22.

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No dia seguinte Erik logo arrumou tudo para ir até o opera, Cecile estava acordada e tomava seu café na cama.

- Preparada para conhecer meu covil, Cecile? Erik reapareceu e lançou um olhar misterioso.

- Co... Covil?

- Estou brincando. É agradável. Nada de ruim. Vamos?

Cecile entrou no carro, foi uma viagem curta, parando em frente ao Opera, teatro famoso de Paris.

" Eu posso falar com ele sobre ... Christine? Não! Se eu falasse isso, ele vai descobrir que eu o segui, e eu não quero que ele me ache uma neurótica. Eu só estava curiosa sobre ele, apenas isso" A jovem ficou em silencio, e pode admirar o enorme teatro que era tão famoso em Paris e que ela nunca tivera chances de visitar.

- Hum.... Chegamos? A jovem olhou para Erik.

- Sim. Aqui, vista isso. É melhor... onde vamos é frio. Erik tirou uma capa pesada com capuz.

- Frio? Mas... está calor? Cecile o olhou perplexa.

Erik não falou nada, apenas saiu do carro e foi em direção ao teatro. Com cuidado, ele apertou um botão ou algo parecido com um, que ficava do lado de trás da entrada principal e uma porta se abriu, era afastado da multidão e bem discreto, Cecile apenas alcançou o homem e olhou sem entender nada.

- Vamos? Erik ofereceu a mão e a jovem apenas aceitou.

O lugar era estranho, feito de pedras e com uma iluminação fraca. Escadas e túneis se perdiam de vista. Num outro lado um lago com um bote.

- Venha, eu te ajudo. Erik estava com a capa e pegou a mão da jovem colocando dentro do bote.

- O que é esse olhar? E ... esse silêncio, pensei que ia me xingar ou gritar ou... Erik e Cecile já estavam no meio do lago, uma névoa os engoliu.

Cecile apenas abraçou seus braços, estava ficando frio. Colocando o capuz da capa em sua cabeça. Não tinha nada a falar, até que tinha, mas não estava muito bem para começar.

- Chegamos. Venha não se molhe. Erik ergue a jovem e a coloca em pé num píer de madeira.

- Aonde estamos? Cecile finalmente falou algo

- Minha casa, onde vivi praticamente minha vida inteira.

Cecile olhou ao redor, estava escuro, mas tinha uma certa imponência nas paredes, colunas e na decoração. Um pouco sujo e abandonado, mas ali naquele lugar tinha peças rústicas, estátuas e muitos pedestais.

- Interessante... se não fosse a poeira, seria um bom lugar para se esconder. Cecile caminhou e tocou o antigo órgão negro numa parte mais elevada do lugar.

- Meu refúgio de fato. Sinta-se à vontade de conhecê-lo. Erik ficou em pé perto da jovem e a observava.

" Nem um sinal de medo... Ou hesitação. Cecile é doida, mesmo."

- Sou uma doida, não é? A jovem parou e virou para o homem.

- Ah... Que? Erik se assustou, estava a jovem lendo pensamentos.

- Qualquer outra pessoa iria estar morrendo de medo de tudo isso. Mas cá estou, não irei negar que é um lugar muito tranquilo. E olha a ironia, eu nunca estive nesse teatro. E estou no subterrâneo dele. Cecile se sentou num divã e olhou para o teto.

- Você está mentindo... uma dama tão requintada... não debutou em nenhum baile daqui do Opera?

- Não. Nada. Tinha perdido minha mãe, eu não tive ânimo para debutar ou ficar dando uma de iludida por aí.

- Oh... Entendo.

- E por que iria querer voltar a Paris? Esse maldito lugar foi o último que pode ver minha mãe viva. E o mesmo lugar que aquele nojento tentou aproveitar de mim...

Cecile colocou as pernas no divã, e suspirou.

