Esse capítulo aborda conteúdo sensível sobre anorexia.
- Estou sonhando? - Eu e a Ambre levantamos a cabeça ao mesmo tempo - Vocês duas, sentadas à mesa juntas, conversando como duas adultas, sem ringue, nem luvas de boxe - O Castiel fingiu incredulidade.
- Muito engraçado... - Eu disse debochada - Senta aí, cabeça de tomate! - Ele arqueiou a sobrancelha e a Ambre me olhou confusa.
- Cabeça de tomate...? - Quando ela entendeu começou a rir.
- E eu achando que você tinha algum tipo de consideração por mim, Ambre! - Ele disse sério. Mas eu sabia que ele estava brincando.
- Você tem que confessar que é bem engraçado... - Ele balançou a cabeça em negação e se sentou com a gente. - E então? Anda em gravação? Quando vai ser a próxima turnê mundial?
Fiquei tensa instantaneamente e senti meu coração acelerar, mas mesmo assim me mative impassível por fora. O Castiel trocou um olhar rápido comigo.
Nós ainda não tocamos no assunto desde que começamos a namorar. Eu evitava pensar ou falar muito sobre isso, no momento eu só queria pensar no agora e mais nada.
Queria me mater sã mentalmente e sentimentalmente, eu sabia que se ficasse me torturando com isso acabaria maluca e sofreria adiantado.
- Ainda tem tempo... Será só no próximo verão. E, para começar, vai ser uma turnê por todos os festivais do país.
- Vai chegar rápido! Você nem vai ter tempo de pensar nisso, você vai ver. Vai ser sua vez de esperar nos aeroportos, de ver que suas coisas nunca saem da sua mala. - Ela tocou no ombro do Castiel com a mão - Sei o que é isso.
Mais uma coisa que a Ambre havia mudado... ela e o Castiel era amigos verdadeiros. Antes no ensino médio ela tinha uma quedinha por ele.
Uma queda que pareciam mais um precipício, na verdade. Mas agora ela apenas agia como uma boa amiga... não havia malícia ou segundas intenções em seu gesto.
Continuamos conversando um tempo até eu decidir ir embora. O Castiel e a Ambre sugeriram me acompanhar até a porta. Todos nos levantamos da mesa, mas na precipitação a Ambre perdeu o equilíbrio.
Segurei ela pelo braço, antes da mesma cair. Ela pareceu um pouco desorientada, mas logo voltou a si.
- Tudo bem? - O Castiel perguntou e ela assistiu.
- Sim, desculpe... Eu só me levantei rápido demais e enrosquei o pé na minha bolsa. - Realmente a alça da sua bolsa estava enroscada em sua canela - Eu vou ao banheiro e encontro vocês lá fora.
Ela nem nos deu tempo de falar e apenas saiu em direção ao banheiro. Eu e o Castiel fomos para fora do bar e conversamos por um tempo. Passaram 15 minutos e ela ainda não havia voltado.
- Ela está demorando. Será que aconteceu alguma coisa? - O Castiel perguntou preocupado.
- Eu vou dar um olhada. - Entrei no bar indo em direção do banheiro feminino. - Ambre? - A chamei, mas não tive resposta.
Dei meia volta par dar uma olhada no bar, mas parei bruscamente ao notar um sapato atravessando a parte de baixo de uma das portas.
- Merda! - Comecei a bater na porta com o ombro, tentando a abrir.
Voltei para o bar e chamei o Castiel. O mesmo foi até lá e conseguiu arrombar a porta. Assim que ele abriu vimos a Ambre desmaiada.
- Merda, ela recomeçou! - o Castiel disse irritado.
Ele falou calmamente com ela e conseguiu a fazer sentar. Eu fui até o bar e trouxe um copo d'água e um torrão de açúcar.
- Ela vai ficar bem? - O Castiel apenas assentiu, ainda sério.
- Você deveria ligar para o irmão dela. - Peguei meu celular e disquei o número do Nathaniel.
