Já no aconchegante chalé, Cecile pode observar que era uma construção bastante simples. Porém era bem confortável, as janelas em madeira eram largas e o sol refletia nos cômodos, plantas e flores estavam espalhadas em vasos e muitas fotos nas paredes, em uma Meg estava vestida de bailarina com Persa ao seu lado, ambos sorrindo.
- Erik. Você precisa me contar, o que é tudo isso? Pensamos que você estava morto, Persa e eu, só Deus sabe o quando te procuramos. Meg questionou, estava com uma expressão aliviada ao ver seu amigo, mas preocupada.
- Eu disse a vocês não se preocuparem, suas vidas eram o que mais me preocupava naquele momento. O homem se sentou próximo a Cecile.
- Você sempre durão. Persa ficou muito tempo infeliz, acordava assustado. Foram anos difíceis.
- Eu sei... também não foi algo muito agradável, mas estou de volta. Erik esboçou um sorriso.
Cecile estava em silêncio, apenas observando tudo, de fato aquilo era bastante curioso. Queria saber mais sobre a vida de Erik, morando em Paris e tendo como amigos Meg e Persa.
- Não deixe sua esposa tão deslocada, Erik... você precisa nos contar sobre tudo isso. Meg movimentou as mãos.
Um barulho de porta se abrindo veio da cozinha, e um homem moreno com os cabelos pretos encaracolados apareceu.
- E..Erik!? É você?? É você mesmo?? O homem largou o machado e correu abraçar seu amigo.
Erik estava apertando seu amigo, tinha ficado anos sem ter notícias do homem, seria estranho não sentir aquela saudade, pois eles eram tão companheiros.
- Eu ... pensei que você tinha morrido, eu ... Erik!! Isso é uma grata surpresa.
- Sim... sim... muitos acharam que eu morri, mas estou vivo!! E tudo que falamos no passado, sobre um chalé... no meio do nada, tudo isso se realizou.
- Você lembrou de nossas conversas... Erik me sinto tão feliz!! Venha, vamos conversar e.... com a alegria em ver seu amigo, o homem não percebeu a jovem de cabelos escuros sentada.
- Quem é ela?? Persa olhou Erik.
- Longa história... vamos eu irei contar tudo... mas para início de conversa, Persa eu te apresento Cecile Belfond...
- Olá senhorita, como está? Persa acenou com a cabeça para a jovem.
- Muito prazer, fico contente em conhecer um amigo de meu marido. Achava que ele não tinha nenhum. A jovem ofereceu a mão para Persa, que a cumprimentou.
- M..Marido?? O que é isso?? Persa olhou para Erik curioso.
- Venha amigo... vamos, eu explico tudo. Precisamos conversar. Erik puxou o homem e saiu do chalé.
Cecile ficou ali sozinha, com Meg a observando.
- Devo ter muita coisa a explicar, não é?? A jovem tentou sorrir.
- Com certeza. Aquilo de se casar em poucos dias é verdade? Vocês não se conhecem??
- Sim. Na verdade, eu... Encontrei Erik em uma situação muito adversa. Não sei no que deu em mim..., mas eu... é complicado. Cecile não sabia como contar sobre o leilão.
- Erik caiu numa armadilha, eu o vi sendo levado a força para um carro. Persa e eu vimos tudo aquilo, mas não pudemos fazer nada, creio que ele irá te contar com o tempo ... isso é algo que é realmente doloroso para todos. Meg relembrou em sua memória aquele dia, tão atípico.
2 anos atrás...
Opera GardinerErik e Christine estavam apaixonados, seu elo de amor e cumplicidade estavam já selados, com o anúncio de noivado entre eles.
Persa e Meg estavam felizes, finalmente aquele casal estava prestes a ser marido e mulher.
Erik tinha vivido quase toda sua vida no subterrâneo da Ópera, ali conhecerá persa e mais tarde Meg e Christine. Era um homem recluso, tinha consciência que não era aceito pela grande maioria por conta de sua deformação.
Ao salvar Christine de um ataque, a vida de ambos nunca foi mais a mesma, a jovem tinha visto naquele homem uma luz, algo que ela nunca tinha sentindo antes. E assim, começaram a trilhar um caminho cheio de amor e cumplicidade.
O que ninguém iria adivinhar era que uma pessoa, que odiava Erik e a Christine estava tramando por algo nefasto. Assim, a vida de Christine foi ceifada em frente de seu grande amor, um golpe preciso, perfurando seu peito. Erik enlouqueceu ao ver sua amada caída já sem vida, tentando salva-la correu com o corpo da amada para fora do teatro, caindo numa emboscada, e drogado.
Longe de Christine, viu se preso numa jaula, levado para longe e sofrido durante aqueles dois anos, a cada momento via a imagem de Christine sorrindo para ele, aqueles belos cabelos loiros que iluminava sua vida, um raio de sol, tudo aquilo tirado dele, por mero capricho.- Tenho certeza que foi algo terrível, não ver seu amigo. Espero que ele me conte tudo o que houve para ele ter parado preso numa jaula. Cecile se acomodou no sofá e observou Meg receosa.
