Capítulo 69 - Bônus

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Briana

Encarei a porta de madeira branca à minha frente, e hesitei — como sempre fiz, como tenho feito há tanto tempo. Minhas mãos tremiam, minhas pernas pareciam a ponto de cederem e sentia como se meu coração estivesse preso em minha garganta.

Vamos, sua covarde!

Meu subconsciente gritava; ele costumava gritar essas mesmas três palavrinhas sempre que eu recuava antes de sequer dar o primeiro passo. Eu deveria dar ouvidos a ele, mas ao que parece minha covardia sempre gritava mais alto.

Isso é ridículo.

Bufei, erguendo a mão pela milionésima vez para bater à porta, enquanto tentava inutilmente levar o ar aos meus pulmões. Aquela casa era enorme, havia janelas em todos os lugares possíveis, mas naquele momento eu me sentia sufocada.

Espremi os olhos, inspirei profundamente e bati; apenas três batidinhas, leves, mas altas o suficiente para que a pessoa do outro lado ouvisse. Encarei meus próprios pés e contava mentalmente até dez ao passo que aguardava ser atendida — eu poderia desmaiar bem ali.

Ouvi o ranger da porta sendo aberta e engoli em seco, erguendo os olhos lentamente para encontrar o mar castanho-esverdeado que eu passei a admirar tanto. Prendi o fôlego imediatamente quando nossos olhares se encontraram; era estranho, há segundos eu ansiava por ar e agora me via prendendo o fôlego só em olhar para ele — Nathan.

Nunca consegui entender o poder que esse cara tinha sobre mim, mas ele tinha, e isso era uma merda gigante. Arriscava dizer que ele era meu ponto fraco, muito embora nunca tenha o deixado saber. Eu faria qualquer coisa por ele, e ele nem imagina.

Olhei para ele, encarando com atenção e senti borboletas na barriga ao estudar sua aparência. Seus cabelos escuros estavam bagunçados, mas úmidos, indicando que o mesmo havia tomado banho recentemente. Nathan vestia uma regata que deixava seus músculos evidente — e ele mais lindo ainda —, uma calça moletom cinza que eu não sabia que precisava vê-lo vestido nela até vê-lo vestido nela.

Engoli em seco, tentando manter a compostura que dificilmente eu conseguia manter toda vez que eu o via. Tentei não suspirar quando meus olhos percorreram seu corpo escultural, indo até suas mãos fortes onde uma tatuagem estava estampada em um de seus dorsos. Minha mente sempre ia longe quando olhava para elas — ele tinha mãos bonitas.

Alto, lindo, forte, um pouco libertino — Nathan era tudo que uma garota de dezesseis anos desejaria ao entrar no ensino médio. E eu era essa garota, continuo sendo um ano depois.

— Briana? — Sua voz rouca preencheu o corredor, e me vi tentando encontrar a minha própria voz naquele momento.

— Sua mãe disse que eu podia subir... — Pigarreei, brincando com os nós dos dedos em minhas mãos — Eu posso entrar?

Imediatamente ele se afastou, me dando espaço para adentrar o quarto sem sequer emitir nenhuma palavra. Seu perfume invadiu meu espaço pessoal assim que atravessei a soleira da porta, o cheiro inebriante mexendo com algo em meu baixo-ventre.

— Como... como você está? — Perguntei, me virando para olhá-lo conforme ele fechava a porta.

— Indo.

Sussurrou, desviando o olhar para algum ponto distante que eu desconhecia. Meu peito doeu um pouco ao analisá-lo com cuidado, seu rosto triste e sem vida, seus olhos vermelhos. Eu sabia o que se passava em sua cabeça, sabia porque eu também não conseguia parar de pensar nisso.

Faziam dois dias que Angel havia partido, e têm sido um inferno ter que lidar com isso — e com o fato de que a minha amiga era literalmente um anjo —, as coisas andavam complicadas.

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