Não seja tão pessimista, querida!

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Meus pais acabaram entrando no Café e deixaram eu ter um tempo com o Castiel. O mesmo se recompôs, enquanto eu ainda estava séria.

- Seu pai é engraçado... - O Castiel comenta e depois me encara.

Eu o encarei de volta, séria assim como ele. Permanecemos assim por alguns minutos até cairmos na risada do nada.

- É melhor rir do que chorar... - Eu comento, me recompondo. - Bom, vou aproveitar com eles um pouco, a gente se fala mais tarde. - Dou um beijo em sua bochecha e o Castiel sorri.

Procuro meus pais dentro do Cosy Bear, mas só encontro minha mãe. Ela estava no buffet, então fui até ela e peguei um doce.

- Cadê o pai? - Pergunto, dando uma mordida em meu doce.

- Ele foi ao banheiro, eu acho... - Assinto, enquanto ela me encara. - Você realmente gosta dele, não é? - Ela perguntou, olhando para o Castiel do lado de fora.

- É... eu gosto. - Sorrio automaticamente. - O problema é que ele vai embora... - Comento comigo mesma.

- Como? - Minha mãe fez uma expressão confusa, me fazendo suspirar.

- Ele vai ter uma turnê mundial... depois que entregarem o diploma. - Explico. - Ainda não falamos sobre isso.

- Parece até que a história está se repetindo... - Eu assinto. - Mas não significa que tudo vai ser ruim como antes...

- Talvez seja pior. - Digo torcendo para estar errada.

- Não seja tão pessimista, querida. - Eu suspiro. - As coisas agora são diferentes, vocês dois amadureceram e estão tendo uma segunda chance de estarem juntos.

- Isso não significa que nós não vamos nos machucar. - Pego um aperitivo, comendo. - O que me garante que dessa vez vamos conseguir dar certo?

Eu não estava querendo ser pessimista, apenas realista. Não que eu estivesse sem esperanças, mas tudo parecia tão pequeno diante da minha insegurança.

Eu não costumo deixar transparecer meus sentimentos assim, mas é do Castiel que estamos falando. Ele me faz sentir e fazer coisas que não estou acostumada.

Não quero sofrer, mas também não quero perdê-lo. Nunca pediria para ele escolher entre mim e seu sonho, mas isso não me impede de ter medo.

- Nada pode te garantir isso... Mas quando amamos alguém, fazemos de tudo para dar certo! - Eu a encaro.

- É tão visível assim? - Ela ri.

- Vocês ficaram anos sem se falar, conheceram outras pessoas e seguiram suas vidas e sonhos. Mas foi só se reencontrarem que tudo que sentiam voltou a tona! - Eu sorrio.

- Errada você não está. - Admito.

- Pela forma que se olham tem tanta... intensidade, tanto amor. - Encarei o Castiel. - Em cada palavra dá para notar a cumplicidade e cada gesto se nota o carinho. - Sorrio. - Você está feliz com ele... um pouco diferente, mais leve, eu diria. Eu nunca te vi assim com ninguém, então se isso não for amor eu nem sei mais o que é. - Rio.

- Uau... foi meio brega, mas... não foi mentira! - Ela sorri.

- As mães sempre sabem das coisas. - Isso é verdade! - Lute pelo que te faz bem, Maya... - Nessa hora o meu pai chega.

- Oi... tá tudo bem? - Ele olha para minha mãe e eu, apenas assentimos em concordância. - Perai... eu conheço essa música - Arqueio a sobrancelha.

- Fim dos anos 90, Gala, Freed from deside... Isso me traz algumas lembranças. - Minha mãe assumiu uma expressão que representava a nostalgia.

- Vem, tá na hora de você mostrar se herdou o talento de seus pais. - Meu pai me puxou até a pista de dança.

- Eu não tô muito afim de dançar... - Cruzo os braços, enquanto vejo meu pai fazendo passos ridículos.

- Qual é, Maya, se divirta um pouco. - Ele balançava os braços e o quadril de forma exagerarada.

- Isso tá ficando vergonhoso. - Apesar de tudo eu não consegui conter a risada. Comecei a mexer um pouco o quadril de acordo com o ritmo da música.

- Se solta! - Ele pegou minha mão e me fez rodar, enquanto minha mãe observava, rindo de tudo.

Comecei a me mexer, me contagiando com o ritmo da música e me soltando aos poucos. Era inevitável não rir dos passos do meu pai e suas gracinhas.

Minha mãe acabou se ajuntando a nós depois. Quando a música finalmente acabou, meu pai nos abraçou apertado.

- As mulheres da minha vida, como eu amo vocês... - Eu fiz careta, mas permiti ele me abraçar por alguns segundos.

***

Depois de algumas horas de viagem, eu desço da minha moto e tiro meu capacete. Observo atentamente o cemitério em minha frente e respiro fundo, entrando.

Eu havia decidido vir na minha antiga cidade, para fazer uma coisa em particular. Então peguei minha moto e simplesmente vim para cá.

Algumas pessoas passavam por lá, visitando o túmulo de seus entes queridos. Era normal ver alguns falando com o túmulo ou colocando todo tipo de objeto ali.

Assim que chego em seu túmulo, deposito uma flor ali e me sento na grama. Peter Miller... Nunca havia estado aqui antes, nem mesmo quando ele morreu.

Várias lembranças vieram a mente, algumas boas, outras ruins. Sabe quando você diz que superou e seguiu em frente, mas tudo isso nunca foi verdade?

A verdade era que apesar de tudo eu não havia seguido totalmente em frente depois que ele morreu. Eu ainda me sentia culpada, ainda me sentia impedida de ser completamente feliz.

Era exatamente assim que eu me sentia todos os dias depois de sua morte. Eu demorei para encontrar meu bem estar novamente.

Mas agora eu precisava fazer isso, era apenas mais uma das coisas que eu deveria fazer para seguir em frente em paz comigo mesma.

Senti um peso enorme em meu coração e agora iria tirar tudo lá de dentro. Suspirei, antes de começar a falar.

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