Assim que ele atendeu eu falei o que tinha acontecido. Ele não parecia surpreso... só preocupado. O mesmo veio até nós rapidamente e junto do Castiel, levou a Ambre até seu apartamento.
Eles a ajudaram a sentar na cama do Nathaniel. Eu fiquei apenas encarando a cena de longe. Seja lá o que estava acontecendo, não era a primeira vez.
- O-obrigada - A Ambre disse com uma voz fraca.
- Você vai me agradecer todas as vezes que eu for te buscar nesse estado?! - O Nathaniel exclamou irritado, mas dava para sentir a dor na sua voz. - Você vai acabar morrendo, Ambre! - Ele se agachou de frente para ela - Tudo isso porque a mamãe colocou essas ideias estúpidas na sua cabeça! - Eu e o Castiel observavamos a cena, quietos. - Eu não posso... Não posso perder você, entende? - Ele começou a chorar.
Tudo fez sentido. Ela era anoréxica... Por isso estava tão magra e tão fraca. Ela deixava de comer, para ficar como todas as outras modelos. Puta que pariu.
Eu e o Castiel trocamos olhares preocupados e eu suspirei. Não era uma cena fácil de se ver. A Ambre colocou os braços ao redor da nuca de seu irmão.
- Está tudo bem, Nath. - Ele negou com a cabeça.
- Porquê você faz isso - O Nathaniel suspirou.
- Eu... Eu não tenho escolha. O último casting foi especialmente severo nesse quesito. Ainda tenho que perder alguns centímetros do quadril. Foi o objetivo que eles me pediram para alcançar.
- Isso é besteira, Ambre. Já falei para você. - O Castiel se pronunciou pela primeira vez ali.
- Não é besteira! É a minha carreira! Está tudo bem. Eu estou bem.
- Você está saindo do controle. - Ela negou com a cabeça.
- Eu estou no controle de tudo, Nathaniel. Além do mais só estou regulando o que como... apenas dispensando o excesso.
- Como você pode estar no controle se agora mesmo estava inconsciente. Você não está dispensando o excesso... está se matando aos poucos! - O Nathaniel disse novamente.
- Eu estou bem... só preciso dormir um pouco e vai passar. - Ela nos ignorou e se deitou na cama do Nath, fechando seus olhos.
O Nathaniel enxugou suas lágrimas e fez sinal para conversamos lá fora. Ficamos em silêncio até sairmos do seu apartamento.
- Obrigado, por trazerem ela aqui. - O Nathaniel disse assim que saímos.
- Ela está indo longe demais. - O Castiel suspirou.
- Há quanto tempo ela faz isso? - Me manifestei pela primeira vez naquele momento.
- Eu não sei... Não percebi na hora o que estava acontecendo. Eu me afastei dela para cuidar de outras coisas e quando voltamos a nos ver, ela já tinha mudado. - Seu olhar estava distante - As coisas realmente pioraram há um ano. Ela substituía as refeições por água e uma fruta... o pior de tudo é que ela tem orgulho disso. - Ele bufou. - Não sei o que fazer...
- Tudo que você pode fazer por ela é estar presente agora, Nath. Você não pode mudar as coisas enquanto ela recusar a sua ajuda. - O Nathaniel suspirou.
- Eu sei...
- Estou aqui se precisar de ajuda. - O Castiel disse sério e o Nathaniel apenas fez um sinal com a cabeça.
- Bom... vamos deixar você cuidar dela.
- Eu te acompanho até seu apartamento... - Eu apenas assenti para o Castiel e nos despedimos do Nathaniel. Indo para minha casa.
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UMA DOCETE DIFERENTE
Teen Fiction* Fancic de amor doce(Castiete) Maya Dixon volta depois de 4 anos a sua antiga cidade para terminar o seu curso. Ela mudou muito tanto por fora quanto por dentro. Maya agora é mais bruta, confiante e desaforada, sempre andando na sua moto. Apesar de...