Acordando no meio da noite, Cecile não estava mais conseguindo dormir ... encaixando sua prótese e jovem caminhou até uma escrivaninha e pegou de lá uma caixa com diversos materias para artesanato.
"Certo, já que não irei pregar o olho mais, vou tentar fazer algo para que Erik esconda sua face"
A jovem pegou uma tira de couro e agulhas, alguns outros tecidos e começou a costurar uma máscara preta com um forro delicado que não iria machucar com o tempo de uso.
"Era para fazer de qualquer jeito ... mas eu nunca fiz nada de má vontade, tudo que faço eu faço corretamente"
Terminando a máscara, a jovem tentou se lembrar do formato do rosto de Erik, sobre aquela barba e cabelos ... talvez aquela máscara provisória iria servir.
No outro dia ...
- Senhorita, isso realmente é seguro? A empregada entra no quarto apreensiva.
- O que?? Oh... Sim, Erik? Bem... se ele não fugiu durante a noite, iremos descobrir agora pela manhã, não é?
- Você é tão frágil, como trouxe alguém deste tipo para a casa...
- Frágil... Sim. Isso me faz frágil, não é? Não se preocupe, eu irei ficar bem. Cecile tocou na perna e se retirou do quarto.
Sentada na mesa, a jovem esperou o seu "noivo" não queria transparecer nervosa, mas suas mãos não paravam de mexer.
Caminhando de forma furtiva Erik percebeu que a jovem estava agitada sentada na cadeira da enorme sala de jantar.
- Vejo que você estava nervosa, achando que eu não estaria mais aqui. Aliás, agradeço pelas roupas. Erik apareceu e se sentou ao lado da jovem.
Cecile por alguns segundos constrangedores ficou encarando aquele homem que não era o que ela tinha encontrado ontem. Aqueles olhos tão ... tão verdes.
O homem estava barbeado e com os cabelos curtos, tinha uma feição altiva, não se parecia nada do que ela tinha encontrado na noite anterior.
- Pelo visto as roupas de meu pai serviram em você, não se preocupe hoje à tarde o alfaiate irá pegar suas medidas.
Erik observou a jovem, estava ainda de camisola e pensativa, suas mãos não paravam de tremer.
- Senhorita, devo ficar e fazer companhia? A empregada olhou de lado para Erik.
- Pode ir ... Ele não vai me matar.
Cecile olhou a senhora relutando a sair, e falou mais firme.
- Saia, sim? Não seja desobediente.
A senhora saiu, Cecile olhou para seu prato e começou a comer.
- Aquilo... foi realmente muito grosseiro. Erik reprovou os modos da jovem.
- Olha quem fala. Acho que você não está no direito de falar nada, sobre como trato meus empregados.
Erik sorriu, aquela jovem era realmente corajosa. Em silêncio começou a comer também.
Cecile olhou para os modos do homem, ele não era tão mal-educado, tinha uma certa fineza em seus modos na mesa.
- O que? Pensou que eu iria comer com as mãos? Erik pegou a jovem a olhar para ele.
- Como te encontrei ontem, sim... eu achava que estaria lidando com um selvagem. Melhor, pois vejo que há modos e que não precisarei te ensinar.
- Não se preocupe, eu sei me portar, sou mais inteligente do que pensa, Cecile.
A jovem se sentiu estranha quando ouviu seu nome sendo pronunciado por aquele homem. Ele era petulante ao ser tão informal com ela.
- Aqui. Não está perfeita, mas... não é muito bom as pessoas te ver assim. A jovem entregou uma máscara preta, que ela tinha passado uma parte da noite a costurar.
- Você... fez isso, para mim?
- Não é grande coisa. Quando tivermos mais tempo, posso contratar alguém melhor para esse serviço.
Erik observou a máscara, era bem costurada e com um acabamento perfeito. Parecia com as que ele tinha em Paris, antes do acidente...
- Está perfeita. Obrigado. Minha noiva. Erik lançou um sorriso para a jovem.
- Merda... você realmente está atuando bem. Devemos nos tratar assim de agora em diante, não quero que desconfiem disso.
- Você sempre foi assim tão grosseira? Estamos comendo, olha a boca.
Cecile olhou para o homem, aquilo a lembrava de seu pai que sempre a reprovava sobre os palavrões.
- Minha casa, eu faço o que entender. Noivo.
Cecile se retirou da mesa, e buscou pelo contato do advogado.
- Preciso que venha logo, precisamos resolver alguns problemas. Ao telefone, Cecile precisava formular o contrato para seu plano.
O advogado apareceu logo em seguida, angustiado e cansado, Cecile era uma jovem muito mandona, e sempre exigia rapidez.
- Ótimo, aqui. Preciso que faça esse contrato para mim, garanta que se a pessoa do contrato não cumprir com o acordado, tenha que pagar caro por isso.
O homem olhou no documento, precisaria formular um contrato bastante estranho.
- Senhorita, isso? Seria um contrato de serviços?
- Digamos... que sim, se essa pessoa não cumprir... eu farei pagar.
- Mas está tudo em branco... como vou entender sobre esse serviço?
- Apenas faça a parte burocrática, as assinaturas e eu faço o resto.
O homem se retirou, iria cuidar daquilo, mas ainda sim... não estava tendo um bom pressentimento.
- Vejo que sabe ler... ótimo. Cecile entrou no escritório e viu Erik sentado na poltrona com um livro em mãos.
- Sim, sei ler... E tenho outros talentos. "ma belle épouse, qu'il ne faut pas me comprendre" Erik sorriu e fechou o livro.
- Que gentil "minha linda noiva, aos quais você não deve me entender," mas eu entendi... Não é apenas você que sabe francês. Agradeço o elogio. Cecile jogou um olhar sarcástico.
- Oh... eu também sei falar italiano, espanhol e um pouco de latim. Vejamos... sou ótimo no piano, adoro escrever canções e cantar ... e espere, ainda tenho muito conhecimento em arquitetura. Erik estava contando com os dedos, seus diversos dotes.
- E você acabou numa jaula... por qual motivo? Se é tão inteligente assim?? Cecile provocou o homem.
Erik se levantou, olhou fixamente para a jovem, e a agarrou pela cintura, levando seu corpo junto ao dele.
- Não é educado ser tão incisiva. Há coisas que é melhor não saber, mon cher.
Cecile estremeceu, seu coração estava acelerado. Estava tão perto daquele homem, aqueles olhos tão penetrantes.
- Idiota. A jovem sussurrou para o homem e o empurrou, tentando se soltar.
Erik deu de ombros, e voltou para a poltrona e para sua leitura.

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Me liberte
RandomCecile é uma jovem determinada, e sempre lutou para conseguir sua tão sonhada liberdade. Com a morte de seu pai, e um estranho contrato para a decisão da herança. A jovem parte em busca de uma alternativa para continuar trabalhando e não depender d...