Capítulo 24

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Sua voz era suave, serena, neutra, e indecifrável

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Sua voz era suave, serena, neutra, e indecifrável. O que só me deixava ainda mais nervosa, porque eu sabia o quão ele era cauteloso, misterioso, calmo demais.

— Faz um bom tempo que não ouço esse nome... — Murmurei baixinho, incerta.

— Imagino, visto que aqui você tem outro nome. — Disse em desaprovação.

— O que faz aqui? — Me atrevi a perguntar, tentando manter o semblante passivo.

— Você tem sorte de ser eu e não o Miguel. — seu tom era firme, mas sincero — Ele está um tanto decepcionado com você.

— E nosso pai? — Ignorei a menção a meu irmão, ele não me interessava agora, mesmo sabendo que estaria encrencada em suas mãos.

— Você precisa voltar, irmã. Já está tempo demais aqui, não enxerga o que está fazendo consigo mesma? — Meu corpo tremeu discretamente, pois suas expressões faciais demonstravam um certo desespero.

— O que queria que eu fizesse, huh? Eu precisava fugir. — argumentei, impaciente — Miguel nunca facilitaria as coisas entre mim e nosso pai.

Gabriel suspirou, massageando as têmporas em uma tensão visível. Estava impaciente e cansado, eu imagino como anda a situação lá em cima.

— Precisa voltar para casa. — Pontuou, ríspido — Antes que nosso irmão venha buscá-la.

Ri fraco, desviando o olhar para algum ponto distante.

— Por que ele viria aqui? — Suspendi uma sobrancelha. Não era de hoje que Miguel demonstrava indiferença com a terra, ele não simpatizava tanto assim.

— Se surpreenderia com os limites que ele pode ultrapassar. — Gabriel comentou — Ele está bravo, Nayla, muito bravo.

— Eu não posso fazer nada a respeito. Não consigo voltar.

— É por isso que eu estou aqui. — Sorriu, se aproximando — Venho lhe dar uma chance de voltar para casa — meu semblante mudou para surpresa.

— Como?

Minha voz não passou de um murmúrio baixo, quase inaudível.

— Podemos ajudar, mas você precisa se ajudar também.

— O que eu preciso fazer? — Ergui o queijo, determinada.

Se havia uma chance de voltar para casa, eu o faria. Nem que isso me custe tudo que eu conquistei aqui, o que não foi muito.

— Está decidida a largar tudo e voltar? — Assenti incerta — Não está envolvida demais com aquele humano?

Engoli em seco, sentindo meu corpo tremer um pouco.

— Não temos nada.

— Vocês se beijaram, irmã. Mais vezes do que eu posso contar. — Ele virou-se, andando devagar pelo terraço — Nosso pai não está contente. Nenhum de nós. — Fiz menção em falar, mas ele continuou — Anda agindo não só como uma humana, mas como uma mundana. Mentindo? O que deu em você?

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