Me liberte

74.

Cecile acordou dolorida, novamente Raoul tinha exigido muito dela. Odiava sentir-se daquele jeito, mas agradecia por não se recordar de nada que acontecia entre eles.

- Amor, como pude ser tão rude com você ontem ... Minha bela. Raoul acordou e beijou a testa da jovem.

Cecile se cobriu, estava nua. Não gostava de dormir daquele jeito, mas Raoul sempre a proibia de se vestir para dormir.

- Por que está com vergonha? Você é linda, é bom dormir assim... Está agradando demais a seu marido. Meu sonho é que um dia você não tenha que usar nada durante todo o dia, estaria sempre disponível a mim... Raoul se levanta e começa a se vestir.

Cecile estava enojada, o que aquele homem pensava dela?

" Como pode me tratar de forma de promíscua?"

- Mas ... Não estamos num jardim do Éden. Infelizmente. Raoul completa entre risos, e se aproxima da jovem.

- Vou chamar Tamara ... Ela irá te fazer companhia. Irei voltar a noite, minha deusa. Raoul sorri e se retira do quarto.

Tamara tinha sido trancada junto a Oto, que parecia abatido e muito nervoso. Passava os dias preso, sentindo incapaz de ajudar Tamara que chegava sempre à noite cansada.

- Está tudo bem, amor... Tudo isso logo vai acabar. A jovem tranquilizava o noivo, não queria contar a ele sobre Reymond, não agora quando poderiam estar sendo vigiados.

- Venha... Raoul abre a porta de onde Tamara e Oto estão, sua feição estava tranquila e seu sorriso era sórdido.

Ao passar por Raoul, Tamara sente as mãos do visconde em seu quadril.

- Sua noiva é uma delícia, Oto. Raoul fala antes de bater a porta do quarto.

Tamara se sentia suja a ser tocada por Rauol, todos daquele lugar não faziam nada por medo, apenas observando a cena.

- O que? Está com medo de mim?? Tamara... Você é muito boa para estar tremendo... Vai, cuide de minha esposa. Com o tempo, você e ela poderão até se exibir para mim... Não é? Raoul provoca a jovem a deixando no quarto com Cecile.

Cecile tinha se acostumado com Tamara, a jovem parecia sempre nervosa ou envergonhada. Sempre parecia que estava prestes a contar algo.

- Tamara, você poderia me ajudar a me vestir? Cecile se sentia tão frágil e impotente sem poder fazer algo tão básico.

- Claro, senhora Chagney. Irei providenciar um vestido bem bonito. A jovem entra no closet e observa as roupas, logo abaixo da gaveta de sapatos tinha uma madeira um pouco diferente das outras.

" Deve ser essa a passagem para o quarto... devo deixar Cecile pronta" a jovem pegou um vestido e ajudou Cecile a se vestir.

A manhã passou rápido, Tamara fazia companhia a Cecile que tentava se distrair. A jovem se questionava se todas as manhãs seriam assim, tão tediosas, se desculpava com Tamara, mas ela sentia que tinha outra coisas a se fazer, e que Raoul a estava privando delas.

- Senhora Chagney, não se desculpe. Por tudo que conversamos, acho que a senhora é muito inteligente para estar somente aqui presa. Irei rezar para a senhora, que encontre o que tanto procura. Tamara confortava a jovem que estava com lágrimas nos olhos.

Depois de sair para cuidar de alguns afazeres para Cecile. Tamara observou novamente Reymond na cozinha.

- Francamente, como faz isso?? A jovem olha a cozinha deserta e entra na passagem secreta.

- Tenho sempre um ou dois truques na manga. E senhorita, quero apresentar meu amigo. Reymond observa Erik sair das sombras e acenar para Tamara.

Erik tinha se barbeado, cortado o cabelo e colocado a máscara que Cecile fizera a ele. Estava vestido de forma elegante, usando uma capa e um chapéu fedora.

