Panqueca!

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Observei o filhote se aliviando em uma árvore qualquer do parque alegremente. Fui até lá e acariciei sua cabeça depois que ele terminou.

- Tá vendo? O parque é perfeito para isso! Não no apartamento, muito menos em sua nova mãe! - Falei, séria.

- AU! - Sorri para ele. É extremamente difícil ficar com raiva de um bichinho tão fofo!

- Você acha que ele está juntando minhas coisas para nós sairmos o mais rápido possível de lá? - Perguntei de sombrancelha arqueada.

- Eu não vou deixar você ir para sua casa com as suas roupas cheirando a urina de cachorro... - Ouço a voz do Castiel atrás de mim, me fazendo virar e encará-lo.

- Você me mandou para o parque assim! - Acusei.

- É melhor que ele se acostume à fazer xixi imediatamente fora de casa... Caso contrário, será difícil de reeducá-lo depois. E... eu fiquei bastante surpreso. - Houve um breve silêncio entre a gente, onde nos encaravamos com um sorriso tímido.

- Eu entendi... mas então, o que você acha? - Mostrei o cachorro com um gesto de cabeça.

- O quê? De onde veio esse cachorro? É um presente? É nosso? - Respiro fundo antes de começar a falar.

- Ele ainda não é seu... ou nosso. - Eu expliquei a ele sobre o conceito do abrigo e os três dias de aclimatação ao seu ambiente, antes da adoção definitiva. - Então... Encare como um tipo de ensaio. Eu sei que você queria, mas não tinha tempo. É apenas um teste...

- Aclimatação ao seu ambiente? Mas... eu vou sair em turnê, Maya! Qual ambiente? - Ele arqueiou a sobrancelha. - Se caso eu o levasse comigo, ele não teria um lar. Estaríamos sempre na estrada, nunca no mesmo lugar, em diferentes países, carros e aviões.

- Eu conversei com o abrigo, viajar não é um problema, o mais importante é que ele esteja sempre bem acompanhado. Você vai estar presente por ele! - Ele suspirou.

- Eu não sei... Eu parto dois dias depois da cerimônia de formatura. - Arregalo levemente os olhos, com a surpresa.

Os resultados seriam depois desse fim de semana, mas a formatura seria depois de cinco dias. Senti meu coração acelerado e minhas mãos suando.

Todo o meu medo voltou com força... já é bem difícil você saber que alguém que ama vai se distanciar de você, mas piora ainda mais quando você sabe a data.

Você fica contando os dias e sofrendo adiantado por isso. Todo o nosso tempo juntos agora parecia ter sido tão pouco, como se não tivéssemos aproveitado o suficiente.

Estava tão desorientada que apenas encarei o Castiel, deixando transparecer em meu rosto todo o medo e dor de saber que ele vai partir. Ele me abraçou, enterrando sua cabeça em meu pescoço.

Não consegui nem retribuir o seu abraço, eu estava paralisada diante a surpresa e medo. Ele me apertou em seus braços e eu também pude sentir o seu medo.

- Venha. Vamos tomar um banho, comer alguma coisa... E falar sobre isso... - Ele me abraçou de lado e segurou a coleira do cachorro com sua outra mão.

Assim que chegamos no seu apartamento eu fui tomar um banho... Precisava urgentemente de um tempo comigo mesma.

Eu estava pirando por dentro. Não queria perdê-lo, a gente teve que passar por tanta coisa e agora simplesmente vai acabar assim?

Ele é parte de mim, sem ele eu me sinto incompleta. Não quero passar por tudo aquilo de novo, não quero me afastar dele...

Sozinha naquele banheiro, com a água escorrendo em meu corpo, eu tive vontade de chorar. Meu coração estava apertado demais para segurar.

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