+18 | violência explicita, drogas ilícitas, conteúdo sexual, conteúdo sensível.
Phillip Tucker é o tipo de cara que não acredita no amor; ou talvez tenha desistido dele.
Após um dos acontecimentos mais traumáticos da sua vida, Phillip se vê no fund...
Meu refúgio, é em seus braços Quando o mundo traz fardos pesados, eu posso suportar umas mil vezes Em seu ombro, eu posso alcançar o céu infinito Sentir como no paraíso
Uncover,Zara Larsson
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Eu amava dias chuvosos.
Havia voltado da escola há uma hora exatamente, só não sabia quantos minutos tinham se passado desde que entrei no banho e parei para observar a chuva; as gotículas de água deslizavam pelo vidro fosco da janela do banheiro, conforme eu permanecia sentada na banheira.
A água ainda estava convenientemente aquecida, mas eu sabia que em algum momento eu teria que sair dali. Muito embora não estivesse muito animada para encarar o mundo por trás daquela porta — não depois de hoje.
Com o queixo apoiado sobre os joelhos, abracei as pernas dobradas e fitei a janela, suspirando conforme as lembranças de mais cedo se materializavam em minha mente. Não queria pensar nisso mas sabia que era inevitável, estava me assombrando desde que saí da escola.
"Não há outro jeito."
Foi o que meu irmão, Gabriel, me disse mais cedo, quando apareceu tão repentinamente na escola à minha procura. Estava chovendo desde que acordei, e quando o vi naquele corredor, encharcado e com uma expressão preocupada, eu soube que o que quer que ele estivesse prestes a me falar, não iria me agradar.
"Você precisa voltar" disse ele "Para o seu bem e o de todos."
Naquele momento eu soube, que não importava o quanto eu tentasse não machucar alguém, eu era uma ameaçava.
Eu sabia que ele estava certo — muito embora eu me recusasse a acreditar —, no fundo eu sempre soube que só havia uma solução para este problema. Mas apenas a mera possibilidade de deixar tudo o que eu mais amava para trás, me matava — me destruía.
Como eu contaria ao Phillip que a única maneira de mantê-lo seguro era indo embora? Que a única forma de evitar uma catástrofe era voltar para o céu, para onde eu nunca deveria ter saído? E mesmo eu sabendo que ele tentaria encontrar razões para eu ficar, mesmo sabendo que na sua cabeça ele não precisa de segurança, eu jamais me perdoaria se algo lhe acontecesse.
Precisava tomar uma decisão — não, eu precisava tomar coragem para fazê-lo, porque não era apenas a ideia de deixá-lo que me atormentava, mas a ideia de magoá-lo fazendo essa escolha.
A água esfriou, por fim, e fui obrigada a me retirar da banheira. Me enrolando num roupão, deixei o banheiro e caminhei até o closet, me sentando no banco acolchoado conforme secava os cabelos com uma toalha. A chuva ainda caía lá fora — forte, determinada —, prometendo levar todas as minhas aflições junto com a água.