Capítulo 68

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Eu tive tudo e a maior parte de você, um tanto e agora nada de você
Me leve de volta para a noite em que nos conhecemos

The Night We Met, Lord Huron

Meu celular tocou às duas da manhã, eu ainda não estava em casa, e nem mesmo pretendia voltar naquele momento; na verdade, não sabia se conseguiria voltar, estava bêbado

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Meu celular tocou às duas da manhã, eu ainda não estava em casa, e nem mesmo pretendia voltar naquele momento; na verdade, não sabia se conseguiria voltar, estava bêbado.

Sequer li o nome do contato que brilhava na tela, apenas atendi desajeitadamente a ligação, e equilibrei com dificuldade o telefone na orelha. Engoli a última dose que havia na mesa e limpei a garganta, tentando encontrar minha voz.

- Alô?

Consegui dizer, embora tenha quase certeza de que havia balbuciado.

- Phillip? - Reconheci a voz do meu pai.

- É claro, quem mais seria? - Ri, sinalizando para o garçom trazer mais algumas daquelas doses.

- Você está bêbado? Onde você está? Estou ligando há horas...

- Relaxa! Está tudo bem. - Assegurei, pegando um cigarro torto que havia deixado sobre a mesa - Volto pela manhã.

- Não - Disparou - Pelo amor de Deus, onde você está? - Havia um tipo de desespero em seu tom de voz.

- Sendo sincero, eu não faço ideia - Confessei, varrendo o local com os olhos, não reconhecendo onde estava.

Era um bar pequeno, moderno, e diferente de todos que já frequentei, talvez eu tenha dirigido bastante para chegar até aqui, não tenho certeza. Não estava preocupado, de qualquer forma, não importava onde eu estava, eu só precisava... esquecer.

- Me mande a localização - Disse, e revirei os olhos.

- Não precisa.

- Agora.

- Eu disse que não precisa...

- Me escute bem, Phillip - Seu tom de voz era duro agora - Eu perdi uma filha essa noite, não vou perder você também.

Senti meus olhos queimarem de repente, e pisquei rapidamente para afastar as lágrimas, odiando aquela sensação que ameaçava voltar com tudo naquele momento. Não queria ter que lembrar do que havia acontecido mais cedo, não queria me lembrar dela, mas, aparentemente, as pessoas não estavam dispostas a esquecerem.

- Estou voltando pra casa - Pontuei, áspero, e ignorei seus protestos ao desligar na sua cara.

Tirei uma nota qualquer da carteira e pousei com força na mesa, me levantando bruscamente e me retirando do bar a passos largos e desequilibrados; nem mesmo sabia se estava andando em linha reta ou em zigue-zague - foda-se isso.

Peguei um dos cigarros amassados da carteira de cigarro amassada e coloquei entre os dentes, acendendo com um isqueiro que eu não fazia ideia de quem era desde que surgiu à minha mesa, e acendi, caminhando praticamente às cegas em direção ao meu carro.

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