Visto uma blusa arrastão de mangas compridas com um cropped de alcinha preto por cima. Visto uma saia curta também preta e prendo uma corrente em meu cinto.
Calço minhas botas de coturno e jogo meu cabelo de lado, o arrumando com a mão mesmo. Coloco alguns acessórios, passo um rímel e um batom da cor rubi.
Saio de moto com a Sarah em direção ao Snake Room. Assim que entramos, fomos procurar uma mesa e pedimos bebidas com álcool.
- One foot in the club, everybody watch me. One pop of the booty, everybody love me. Ain't the reason I'm cocky. I make myself feel sexy. - Eu cantarolava de acordo com a música que tocava.
- Fan of myself, I'm stannin' myself. I love me so much I put my hands on myself. Fan of myself, I'm stannin' myself. I love me so much I put my hands on myself. - Foi a Sarah que cantou dessa vez.
- Man, I feel like Cleopatra. Joan of Arc, Queen of Hearts, yeah. Tonight it's only me that matters. Oh, you on that feminist tip? - Eu continuei.
- Hell yeah, I am. - Eu e a Sarah cantamos juntas - I don't need a man. If I'm loving you it's 'cause I can ('Cause I can). I don't want your cash. I put my own rock on my hand. I put my own rock on my hand. - Assim que paramos de cantar caímos na risada.
A Sarah se levantou e me puxou pelo pulso para irmos dançar um pouco de Little Mix. Enquanto dançavamos percebi alguns olhares interessados em mim, mas eu apenas ignorei.
Se fosse a alguns meses atrás eu teria sorrido e provocado, talvez até teria ficado com algum deles. Mas agora eu me sentia totalmente diferente.
Nunca fui do tipo que necessitasse de atenção, mas eu adorava tê-la sobre mim. Eu me sentia poderosa, me sentia dona de mim, alguém que consegue mexer com os outros de maneira sexual.
Agora eu estava totalmente nem aí para isso... Não sentia vontade de chamar a atenção ou provocar outras pessoas, na verdade, para mim eles não eram tão interessante.
Pelo menos não tanto quanto o Castiel. Ele sim, eu queria provocar, queria chamar a atenção... eu gostava de saber que mexia com ele da mesma forma que ele mexe comigo.
Só a atenção dele me interessava. Ignorei meus pensamentos e continuei a dançar, apenas me divertindo e rindo com a Sarah. Ficamos pelo menos unas meia hora lá.
Sentamos de volta a mesa, totalmente cansadas e voltamos a conversar e beber. Olhei em volta do salão e avistei uma figura conhecida vindo em nossa direção.
- Oi, Maya! - A Priya sorriu. - Oi, Sarah. Tudo bem? - A cumprimentamos e convidamos ela para se sentar com a gente.
A Priya também pediu uma bebida e conversamos sobre vários assuntos. Isso até ela ficar séria e começar a me encarar. Arqueei a sombrancelha, curiosa.
- Maya... você recebeu algum e-mail essa semana sobre o seu caso e da Nina? - Pensei por um momento.
Ela estava falando da nossa denúncia... eu estava acompanhando o caso, e ainda não tinha recebido nenhuma notícia faz um tempo, na verdade eu nem acreditava que meu depoimento tivesse efeito.
Nem na vez que eu fui estupada tive algum tipo de justiça, às coisas são assim, infelizmente. Milhares de mulheres são violentadas todos os dias, mas quase nunca são levadas a sério.
- Não... porque? - A Priya suspirou antes de falar.
- Eu acompanho seu caso e o da Nina de perto e... bem, eles fecharam o caso. Disseram que não tinham provas o suficiente para prender o cara... - Foi minha vez de suspirar. - Eu lamento.
- É inacreditável... a gente pode dar o depoimento que for, mas mesmo assim eles deixam caras desgraçados como aquele se livrarem sempre... - Eu rio sem humor. - Será que não existe mais nenhuma justiça nessa merda de sociedade? - Bufo.
Eu realmente não cheguei a acreditar que eles levariam em consideração meu depoimento, mas esperava que pelo menos o da Nina servisse.
Porra... ela é menor de idade. Tem noção de quanto isso afeta alguém? De quanto é ainda mais difícil para uma criança seguir em frente sabendo que o idiota que a violentou está solto por aí?
Eu não estava com raiva por mim, mas sim pela Nina. Como eu disse, aquilo não me afetava, nem me importava mais, mas fala sério... nem mesmo um depoimento de uma criança tem credibilidade nesse mundo.
- Às vezes dá até desânimo, sabe? - Eu falei por fim. - Ver tudo isso acontecer e ninguém fazer nada... o mundo tá uma droga! - A Priya pega em minha mão.
- Pode contar comigo para o que precisar.
- A Nina já sabe? - Ela assente. - Como ela está? - A Priya suspirou novamente.
- Ela está bem revolta... temos nos falado bastante, ela está tentando se conformar, mas é difícil... - Eu assenti, eu sabia como era tudo isso.
- Acho que vou voltar para casa... - Me levanto da mesa. Eu estava com raiva demais para continuar a festejar.
- Quer que eu volte com você? - A Sarah me perguntou, preocupada.
- Não!... Preciso ficar um pouco sozinha... - Saio do Snake Room e volto para casa de moto.
Eu permanecia indiferente por fora, mas por dentro eu estava fervendo... Eu sempre prezei a justiça, mesmo antes de mudar tanto.
Mas nessas horas eu me sentia traída por ela, sentia que nada, nem ninguém lutaria pela pessoas que valem a pena. Era frustante e insuportável.
Assim que voltei para casa fui até o banheiro e tomei um banho, tentando esquecer minha raiva. A água caia sobre meus ombros, relaxando um pouco da minha tensão.
Me vesti com uma roupa mais confortável e me sentei na cama. Eu não podia dormir com raiva... peguei meu celular já sabendo com quem eu conversaria.
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UMA DOCETE DIFERENTE
Teen Fiction* Fancic de amor doce(Castiete) Maya Dixon volta depois de 4 anos a sua antiga cidade para terminar o seu curso. Ela mudou muito tanto por fora quanto por dentro. Maya agora é mais bruta, confiante e desaforada, sempre andando na sua moto. Apesar de...