Garotinha boba

176 26 0
                                    

Eu chego naquele lugar aonde tinha aquelas almofadas confortáveis. O lugar está vazio, já que todos estão no bar.

Me afasto um pouco indo em direção a uma árvore qualquer. Começo a chuta-la, enquanto resmungo alguns palavrões, para passar a raiva.

- Coitada da árvore! - Viro ao ouvir a voz do Castiel.

- O quê você quer? - Digo meio rude e ele dá de ombros.

- A Sarah me pediu para ver como você estava. - Eu bufo - Porquê fez aquilo? - Eu arqueio as sobrancelhas.

- Eu não deixo qualquer um falar comigo daquele jeito, Castiel! - Eu me viro de costas para ele - Agora se me dá licença, tenho que extravasar toda a minha raiva - Eu começo a chutar a árvore novamente.

Ouço ele suspirar e depois seus passos se distanciando. Depois de bater mais algumas vezes na árvore eu me sinto bem mais calma. Olho em volta e vejo o Castiel sentado em uma almofada tocando sua guitarra.

- Achei que tinha voltado pro bar! - Digo ao me aproximar dele.

- Eu ia, mas duas fãs ficaram me seguindo e eu acabei me escondendo aqui. Eu quase fui embora, mas eu prometi à Priya que não iria embora antes da meia-noite. - Eu sorrio debochada.

- Porquê? Depois da meia-noite sua carruagem vira abóbora? - Ele revira os olhos.

- Ha-ha-ha, muito engraçado. - Ele agarra meu tornozelo e me puxa, fazendo eu cair sentada em uma almofada.

- O que está tocando? - Eu pergunto ao ver as cifras no celular do Castiel.

- Na-da. É bobagem - Ele tenta pegar o celular, mas eu sou mais rápida.

- Hakuna Matata? - Eu começo a rir descontrolamente.

- Ei! - Ele pega o celular de minhas mãos - Qual o problema? Era o meu filme preferido quando criança.

- Aí... que... fofo - Eu digo em meio as risadas e o ele arqueia a sobrancelha.

- Tô vendo que você está tirando com a minha cara. Não estou mais acostumado a ser alvo de piadinhas, mas eu ainda sei devolver a tirada na mesma moeda. - Eu ignoro o que ele disse e sorrio de forma debochada.

- Eu te encontro sozinho na praia, cabelos ao vento, todo concentrado, tocando... Hakuna Matata - Eu respiro fundo para não rir - Eu deveria ter gravado um vídeo.

- Garotinha boba! - Ele balança a cabeça de um lado para o outro, enquanto ri. - Foi a primeira música que aprendi quando pequeno, ela é bem fácil na verdade - Ele dá de ombros.

- Eu tentei aprender guitarra uma vez - Ele me olha atentamente - Mas não tive muita paciência pra isso... acho que não me dou bem com os instrumentos.

- Ou talvez você só não teve um bom professor - Ele sorri de lado - Eu posso te mostrar umas notas... se quiser. - Eu penso por um momento.

- Se você diz! - Dou de ombros e me sento em sua frente.

Ele apoiou a guitarra em minhas coxas e sentou atrás de mim. Ele pegou em minha mão e guiou os meus dedos no braço da guitarra.

Eu fiquei surpresa por sua iniciativa, mas me deixei levar. Aos poucos eu fui levando o jeito, e após alguns minutos já sabia tocar a música sozinha.

- Viu? O que eu disse? Você só precisa de um bom professor, Garotinha! - Eu lhe dou um sorriso convencido.

- Eu é que sou super talentosa - Ele ri.

- Quanta modéstia! - Eu dou de ombros.

- Muito tempo atrás, eu tive um namorado que tocava guitarra... aprendi algumas notas enquanto o observava tocar - Levantei os olhos com um leve sorriso no canto da boca.

Na época que namorávamos no ensino médio, o Castiel tocava pra mim às vezes. Ele até compôs uma música pra mim uma vez.

- É mesmo? Ele não te deu aulas particulares? - Ele finge surpresa - Você poderia ter um bom nível agora, se ele tivesse te ensinado um pouco.

- É... Mas mesmo sabendo tocar bem, acho que ele não era tão bom professor... - Dei uma piscada para ele, enquanto ria.

Ele segurou uma risada e continuou a me mostrar outras músicas na guitarra. Eu me vi voltando no ensino médio.

O olhei por um momento e senti como se estivesse se reconstruindo toda nossa amizade que um dia acabou quebrada com o nosso término.

Aquela barreira invisível entre nós parecia tão pequena diante aquele momento. Pude sentir seu calor e seu cheiro me envolvendo.

Eu tive vontade de me aconchegar contra ele, de sentir seus lábio em meu pescoço... tive vontade de nunca mais sair dali, em seus braços.

Eu senti nossa cumplicidade renascendo aos poucos. Naquele momento eu não me importei com as futuras consequências, simplesmente me permite viver aquilo.

UMA DOCETE DIFERENTEOnde histórias criam vida. Descubra agora