UMA DOCETE DIFERENTE

Coração aquecido.

***

Depois de um longo dia estudando e trabalhando eu me jogo em meu sofá, olhando para o teto. Vejo a Sarah saindo do quarto e vindo até mim.

- Alguém parece cansada... - Ela se joga ao meu lado, praticamente em cima de mim, no sofá.

- Não é fácil organizar um evento... - Suspiro, massagenhando minha têmpora.

- E se... - A Sarah faz uma careta, pensativa. - A gente podia ter um dia das garotas. - Arqueio a sombrancelha. - Tipo uma festa do pijama... com comida, máscara facial, filme e risadas.

- Você parece estar narrando uma cena de filme adolescente estaduniesense... - Comento rindo e ela faz um bico com os lábios.

- Por favor... A gente quase não tem tempo juntas... - Eu resmungo baixo. - Você tá sempre com seus antigos amigos e com seu namorado... por favor... - Ela parecia uma criança pedindo doce.

Realmente faz um tempo que não fazemos algo juntas, tenho sempre estado fazendo outras coisas. Sendo que antes andávamos juntas para todo o lado.

- A gente pode ver um filme de mistério, podemos contar histórias de terror e tudo isso comendo sorvete... - Ela tenta argumentar. - Sem contar que você está precisando descansar... - Suspiro, derrotada.

- Ok... mas vamos ver um filme de terror e comer chocolate - Ela sorri animada e vai até o quarto para pegar algumas coisas.

Eu fui até a cozinha a procura de algo para comer, com sorte, eu achei algumas barras de chocolate, sorvete de flocos e batatas chips com guacamole.

Volto para a sala e escolho um filme chamado: Lugar Silencioso. A Sarah volta e colocamos ambas máscaras faciais e depois pintamos as unhas.

Ela pinta de roxa e eu pinto de vermelho. Depois colocamos o filme para passar, enquanto beliscavamos algumas coisas, tentando não encostar na máscara no rosto.

Ficamos caladas assistindo o filme, apesar de não curtir filme de terror a Sarah só reclama do filme quando ele acaba, como se ela guardasse todas suas críticas em sua cabeça.

- Achei perda de tempo... - Assim como presumo, ela começou a reclamar depois que o filme acabou. - Eu preferia mil vezes um romance...

- Para de reclamar... - Reviro os olhos e pego nossas coisas para comer e vou até o quarto.

Nos sentamos em minha cama, ao som da minha playlist. Tiramos as máscaras e comemos nossos aperitivos, conversando casualmente.

- Você continua conversando com o Hyun por mensagens? - Ela dá de ombros, fingindo indiferença, mas percebo um sorriso discreto surgindo. - Já rolou o primeiro beijo? - Ela arregalou os olhos levemente.

- Maya... - Dou de ombros. Não é como se fosse algo absurdo. - Tão indiscreta... - Ela revira os olhos.

- Eu só fiz uma pergunta, não é como se eu tivesse perguntado se vocês dormiram juntos... - Ela me olha surpresa, me fazendo rir de sua expressão.

Ela estava levando uma batatinha chip para a boca, mas parou o movimento no meio do caminho. Seus olhos se arregalaram um pouco e vi a mesma corar.

- Você é uma idiota! - Ela fingiu irritação. - Ele só me chamou para sairmos... Talvez seja um encontro, não sei.

- Na maioria dos primeiros encontros sempre acontece o primeiro beijo.... - Ela sorri levemente. - Pelo menos é o que vemos nos filmes, né?

- Quem sabe... - Ela dá de ombros sorrindo. - Eu não me importaria se isso acontecesse. - Sua expressão fica sonhadora e eu aproveito para bate-la com um travesseiro. - Por quê você... - Rio de sua surpresa.

- Uma noite das garotas sempre acaba com uma guerra de travesseiros. - Bato mais uma vez em sua cara.

