que me fazem bem.
- Ele até me fez sair em um encontro, acredita? - Rio. - Também dançamos música lenta e assintimos um romance musical... E eu gostei! Gostei porque era com ele! Ele mexe comigo de todas as maneiras possíveis. - Brinco com meus dedos. - Me sinto segura, amada, sei que posso dizer o que for... ele ainda vai me amar e apoiar.
- Eu me sinto feliz como a meses não me sentia. São tantas emoções que ele me causa... confiança, carinho, desejo, segurança, reconforto e... amor. Eu sempre vou ter algum tipo de carinho por você, mas... - Peguei em meu colar. - Todos meus sentimentos por você e tudo que já passamos viraram lembranças ruins. - Tirei meu colar o analisando melhor. - Você parou de me fazer bem, só me impedia de continuar... mas agora eu tenho outro alguém para isso, para cuidar de mim e me amar do jeito que sou... - Coloco meu colar em seu túmulo. - A gente não ama só uma vez na vida, você foi meu melhor passado, mas o Castiel é o meu agora, meu presente... Talvez o meu futuro. Vou fazer o meu possível para estar com ele, independente da situação... - Me levanto, suspirando. - De qualquer forma, já falei o que precisava... - Sorri, me sentindo mais leve. - Adeus, Peter!
Saio dali com meu capacete debaixo do braço e com meu coração mais leve, toda a culpa e lembranças ruins pareciam ter sumido.
Tudo que tenho vontade agora é de me encontrar com certo alguém, abraçá-lo e beijá-lo até não poder mais. Eu realmente amo você, Castiel!
VOCÊ ESTÁ LENDO
UMA DOCETE DIFERENTE
Teen Fiction* Fancic de amor doce(Castiete) Maya Dixon volta depois de 4 anos a sua antiga cidade para terminar o seu curso. Ela mudou muito tanto por fora quanto por dentro. Maya agora é mais bruta, confiante e desaforada, sempre andando na sua moto. Apesar de...