Capítulo 7

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Estava amanhecendo

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Estava amanhecendo. Passei o resto da noite voando pela cidade, passando por lugares que eu nunca vi antes, lugares que eu não sabia que existia. A cidade era bonita, eu podia admitir — embora fosse muito agitada e barulhenta, — era um lugar deslumbrante.

Mas quando o céu deu indícios de que mudaria de cor, e que o azul escuro se tornaria lilás e em seguida azul claro, eu precisei voltar para a casa do Tucker. Embora eu soubesse que ele estava furioso comigo, sabia que ficaria ainda mais se eu não voltasse.

O sol estava surgindo aos poucos, iluminando minha visão lentamente, conforme eu voava de volta para o meu destino. Era um risco eu me expor assim, mas eu me sentia presa quando não podia voar, me sentia sufocada quando eu precisava usar roupas, aqui não era o meu lar; mas eu não podia voltar.

Me aproximei da casa enorme de cor gelo, com muros grandes cobertos de heras e um portão gigante com uma letra T que se partia sempre que aquela entrada se abria. Apenas passei por cima dele, observando o jardim com mais clareza, vendo daquela altura a beleza que ali havia.

Estava passando direto para meu quarto, quando avistei a porta da varanda do Phillip aberta. Fiquei com receio de entrar lá, mas quando dei por mim, minhas asas já batiam naquela direção. Pousei na sacada, fechando as asas em minhas costas e, na ponta dos pés, adentrei o quarto dele.

Encontrei o mesmo dormindo em um sono profundo, desajeitado em sua cama. Não havia cobertor cobrindo, seus cabelos estavam bagunçados, seu abdômen estava exposto, deixando visível o desenho de asas em seu peito. Era fascinante!

Me aproximei dele a passos gatunos, o observando atentamente.

Era estranho tudo o que eu estava tendo que lidar; mas com certeza a humanidade era a pior.

Phillip era uma pessoa difícil, nem sempre tinha paciência, às vezes perdia a cabeça com facilidade, e sempre estava irritado com o mundo. Eu não entendia o porquê da sua personalidade ser tão negativa, nem de muitos humanos por aqui.

Mas eu sabia que Phillip estava zangado comigo, por hora. Eu bati nele, eu lhe bati com um pedaço de madeira! Eu não devia ter feito o que fiz, eu não devia ter feito muitas coisas aqui. Eu sou um anjo, anjos não se comportam assim.

Mas como irei explicar para ele que eu perdi minha graça quando fui beijada por aquele humano?

Eu senti ela se esvaindo quando provei da experiência humana e mundana, eu perdi minha graça divina, e agora, eu sinto coisas humanas e mundanas.

Embora eu ainda seja um anjo, embora eu ainda tenha minha divindade, meus dons… Sei que não sou mais portadora da inocência.

E sei que isso não se trata apenas do beijo.

Sinto emoções estranhas, sinto vontades estranhas, desejos. Eu almejo coisas que eu não devia, estou pecando em pensamentos.

Phillip foi o primeiro humano com quem tive contato, e eu sabia que me ligaria a ele. Embora eu tenha sido beijada por outro, Phillip ainda era o humano a quem eu estava ligada. Deus não havia me avisado sobre isso, mas eu estava ciente.

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