Sua voz era suave, serena, neutra, e indecifrável. O que só me deixava ainda mais nervosa, porque eu sabia o quão ele era cauteloso, misterioso, calmo demais.
— Faz um bom tempo que não ouço esse nome... — Murmurei baixinho, incerta.
— Imagino, visto que aqui você tem outro nome. — Disse em desaprovação.
— O que faz aqui? — Me atrevi a perguntar, tentando manter o semblante passivo.
— Você tem sorte de ser eu e não o Miguel. — seu tom era firme, mas sincero — Ele está um tanto decepcionado com você.
— E nosso pai? — Ignorei a menção a meu irmão, ele não me interessava agora, mesmo sabendo que estaria encrencada em suas mãos.
— Você precisa voltar, irmã. Já está tempo demais aqui, não enxerga o que está fazendo consigo mesma? — Meu corpo tremeu discretamente, pois suas expressões faciais demonstravam um certo desespero.
— O que queria que eu fizesse, huh? Eu precisava fugir. — argumentei, impaciente — Miguel nunca facilitaria as coisas entre mim e nosso pai.
Gabriel suspirou, massageando as têmporas em uma tensão visível. Estava impaciente e cansado, eu imagino como anda a situação lá em cima.
— Precisa voltar para casa. — Pontuou, ríspido — Antes que nosso irmão venha buscá-la.
Ri fraco, desviando o olhar para algum ponto distante.
— Por que ele viria aqui? — Suspendi uma sobrancelha. Não era de hoje que Miguel demonstrava indiferença com a terra, ele não simpatizava tanto assim.
— Se surpreenderia com os limites que ele pode ultrapassar. — Gabriel comentou — Ele está bravo, Nayla, muito bravo.
— Eu não posso fazer nada a respeito. Não consigo voltar.
— É por isso que eu estou aqui. — Sorriu, se aproximando — Venho lhe dar uma chance de voltar para casa — meu semblante mudou para surpresa.
— Como?
Minha voz não passou de um murmúrio baixo, quase inaudível.
— Podemos ajudar, mas você precisa se ajudar também.
— O que eu preciso fazer? — Ergui o queijo, determinada.
Se havia uma chance de voltar para casa, eu o faria. Nem que isso me custe tudo que eu conquistei aqui, o que não foi muito.
— Está decidida a largar tudo e voltar? — Assenti incerta — Não está envolvida demais com aquele humano?
Engoli em seco, sentindo meu corpo tremer um pouco.
— Não temos nada.
— Vocês se beijaram, irmã. Mais vezes do que eu posso contar. — Ele virou-se, andando devagar pelo terraço — Nosso pai não está contente. Nenhum de nós. — Fiz menção em falar, mas ele continuou — Anda agindo não só como uma humana, mas como uma mundana. Mentindo? O que deu em você?
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Pecado Divino
Romance+18 | violência explicita, drogas ilícitas, conteúdo sexual, conteúdo sensível. Phillip Tucker é o tipo de cara que não acredita no amor; ou talvez tenha desistido dele. Após um dos acontecimentos mais traumáticos da sua vida, Phillip se vê no fund...