Apresentação oral

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Ligação on

- Vocês já tem a data da entrega do diploma? - Ouço minha mãe perguntando. - Seu pai já tirou as férias, vai ficar um mês sem trabalhar...

- Eu ainda não sei... - Respondo.

- Soube que sua apresentação é hoje... - Sinto meu estômago embrulhar. Eu ainda estava tensa com isso. - Tenho certeza que você vai se sair muito bem...

- Valeu! - Escondi a preocupação e nervosismo que estava sentido, me mantendo indiferente por fora. - Vocês poderiam vir amanhã, vai ter um evento e tal... Talvez meu namorado esteja lá.

Eu não sabia ao certo se o Castiel estaria mesmo lá, ele tem estado bem ocupado, assim como quase todo mundo, na verdade.

Sei que eu poderia simplesmente falar quem era meu namorado para meus pais, mas eu queria mesmo reapresenta-lo, nunca tive essa vontade com nenhum outro cara além do Castiel.

Eu queria ser completamente dele e queria dizer para o mundo que ele é meu! Não é questão de posse ou orgulho, eu apenas quero mostrar como o amo.

- Tem certeza? Não queremos atrapalhar, nem te fazer passar vergonha.

- Nada fora do normal... - Digo, dando de ombros.

- Ok... Philippe? - Escutei ela falando com meu pai. - Vamos sair amanhã a noite! Balada, como antes!!

- Vou precisar estudar os passos de dança... Ainda estamos no auge da era disco, não? - Ouço meu pai falando, me fazendo revirar os olhos.

- E tô vendo que vou me arrepender disso... - Minha mãe ri.

- Vou desligar antes de você mudar de ideia. Tchau, querida! - Eu ri, levemente.

Ligação off

***

Ando de um lado para o outro, totalmente tensa, faltava apenas algunas minutos para minha apresentação oral e eu não consigo relaxar.

Mesmo entendendo da matéria e tendo ensaiado, eu ainda me sentia apreensiva e nervosa para apresentá-lo. Sentei, frustada em um uma cadeira no corredor.

Olhei em volta, vendo que estava sozinha no corredor. Eu sei que eu não deveria fazer isso, mas não consigo me segurar. Pego um cigarro em minha bolsa, pronta para acende-lo.

- Você sabe que não pode fumar aqui, né? - Assusto ao ouvir a voz do Castiel.

- Eu fumo quando estou nervosa... - Admito.

- Não acho que vai ser legal apresentar com cheiro de nicotina... - Suspiro e guardo meu cigarro novamente.

- Você tem razão... mas me diga: O que você está fazendo aqui? - Ele dá de ombros, sorrindo.

- Pelo que eu entendi fomos repartidos em diferentes prédios e horários. A minha apresentação vai ser as 16:05 no auditório 02.

- O meu vai ser no auditório principal, às 16:00. - Belisquei a minha pele com o polegar e o indicador, tentando massageá-la.

- O que você está fazendo? - Ele perguntou se referindo ao fato de eu estar me beliscando levemente.

- É uma técnica antiestresse. - Dou de ombros.

- Essa eu não conhecia. Mas conheço algumas que uso antes de subir no palco, caso você queira. - Assinto em concordância. - Você se joga na cadeira assim...

O Castiel abriu as pernas de um jeito exagerado, jogando-se na cadeira com uma pose desdenhosa, com ar arrogante. Ele agia como se ele fosse o rei do mundo.

- O que... - Não pude conter a risada de escapar dos meus lábios.

- Eu costumo fazer quando estou sozinho... - Ele se endireita, parecendo envergonhado. - Dizem que a maneira de como você se vê influencia sua atitude. Mas também funciona ao contrário, por exemplo, se você fingir ser uma pessoa confiante e orgulhosa, isso vai acabar contagiando o seu mental. - Ele explica.

- Deixa eu ver se entendi... Então se eu fingir estar tranquila e confiante, sendo que na verdade eu estou ansiosa e tensa, eu vou diminuir o meu estresse e ficar mais calma? - Ele assente. - Ok... - Dou de ombros.

Tento imitar seus gestos, abrindo as pernas e aderindo uma postura arrogante. Fingi estar mascando um chiclete de forma barulhenta, mostrando os músculos invisíveis do meu braço.

- E então? - Foi a vez do Castiel rir da minha cara.

- Até que me sinto um pouco melhor! - Admito. Senti meu coração acalmando um pouco.

- Eu deveria ter gravado! - Ele disse, sorrindo divertido.

- E eu provavelmente te faria engolir o telefone... - Ele arregala levemente os olhos. - Brincadeira... você sabe que eu te adoro! - Ele sorri.

Uma garota saí da sala 2 e um garoto saí da sala principal, eu observo sentindo minha ansiedade voltando. O Castiel me observava.

- Ei... não fica nervosa - Ele segurou com as duas mãos o meu rosto de forma carinhosa. - Você é incrível, apenas seja você mesma e tenho certeza que eles veram seu potencial... - Senti meu coração pulsando forte em meu peito, de uma maneira boa. - Para dar sorte! - Ele me dá um pequeno beijo.

Logo ele se afasta, sorrindo de forma encantadora e indo em direção da sua sala. Eu fiquei um pouco surpresa, mas depois sorri ladino.

Eu me sentia mais confortável depois de ter falado com o Castiel, é claro que ainda estou um pouco nervosa, mas meus sentimentos ruins parecem uma formiga diante da minha confiança.

O Castiel meio que tinha um dedo nisso, mesmo ele não tendo falado muito, todos os seus gestos mostraram apoio e reconforto.

Seus olhos e sorriso que me passavam tranquilidade, ele segurando meu rosto de forma carinhosa, sua forma de sempre me fazer sorrir, seu beijo me passando segurança e calmaria.

Entrei na sala, segurando minha pasta e pen-drive. Encontrei três pessoas ali me esperando, entre eles a professora principal do meu curso.

- Bom dia... - Eles me cumprimentaram e depois me deram o direito de falar.

Senti minha tensão se dissipar por completo com o decorrer da minha apresentação. Eles me ouviram atentamente e eu falei sem ao menos gaguejar ou me confundir.

- Muito obrigada, Senhorita! - Um deles se manifestou quando terminei. - Pode ir, tenha um bom dia... - Saí da sala indo direto para o pátio.

Um peso em meus ombros se desfez e me senti bem mais leve e feliz. Finalmente aquelas semanas tão estressantes tinham acabado.

Eu havia conseguido fazer os testes, terminar meu TCC e fazer minha apresentação oral, mesmo com todos os problemas e nervosismos.

Finalmente todas aquelas noites estudando, textos, livros, testes, professores chatos e pressões desnecessárias. Tudo acabou!

Sem poder me conter subi em um banco ali no pátio, parecia que eu estava sozinha ali. Eu estava feliz demais para me incomodar.

- FINALMENTE EU CONSEGUI!! - Gritei, aliviada.  - EU SOU A RAINHA DO MUNDO!!! - Gritei, me lembrando de um filme específico que eu curtia quando adolescente. Titanic, eu acho.

Percebi um garoto me olhando, parecia ter minha idade. O mesmo me olhou de olhos arregalados, como se eu fosse maluca e depois riu.

- PERDEU ALGUMA COISA AQUI? - Ele apenas levantou aos mãos em rendição. - Não pode nem mais ser feliz nesse mundo... - Desço do banco me direcionado para minha moto.

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