"Eu sou uma idiota em ficar me abrindo a ele, mas algo me faz ser verdadeira com Erik e não o temer, logo eu posso admitir que estou realmente louca". Cecile observou o homem a olhando atentamente, sabia que sua feição estaria fechada e com um olhar de dor, iria contar a ele sobre tudo de sua vida, estava sozinha com ele mesmo, nada iria ser pior que ele a matasse, não é?

" Céus ... ele pode muito bem me matar aqui e ... deixar meu corpo apodrecer neste lugar" A jovem balançou a cabeça dissipando aquilo.

- Olha... eu estava muito feliz numa das festas que esses viscondes ou sei lá o que ofereciam... sério, eu estava me divertindo. Mas não tive muita sorte, um filho da puta me agarrou no andar superior da mansão, me levou a um quarto. Eu ainda tinha minhas duas pernas, estava completa. Estava escuro, mas eu pude muito bem ver quem era... O filho do dono da casa, com um olhar diabólico, querendo me fazer mal. Cecile se calou e abaixou a cabeça.

Erik não tinha visto Cecile ficar tão triste antes. Estava abraçando as pernas com força.

- Eu o mordi. Ele me deu um tapa, e eu caí na cama. Ele tinha correntes pesadas nas mãos, e eu não sei... O que ele iria fazer. Mas eu simplesmente me lancei para cima dele, vi que tinha tirado sangue dele, minhas unhas me ajudaram... Eu o vi caído, corri para baixo e convenci minha mãe a irmos embora.

- Depois de dois dias aqui, voltando para a casa. O carro capotou. Cecile estava sendo forte, mas depois de desabafar... ela não aguentou e chorou, lágrimas caiam sem parar de seu rosto.

Erik se sentou ao seu lado, e a abraçou. Acariciando seus cabelos e tentando a aquecer.

- Sinto muito. Por ter que relembrar essas coisas. O homem queria colocar a jovem em seu colo, estava ficando maluco, mas mesmo com os xingamentos futuros, com suavidade pegou a jovem em seu colo.

- Você me pôs no seu colo... eu... eu... deveria estar te xingando de estúpido, idiota ou... Cecile olhou para o homem e fungou forte em seu peito.

- Ou... Usando minha camisa como lenço. Erik esboçou um sorriso.

- Sim... Isso serve também... Cecile estava insana, sim era essa a palavra, mas não conseguiu esconder a sua vontade de abraçar mais forte aquele homem.

Um raio então tirou a atenção daquele abraço, fazendo a jovem estremecer.

- Está chovendo... Erik olhou para o lago que começou a encher mais e mais.

- Merda!! Erik!! A gente vai morrer! Você me trouxe aqui para morrer! Cecile empurrou o homem e ficou de pé.

- Calma. Não vamos morrer... A elevação do lago dura apenas algumas horas. Depois disso o barco será seguro e...

- Eii, não... Não! Como... Você ia apenas pegar seus pertences e iríamos embora. Agora! Eu... Vamos ficar aqui? Eu não quero... Eu não vou ficar aqui... A jovem andava em círculos.

- Amanhã já retornaremos. Há um quarto e você não irá morrer. Erik apontou para as escadas que davam acesso a um quarto e um banheiro.

Um outro trovão caiu bem perto, fazendo a jovem tremer, aquilo era assustador demais.

- Não quero ficar mais nem um dia nessa maldita cidade! Olha Erik... você trate de resolver tudo hoje! Amanhã eu caio fora daqui! Cecile apontou o dedo para o homem.

- Sim ... entendido. Porque você não se senta, e eu já resolvo tudo... ou pode ir ao quarto dormir. A noite passará rápido. Erik colocou as mãos no ombro da jovem e tentou acalmá-la.

- Não mande em mim! Eu faço o que quiser! Cecile saiu raivosa e se sentou no divã novamente.

- Nunca mandarei em você. Só quis te acalmar... agora com licença...

" Não deu nem três dias, e aqui estou num subterrâneo com um homem possivelmente doido, e sem ter como sair daqui. Ótimo, estou de parabéns, cada dia melhor!" A jovem suspirou e tentou não prestar atenção a chuva.

Me liberteOnde histórias criam vida. Descubra agora