Esfregava meu braço com o papel higiênico, tentando limpar o sangue que escorria, encharcando-o. A pia de mármore branca se tornava vermelha, a água espirrava fortemente, molhando todo o carpete do banheiro.
Cuspi meu sangue na água, sentindo ainda mais repulsa e raiva. Joguei o papel no lixo, pegando outro, e mais outro. Até que o sangue parasse de escorrer das minhas narinas até os meus cotovelos. Encarei meu olho roxo no espelho, fechando o punho enquanto apertava a pia com força.
A porta do quarto foi aberta com brutalidade, chocando-se com a parede e emitindo um som estridente. Levantei levemente o queixo para olhar o reflexo, e esperar o momento em que meu pai entraria no banheiro, possesso de raiva. Foi o que aconteceu. Sua cara não era uma das melhores e eu já sabia o que viria a partir dali. Desviei o olhar, voltando ao que estava fazendo.
Eu só precisava me limpar.
— Outra briga, Tucker? É a quinta esse mês!
Fiquei em silêncio, o ignorando, tentando não me irritar com sua mania de me chamar pelo sobrenome como se eu fosse um estranho e não o seu próprio filho.
— Você não toma jeito, não é? — Ele bufou — Tem quase 18 e continua agindo como uma criança. — Levantei meu olhar para o espelho, vendo sua pessoa atrás de mim, massageando as têmporas irritado.
Fechei o registro, limpando a pia ensanguentada com uma camiseta suja. Não queria perder a cabeça outra vez e, meu cérebro me dizia para me manter ocupado.
— Acha que eu não tenho o que fazer? Ando muito ocupado para ter que ir na escola porque o meu filho está agindo como um delinquente!
— Agora eu sou seu filho? Engraçado. — Ralhei, rindo sem humor.
— Não me venha com o seu vitimismo. — Fiquei quieto, jogando a camisa suja de lado — Sabe o que tive que fazer para não te expulsarem?
— Nem imagino o sacrifício… — Soltei com sarcasmo.
— Está na hora de crescer, Phillip, você é um Tucker. Não pode assumir os negócios da família agindo como um sem noção!
— Foda-se os negócios! Eu não quero fazer parte disso de qualquer forma. — Retruquei, o encarando pelo espelho.
— Dobre a língua para falar comigo, seu insolente! Eu ainda sou seu pai.
— E eu sou a porra do seu filho! E você nem está se importando com o que aconteceu, tudo que te preocupa é a sua reputação! — Cuspi as palavras sem perceber, ainda segurando-me na pia.
— Pare de agir como estúpido, e aí sim eu irei dar a mínima para o que você faz.
Me virei para olhá-lo, me encostando na pia despreocupadamente. Seus cabelos escuros e perfeitamente cortados, estavam penteados para trás, sua barba estava feita e bem alinhada, indicando que o mesmo havia voltado da barbearia.
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Pecado Divino
Romance+18 | violência explicita, drogas ilícitas, conteúdo sexual, conteúdo sensível. Phillip Tucker é o tipo de cara que não acredita no amor; ou talvez tenha desistido dele. Após um dos acontecimentos mais traumáticos da sua vida, Phillip se vê no fund...