- É um prazer... Erik contava as horas para aquele encontro, estava a pouco metros de Cecile.

- Oh... Olá, senhor... Reymond... Ele é?? Tamara fica confusa, seria aquele o marido de verdade de Cecile?

- Sim, Erik é o marido de Cecile. Porém, por conta de alguns mal-entendidos, Erik é agora... Reymond olha para o amigo que retira o chapéu.

- Pierre, até Cecile se recordar de meu nome e não se sinta ameaçada... Erik não se aguentava de ansiedade.

Tamara saiu rapidamente da passagem secreta, subiu as escadas animada e observou os guardas, tinham dezenas deles, mas a jovem sabia que Erik ou Pierre, estariam logo no quarto de Cecile.

- Oh!! Tamara... Você demorou. Já terminei este livro... Um tédio na verdade... Por que não há livros sobre finanças ou artes? Cecile resmunga, Raoul insistia que aqueles livros de etiqueta eram os melhores livros para ela.

- Ah ... eu também não aprecio esses livros, senhora. Mas tenho certeza de que na biblioteca há algo melhor... Posso buscar. Tamara sorri, estava prestes a deixar Cecile sozinha com um velho conhecido.

Cecile estava muito entediada para dizer não, então apenas observou Tamara sair no quarto.

Minutos depois, Cecile poderia jurar que estava ouvindo uma canção. Aquela melodia era muito familiar, aquela voz...

"Parlez-moi d'amour
Redites-moi des choses tendres
Votre beau discours
Mon coeur n'est pas las de l'entendre
Pourvu que toujours
Vous répétiez ces mots suprêmes
Je vous aime.

" A voz de meus sonhos!!" Cecile se agitou, queria caminhar e procurar de onde saia aquela canção.

Erik estava no closet, tinha entrado sem dificuldade pela passagem secreta, agora cantará a música que Cecile cantou ao estar em Paris com ele.

- Eu estou ficando louca... Sim, é de espantar.... Ficar aqui sozinha. Cecile ficou nervosa, poderia estar enlouquecendo?

Com rapidez, Erik desligou as luzes do quarto da jovem. Já que todas as cortinas estavam fechadas por Tamara, o quarto ficou numa completa escuridão.

- O que!! O que houve ... Quem... Quem está aqui? Cecile ouve passos, será que era Raoul?

Mas não, a voz estava chegando tão perto dela. Não era Raoul, era outra pessoa, alguém que estava a envolvendo com a música.

Il est si doux
Mon cher trésor, d'être un peu fou
La vie est parfois trop amère
Si l'on ne croit pas aux chimères
Le chagrin est vite apaisé
Et console d'un baiser
Du coeur on guérit la blessure
Par un serment qui le rassure"

- Cecile? Erik escutava a bela voz de sua amada, queria correr e abraçá-la, beijá-la

- Quem é você? A jovem avista o rosto do homem entre a escuridão e seu coração começa a bater rápido.

- Sou seu amigo... Um amigo do passado, que você está tentando recordar. Erik caminha até a jovem parando em sua frente.

Cecile achava muito familiar aquela voz e até mesmo aquele rosto. Que era coberto por uma máscara, mas a visão que tinha era que estava sonhando, que o homem em seus sonhos estava diante dela, para resgatá-la.

- Você veio para me resgatar? Cecile estava delirando, por que falava àquilo?

O misterioso homem sorriu, àquilo fez com que Cecile se iluminasse, até o sorriso dele a fazia se sentir segura.

- Irei te libertar do que te aflige. Mon chéri. Erik pousa a mão enluvada na mão da jovem num gesto carinhoso.

" Mon chéri? Quem me chamava assim... Quem...!!" Cecile estava frustrada, as suas memórias estavam todas bagunçadas, seria que aquele homem que fazia seu coração palpitar mais rápido, tinha as respostas para sua confusão?

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Música do capitulo: https://www.youtube.com/watch?v=RG8EJEJBWgY