- Para alguém que não curte romances nem musicais, você entende bastante sobre diversão adolescente em filmes... - Eu reviro novamente os olhos.

- Você sabe que teve um tempo que eu adorava esse tipo de filme... - Falo indiferente e ela escolhe essa hora para tacar um travesseiro em meu rosto. - Aproveitando a minha distração, em?!

Volto a bate-la com o meu travesseiro e começamos uma guerra de travesseiros. Quando nos cansamos, sentamos no chão, morrendo de rir.

- E como estão as coisas com o Castiel? - Eu dou de ombros, sem esconder meu sorriso.

- As coisas entre a gente parece cada vez melhores... - Suspiro, ainda feliz. - Eu realmente gosto dele...

Na verdade é bem mais do que isso... Meu cérebro me lembra. Sinto aquela sensação incrível que sempre tenho com ele, surgindo novamente dentro de mim.

Flashback on

- Posso saber para onde estamos indo? - Pergunto pela milésima vez ao Castiel.

Nós acabamos de sair da entrega dos diplomas na escola, e o Castiel propôs que saíssemos um pouco.

- Você vai ver... - Foi a única coisa que ele me disse.

Estávamos no shopping pois o Castiel insistiu em me mostrar alguma coisa, que eu não faço ideia do que é. Ele me levou até o departamento de música da loja Vingir.

O Castiel tirou o seu celular e conectou a um dos fones ali presente. Em seguida ele me entregou e deu play em uma música.

Com certeza aquilo era errado, mas eu estava muito curiosa para saber o que ele queria me mostrar, então deixei ele continuar.

Era uma gravação, com um pouco de chiado de uma música com guitarra elétrica. Era uma melodia suave e profunda ao mesmo tempo.

Logo uma voz rouca começou a cantar e eu arregalei os olhos, descrente. Tirei os fones por um momento e o Castiel riu da minha expressão surpresa.

- Desde quando você canta? - Ele deu de ombros.

- Acontece as vezes...mas você deveria prestar atenção na letra. - Botei o fone novamente.

Prestei atenção na letra e me surpreende de quem ela falava. Ouvi até a última nota em silêncio e depois tirei os fones, olhando para o Castiel de olhos arregalados.

- É uma música... para mim? - Ele sorri ladino.

- Bingo. - Fiz uma expressão curiosa.

- Mas... porque? - Ele deu de ombros e suas bochechas ficaram levemente vermelhas.

- Não pensei muito bem nisso quando a compus. Eu estava pensando em você com o violão nas mãos... e o resto veio sozinho. - Ele sorriu de forma apaixonada. - Então, sim, talvez eu tenha um passado com outra garota. Mas, hoje, eu só tenho olhos para você.

- Essa música é linda. - Eu sorrio. - Ninguém nunca escreveu uma música para mim... - Ele sorri ladino.

- Assim espero. Eu não teria me dado todo esse trabalho para ser o segundo da lista, garotinha. - Ele corou novamente. - Por quê né? Não é todo o dia que eu componho e gravo uma música para alguém. Aliás, isso nunca havia acontecido comigo. - Ele mergulha seus olhos cinzas nos meus. - O que estou tentando dizer... é que eu gosto muito de você.

- Uau... - Se ele queria se declarar conseguiu perfeitamente.

- Se eu te provoco um pouco, é porque adoro te ver com raiva... Você fica super sexy. - Ele me deu uma piscadela.

O Castiel se aproximou de mim e me beijou, mordiscando um pouco o meu lábio inferior. Rodeei meus braço em volta dos seus ombros e me deixei levar.

Assim que nos distanciamos, sorrimos um para o outro e eu coloquei novamente o fone de ouvido para escutar a música de novo. Poderia ouvi-la todos os dias, sem enjoar dela.

Flashback off.

Sorrio ao relembrar esse momento e durmo com o coração aquecido e a mesma sensação incrível de sempre.