- Ele deve ter sofrido tanto ... Eu e Persa ficamos por um tempo a procurá-lo, mas depois tivemos que nos afastar um pouco da cidade.
- Eu o encontrei num leilão. E eu não sei o que aconteceu comigo ..., mas eu simplesmente não pude vê-lo naquela jaula, e .... Aconteceu, eu o comprei. Não estava na minha lista fazer tamanha crueldade. Cecile estava envergonhada.
- Isso... Com certeza foi difícil para Erik, sobreviver neste período, sozinho e com tantas dores. Eu pensava que você era uma esposa ciumenta ... aquilo tudo de antes me fez pensar que... Meg foi interrompida.
- Claro que não!! Eu... Só não quis ser uma vadia, que sai roubando homem de outras, eu vi o menino e depois você, uma deusa praticamente abraçando Erik... Pensei que tinha feito alguma merda. Cecile elevou a voz.
Meg se assustou com o vocabulário da jovem, aquele rostinho angelical era apenas fachada, porém não escondeu a risada, pois Cecile era bem autêntica.
- Uma deusa? Oh, isso é um bom elogio. E eu gostei de você... tão segura de si! Acho que Erik e você estão batendo de frente. Meg ainda estava achando tudo aquilo muito engraçado.
- Ah... estamos nos tolerando. Afinal, estamos casados.
- E me conte, por que vocês casaram??
- Ah... eu precisava de um marido, bem... Era um empecilho, criado por meu pai em seu testamento. Eu deveria me casar, para usufruir de tudo. Digo, Erik é dono de tudo, mas eu não queria perder minha administração e tudo que lutei para qualquer macho escroto da sociedade.
- Erik foi sua melhor escolha? Bem, ele é confiável e não iria te decepcionar..., mas isso é muito enredo de livro, impossível algo deste tipo acontecer tão facilmente.
- É... Ele me surpreendeu... pensei que ele iria fugir no primeiro dia livre daquela jaula. Mas ele ficou...
- Ele sabe pagar as pessoas que o ajuda.
- Isso é bom, ele não fugiu ou nem me matou. Já estou no lucro!
Cecile estava aliviada, contar aquilo para alguém fez a jovem se sentir até mais leve.
- Então eu tenho uma nova amiga, você não parece ser nenhuma dama chata da sociedade... eu gostei de você! Meg se levantou e sorriu para Cecile.
- Obrigada... eu acho. A jovem se levantou também, mas vacilou e caiu novamente no sofá.
- Você está bem?? Meg percebeu o desequilibro da jovem.
Cecile estava tendo fortes dores em sua perna, era óbvio aquela caminhada iria fazer estrago mais cedo ou mais tarde.
- Eu estou bem, não se preocupe... eu apenas... Cecile levantou a saia, e ajeitou sua perna, percebendo que estava sangrando entre sua carne e o ligamento de sua prótese.
- Oh, céus!! Meg não escondeu o olhar surpreso.
- Não é nada, já estou acostumada a isso. Cecile viu a reação da mulher.
- Não... você está sangrando! Você precisa tirar sua prótese, eu te ajudo. Sinto muito eu .... Não sabia.
- Não é algo muito fácil de saber. Mais uma razão em que uma pessoa de confiança era o importante para mim, se as pessoas soubessem dessa minha fraqueza... eu estaria perdida.
- Você quer que eu chame Erik?? Vocês deveram passar a noite aqui. Eu não vou deixar você caminhar, assim machucada... E Erik é um descuidado ... te fazendo caminhar por tudo isso... Cecile tinha pego um pano, e estava limpando o sangue da prótese.
Cecile sorriu, Meg era bastante simpática e realmente muito cuidadosa.
- Não será necessário chamá-lo. Ele deve estar conversando com seu marido. Estou bem sério...
- Ok. Mas você irá ficar aí quietinha e eu vou fazer um chá para você. E depois irei arrumar o quarto de hóspedes... vocês ah. Dormem juntos?? Meg se levantou e guardou seu kit de primeiros socorros.
Cecile corou com aquele comentário, eles dormiam juntos..., mas não se passava daquilo.
- Ah... em minha residência sim. Eu e ele devemos manter nossa imagem de casados. A jovem tentou não gaguejar.
- Entendi... Hum, a cama é grande, vocês podem dividir. Já volto, vou te fazer alguns biscoitinhos também... Meg gesticulou com as mãos e se retirou do cômodo.

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Me liberte
De TodoCecile é uma jovem determinada, e sempre lutou para conseguir sua tão sonhada liberdade. Com a morte de seu pai, e um estranho contrato para a decisão da herança. A jovem parte em busca de uma alternativa para continuar trabalhando e não depender d...