Capítulo 58

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Eu te odeio, eu te amo, eu odeio te amar
Não queria, mas não consigo colocar mais ninguém acima de você
Eu te odeio, eu te amo, eu odeio te querer.

I Hate U, I Love U, Gnash (Ft. Olivia O'Brien)

Não tinha certeza de quantos minutos haviam se passado desde que parei diante da porta do Phillip, mas contei quantas vezes minha mão hesitou antes de finalmente batê-la; foram cinco

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Não tinha certeza de quantos minutos haviam se passado desde que parei diante da porta do Phillip, mas contei quantas vezes minha mão hesitou antes de finalmente batê-la; foram cinco. E embora agora eu o tenha feito, tudo em mim grita para fugir dali antes que ela se abra — porque, sim, eu era uma maldita covarde.

Mas eu não podia evitar, e eu sabia disso, porque nem toda raiva do mundo me impede de me preocupar com ele. Quando Phillip não está bem, algo em mim adoece, e essa sensação nunca vai embora — a sensação de imponência, a vulnerabilidade, e a dor que meu pobre coração sente.

Não consegui não vim aqui depois de vê-lo tão agoniado no chão do quarto, de ver o pânico em seus olhos enquanto lutava para respirar. Seu sofrimento não saía da minha cabeça, e foi preciso todo o meu autocontrole para permanecer em meu quarto enquanto esperava o mesmo acordar. E quando isso aconteceu, eu percebi que também precisava de coragem, precisava enfrentar a culpa que se acumulava dentro de mim a cada segundo, torcendo para que Phillip estivesse melhor quando abrisse aquela porta, e rezando para eu suportar toda aquela droga caso ele não estivesse.

Quando a maçaneta se moveu, meu coração pareceu errar uma batida, o ar escapou dos meus pulmões por uma fração de segundos, e não me permiti respirar até que a porta estivesse entreaberta e o Phillip se encontrasse diante de mim, com um semblante curioso que logo se transformou em surpresa.

Eu expirei, relaxando os ombros antes de buscar algum resquício de voz para formular uma frase; mas parecia que meu cérebro havia parado de funcionar, e eu já não sabia, eu não conseguia me lembrar do que fazer ou de como agir.

— Eu posso entrar? — Odiei a forma como pareci fraca, o jeito como minha voz me traiu, falhando miseravelmente.

Phillip me estudou em silêncio, exalando em respirações curtas como se estivesse sem ar novamente; aquilo me preocupou imediatamente. Mas então ele se moveu, abrindo lentamente a porta para que eu entrasse.

Não me atrevi a olhar para ele quando atravessei a soleira da porta, encarando meus próprios pés enquanto apertava as mãos uma na outra. Ouvi quando a porta de fechou, e o senti se aproximar, passando por mim até estar em meu campo de visão. Quando parou em frente a cama, eu criei coragem para olhá-lo, erguendo os olhos em sua direção. Mas meu olhar rapidamente desviou para algo atrás dele, olhando por cima do seu ombro, meu corpo paralisou com a imagem exposta na parede acima da cabeceira da cama.

Era eu ali; o meu rosto, o quadro que Phillip havia pintado meses atrás.

Pecado Divino.

O olhar de Phillip seguiu o meu, e o vi engolir em seco ao encarar a pintura na parede, a expressão agora tomada por pesar. De repente, eu não queria mais estar ali, eu não queria ver aquela expressão de dor em seu rosto, ou sentir o que emanava dele. Eu não havia prestado atenção no quadro quando entrei aqui mais cedo, e talvez eu não tivesse voltado aqui se o tivesse visto antes — porque aquele quadro era muito mais do que uma pintura exposta na parede, era uma prova dos sentimentos dele por mim, e isso era demais para mim.

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