Silêncio.
Foi tudo o que houve entre mim e Phillip nessas últimas duas semanas; parece mentira, mas sim, se passaram duas semanas desde a última discussão, e foram torturantes — uma grande ausência de comunicação e um vazio longo e escuro — estávamos desmoronando.
Para ser totalmente sincera, ele sequer olhou para mim depois daquela discussão. Andou me evitando a maior parte do tempo — ou todo o tempo dessas últimas 336 horas.
Era como se ele sentisse repulsa da minha pessoa, como se eu fosse algum tipo de vírus ou um inseto repugnante.
Não pude deixar de me sentir mal por isso; saber que nossa amizade estava se esvaindo assim, inacreditavelmente me doía demais. Era algo inexplicável, um incômodo que se aprofundava cada vez mais dentro de mim.
Não era acostumada a sentir tantas emoções, muito menos negativas — e agora tudo estava me consumindo de dentro para fora. Porque eu de fato podia afirmar que, ser ignorada ou tratada como um nada por quem você se importa, é realmente doloroso.
Sentar-se à mesa para jantar e o mesmo se levantar para sair, entrar na sala de estar e o ver se retirar; na área da piscina, no jardim, até mesmo na sala de aula, onde o próprio mudou de lugar para ficar o mais longe possível de mim. Por Deus, isso estava me matando!
E agora, vendo-o a poucos metros de distância, sentado em uma mesa da biblioteca com seus fones de ouvidos, seu capuz na cabeça e sua carranca séria e inexpressiva, eu sabia que eu havia feito mais do que apenas o chateado.
— Ele ainda está bravo com você? — A voz de Matt soou baixinho ao meu lado, me puxando de volta para o mundo real.
Olhei para o garoto ao meu lado e suspirei ao voltar minha atenção para o moreno distante de nós.
— Ele não está bravo, — me pronunciei, fitando o Phillip que para meu azar, notou a minha presença — ele está magoado.
Adicionei, vendo-o trincar o maxilar e se levantar para logo em seguida se retirar daquele lugar.
Abaixei a cabeça, triste, brincando com uma caneta entre os dedos, tentando focar minha atenção no livro cujo eu havia pegado para estudar — contudo, não estava adiantando —, Tucker tirava toda a minha concentração.
— Acha que deveríamos acabar logo com essa farsa?
O olhei, surpresa com sua pergunta repentina; de fato eu pensava em terminar com esse relacionamento falso, visto que eu estava magoando alguém que eu jamais tive a intenção de magoar.
E, de certo modo, cheguei a pensar que eu nem sequer sabia mais porque estava continuando com isso. De início, isso era apenas um plano para atrair Victoria, e agora, eu nem sabia mais do que se tratava.
— O que houve com Victoria, afinal de contas? — Indaguei curiosa — Ela está demonstrando ciúmes?
— Não tenho visto Victoria. Soube que ela estava de viagem, algo do tipo. Mas, de qualquer forma, não sei se adiantou de alguma coisa esse plano. Bom, funcionou para o Tucker.
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Pecado Divino
Romance+18 | violência explicita, drogas ilícitas, conteúdo sexual, conteúdo sensível. Phillip Tucker é o tipo de cara que não acredita no amor; ou talvez tenha desistido dele. Após um dos acontecimentos mais traumáticos da sua vida, Phillip se vê no fund...