23.

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Erik deixou Cecile, iria procurar seus pertences, e aqueles idiotas não encontraram seu bunker secreto, construído especialmente para casos extremos.
Abrindo a passagem secreta, viu o cofre e alguns de seus pertences no chão, do jeito que ele tinha deixado a última vez tinha descido naquele lugar.
O cofre era de metal, bem reforçado, era grande e com correntes além de um dispositivo acionado apenas por senha.
Abrindo o velho cofre, Erik observou as barras de ouro, joias e dinheiro. Persa não quis pegar muito do dinheiro, já que a venda da mansão fez com que seu amigo vivesse bem escondido na floresta com sua esposa e filho.

Abrindo uma gaveta viu sua antiga máscara Branca, era uma das dezenas que ele tinha, mas agora apenas aquela tinha sobrado.

Subindo de volta a superfície do seu esconderijo, observou Cecile que ainda estava no mesmo lugar que a deixou.

Os trovões e raios não tinham cessado ainda, um forte barulho de ventania e o frio invadiu aquele lugar.

- Nós vamos morrer... Cecile sussurrou, mas Erik não entendeu nada.

- O que você disse? O homem voltou para a jovem que ergueu o olhar.

- Eu disse que ... nós vamos morrer, merda!

- Claro que não. Não seja boba. É só chuva. Erik fez uma careta.

- Só uma chuva fez com que minha mãe morresse. Então acho que só uma chuva é algo muito grande para ser apenas algo bobo.

Um silêncio invadiu o lugar, Cecile abaixou o olhar e se cobriu com a capa.

- Queria saber mais sobre esse teatro... Ele era bem famoso, ainda é.... na verdade, me conte algo interessante... eu... preciso me distrair, disso. A jovem apontou para a chuva que caía, enchendo cada vez mais o lago.

- O interior dele é magnífico, seu teto é tão belo... bem, eu acho que não seria certo eu descrever para senhorita, seria necessário ver com seus próprios olhos. Seu telhado também não é ruim, é uma vista única de Paris.

- Parece interessante... a jovem suspirou, tinha visto algumas ilustrações do lugar, de fato era muito bonito.

- Sim. É único! Esplêndido. Realmente um lugar mágico. Podemos ir a um espetáculo, não acha uma boa ideia? Erik observou a jovem, que deu de ombros.

- Oh sim... iremos embora amanhã. O homem continuou.

- Você me levaria a uma apresentação? Digo, claro que você vai me levar, eu que estou no comando aqui. Que idiota sou. Cecile estava com um olhar perdido.

- Claro ... Total controle.

- É. Eu tenho uma dúvida... por que você viveu aqui?

- Esse lugar me acolheu. Me refiro... foi o único lugar que eu pude ficar depois de ter fugido dos ciganos. Era útil aqui, eu tinha acesso a tudo. Com o tempo conheci Persa, que cuidava das finanças do teatro, ele era bom para mim, sempre que eu pedia algo ele precisa prontamente ajudava.

- Ciganos? Oh... sim, eu ouvi falar sobre eles, daquele circo horrendo.

- Correto. Eu não sei quando parei nas mãos daqueles monstros. Mas desde sempre, minha infância e quase toda adolescência eu vivi preso. Era um espetáculo, por conta de minha anomalia.

- Isso é triste. Por que você não matou esses desgraçados?

- E quem disse que não matei? Três no caso, mortos de um jeito bem cruel. Erik sorriu.

- Eles mereceram... Ninguém pode tratar um ser humano assim. Sua vida é interessante, Erik Destler. A jovem olhou para o homem.

- Conturbada. Seria a melhor palavra, não é?

Me liberteOnde histórias criam vida. Descubra agora