Capítulo 41

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Eram por volta das três da manhã quando acordei sobressaltado, assustado com os gritos ensurdecedores de Angel no quarto ao lado; não pensei sequer um segundo antes de pular da cama e correr até ela

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Eram por volta das três da manhã quando acordei sobressaltado, assustado com os gritos ensurdecedores de Angel no quarto ao lado; não pensei sequer um segundo antes de pular da cama e correr até ela.

O quarto do meu pai é a prova de sons, então eu não sabia se era Maria que tinha um sono pesado, ou se eu que não estava conseguindo dormir e por isso acordei de imediato. Mas quando invadi o quarto de Angel, percebi que só eu havia escutado.

Ela estava chorando em meio aos gritos e súplicas, se esperneando e desfazendo a cama, implorando para que alguém não a machuque — era uma imagem que dilacerava meu coração. Me aproximei dela em passos largos e segurei seus ombros; ela estava pingando suor, eufórica, e atordoada.

Angel — Chamei-a, desesperado — Angel, acorda!

Não! Por favor, não! — Choramingou, ainda adormecida.

Ela não parava de se mexer, era quase impossível mantê-la calma dessa maneira. Mesmo eu a balançando, mesmo eu tentando acordá-la, ela não conseguia se desprender de seu pesadelo, voltar à realidade.

Angel — Falei outra vez, sem fôlego.

Com um arquejo, ela despertou, se sentando na cama, sem fôlego. Seu peito subia e descia, desenfreado, seu coração parecia uma metralhadora sob a camisola fina de cetim. Ela estava assustada, olhando em volta como se procurasse uma ameaça, como se esperasse ver o protagonista de seus pesadelos ali.

Mas ela me viu; seus olhos encontraram os meus naquela meia-luz, e eles brilhavam devido as lágrimas. Sua feição era ao mesmo tempo de alívio e tristeza, e uma dor aguda apertou meu peito.

— Foi um pesadelo — Assegurei — Está tudo bem.

Ela assentiu, e chorou ainda mais. Eu não me contive e a abracei apertado.

— Shh — Sussurrei, assim que ela começou a soluçar sobre meu peitoral — Tudo bem...

— Isso nunca vai parar? — Sua voz saiu abafada — Ele nunca vai deixar de me atormentar?

Espremi os olhos, trincando o maxilar quando a raiva me penetrou de supetão. Mas uma parte de mim estava satisfeito por ter deixado o responsável em coma, e posso até ser um ser humano de merda em pensar assim, mas o que ele a fez, e continua fazendo, prova que, de fato, eu peguei leve.

— Vai ficar tudo bem — Proferi, incerto.

Porque eu não sabia; não sabia até quando isso iria durar, não sabia até quando ela passaria por essa tortura. Mas eu sabia que um trauma assim, não some tão facilmente. Ele fica grudado na pele, como uma maldita tatuagem, como uma cicatriz. Ela nunca vai esquecer.

E não sei se sou capaz de dizer isso a ela.

[...]

Na manhã seguinte, Angel não estava em seu quarto quando decidi checar. Havia deixado-a lá depois da mesma adormecer novamente, e voltei para a minha cama, com os ouvidos alertas a todo momento, mas não a ouvi gritar outra vez.

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