Capítulo 59 - Bônus

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Matt

Era apenas terça-feira e eu já me via desejando faltar aula pelo resto da semana. Minha bateria social havia ido com Deus, e minha disposição nem existia mais — além da minha concentração de merda e a minha falta de interesse por qualquer coisa que não fosse ficar em casa jogado na cama.

Eu estava uma merda.

Haviam se passado dois dias depois da bomba que caiu sobre mim através de Angel, quando a mesma irrompeu pela porta de sua casa aos prantos — tão desesperada, tão angustiada — e me disse o que eu desejava não ter que ouvir novamente.

Phillip dormiu com Victoria.

É claro que, eu estava perfeitamente ciente da vida mais do que agitada de Victoria, e mesmo que eu estivesse "acostumado" com sua rejeição e seus sentimentos nada recíprocos, saber que um dos meus melhores amigos havia feito de novo o que havia feito inúmeras vezes, me quebrava pra caralho.

Eu não estaria surpreso se não tivesse visto o quão apaixonado Phillip estava pela Angel — deveria estar, ao menos —, no quão ele parecia envolvido com ela, disposto a ser uma pessoa melhor por ela. Mas a sua traição além de machucar a minha melhor amiga, me machucou de uma forma que eu pensei que não o faria.

Precisei aguentar vê-los juntos por meses naquela porcaria de amizade colorida, sempre se pegando em festas, escapando de nossas vistas, enquanto o idiota aqui fingia — ou pelo menos tentava fingir — que não sentia mais nada por Victoria. E quando Angel apareceu, surgindo em nossas vidas como um anjo vindo do céu, eu não pude deixar de ficar aliviado ao saber o quão ela afetava o Phillip. Em saber que, muito provavelmente a história com Victoria chegaria ao fim.

Até que chegou, e embora eu soubesse que ela jamais me veria com outros olhos, estando com o Tucker ou não, só em não ter que vê-la com meu melhor amigo já era uma benção divina. Nada me machucava tanto quanto saber que estavam juntos, mesmo que não soubessem o quanto aquilo de fato me matava por dentro.

Saber que, agora, depois de tudo isso, eles tiveram a coragem de fazer de novo, me destruía profundamente.

Só que não se trata só do que isso fez comigo, não tem a ver só com o meu estúpido coração partido, porque a porra do problema é que não machucaram só a mim, como também a Angel, e eu não sei como agir com tudo isso. Não consigo esquecer seu rosto tomado pela dor, do quão doloroso era seu choro, de como ela parecia quebrada naquele momento.

Angel me tirou de uma fase tão deplorável da minha vida, me ajudou em algo que eu achei que não conseguiria me safar, e vê-la tão abalada me faz perder a cabeça sempre que penso nisso. Ela não merecia nada, nada de ruim que aconteceu com ela, e com certeza não merecia isso.

Ela não havia aparecido ontem na escola, mas eu não me atrevi a visita-la para saber como estava, mesmo que estivesse fodidamente preocupado. Torcia para que hoje a encontrasse na escola, precisando desesperadamente abraçá-la e consolá-la, ser consolado também; precisando simplesmente da presença dela.

Estava prestes a pegar a mochila para descer, quando ouvi Briana bater na porta. Antes que eu sequer respondesse, a porta se abriu minimamente, revelando seu rosto que rapidamente notei estar apreensivo.

— Hey — disse, chamando minha atenção — Você tem visita...

— Agora? São sete da manhã — Constatei, descontente.

Ela deu de ombros, hesitante, antes de abrir completamente a porta e revelar alguém ao seu lado. Não, não alguém — Victoria.

Eu prendi o fôlego tão rápido que só percebi quando senti meu coração acelerar dentro da caixa torácica, não foi preciso muito esforço para me desestabilizar completamente. A presença dela me deixava tão nervoso que eu me odiava imensamente por deixá-la ter tanto poder sobre mim; mas não podia evitar, era apaixonado por essa garota desde criança, e não sabia quando isso iria mudar.

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