Capítulo 32

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Eu não sabia por onde começar

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Eu não sabia por onde começar.

Não queria esconder isso dos meus amigos, mas não esperava ter que tocar nesse assunto novamente tão cedo. Mas a polícia já estava ciente, já haviam tirado fotos disso, então, não havia motivos para que eu não falasse.

Fiquei em silêncio alguns minutos, ciente dos olhares fixos de Vincent e Nathan sobre mim — cujo também não falaram nada e esperavam pacientemente.

Olhei para eles e suspirei como se quisesse me preparar para falar, então contei tudo. Tudo que havia acontecido comigo dias atrás, mas assim como fiz com o senhor Fernando, omiti a parte que envolvia um arcanjo e minhas asas.

Mesmo minha voz estando embargada e eu ameaçasse chorar, contive minhas lágrimas enquanto falava e falava. Eles me ouviam atentamente, mas suas feições não estavam aterrorizadas como a de Phillip ou de Fernando. Não, eles estavam furiosos.

Percebi isso conforme eles cerravam os punhos e trincavam o maxilar toda vez que se entreolhavam. Ódio puro dançava em seus olhos, eles realmente pareciam indignados — e eu não sei como segurei as lágrimas depois disso.

Depois de terminar, tomei um longo fôlego e espremi os olhos que já lacrimejavam. Olhei pra cima depois e respirei fundo novamente, antes de encarar meus amigos diante de mim.

— Eu... eu não sei o que falar — Nathan foi o primeiro a se pronunciar — Eu... — ele engoliu em seco, a voz ameaçando falhar, e pude ver seus olhos vermelhos mesmo com a fúria presente em sua feição.

Desviei o olhar evitando desabar, e apertei os lençóis entre meus dedos. Não sabia desde quando eu sentia tantas coisas humanas, mas a pior de todas era essa falta de ar constante, essa dor no peito, que me levava a pensar que eu estava morrendo.

— Sei que deve estar cansada de ouvir isso, mas... — Vincent murmurou, me olhando com cautela — Sentimos muito, Angel. — Afirmou pausadamente. — E também sabemos que nada que dissermos aqui vai mudar alguma coisa, mas estamos aqui. Pra tudo.

Disse devagar, como se calculasse cada palavra. Como se soubesse as palavras certas para me reconfortar. Voltei minha atenção para eles, de um para o outro, lentamente, como se quisesse guardar aquela imagem.

Nathan me olhava como se fosse entrar em colapso a qualquer momento, sua garganta oscilava e seus olhos brilhavam. Ele não sabia o que dizer, mas eu sabia que ele sentia de verdade, estava devastado.

Não aguentei vê-lo daquela forma, e não pude fazer nada a não ser abraçá-los. Me inclinei e fiquei de joelhos entre ambos na cama, envolvendo-os cada um com um braço.

Eles não hesitaram em me retribuir, e senti os braços deles em minhas costas logo depois; a carícia que ambos faziam, me causava uma sensação de paz, conforto — casa, família — eu sentia que eles eram minha família, e eu queria chorar com aquele sentimento tão genuíno.

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