O Grande Baile

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  Desci as escadas da mansão até o salão de baile. Podia ouvir as carruagens chegando e o movimento dos convidados. A orquestra já tocava suavemente uma melodia de encantar corações. Havia uma agitação no ar que fazia meu peito acelerar.
  Eu estava a ponto de explodir de ansiedade. Meu coração batia descontrolado e, as vezes, meus pés não me obedeciam. Quase tropecei várias vezes descendo os degraus.
  Estava entardecendo e tudo ganhou uma cor alaranjada.

  Quando cheguei no fim da escadaria, Boyle, que recebia os convidados, ficou atônito. Seus olhos percorreram meu corpo, desde o diadema em meus cabelos até a barra de meu vestido.
  -- está linda -- ele comentou, abrindo um sorriso -- vossa graça, o Conde, pediu que esperasse por ele na antessala. Ele quer entrar contigo.
  -- obrigada, Boyle.-- respondi, andando até a antessala.
  Olhei pela janela e o sol estava lindo, exatamente como imaginei que estaria. Fiquei olhando pela janela e assistindo o movimento de pessoas, bem vestidas e elegantes. Certamente toda a nobreza estaria ali.
  Todos estavam ansiosos por conhecer o novo Conde oficialmente. Não havia ninguém que ousaria faltar a um evento como aquele.
  Estava distraída, assistindo a multidão, quando ouvi uma voz e passos atrás atrás de mim.
  -- você está deslumbrante, Amélia -- elogiou Thomas, com encanto em seus olhos e sua voz saiu como uma melodia -- imaginei que estaria linda, mas não a esse ponto.
  Eu senti o rubor surgir em meu rosto.
  Baixei o olhar com um sorriso tímido, mas logo subi meus olhos pelo homem que estava a minha frente. Inacreditavelmente lindo, elegante, usava um terno com excelente recorte e caimento pelo seu corpo forte, gravata perolada em seu pescoço e os cabelos penteados para trás, escuros e levemente compridos, cobrindo suas orelhas.
  Seu cheiro chegava ao meu nariz, mesmo entrando um pouco distante dele. Eu estava deslumbrada e sem palavras.
  Ele deu alguns passos até mim e me fez uma reverência. Eu retribui. Estendi minha mão e ele a segurou, levando aos lábios para um beijo prolongado. Ergueu o olhar para mim enquanto beijava e eu senti minhas entranhas se envolverem, um calor percorreu meu corpo.
  -- gostaria de contemplar você por mais um tempo, mas... estão a nossa espera -- ele sussurrou, voltando a sua postura elegante, enquanto segurava minha mão.
  -- não podemos deixar ninguém esperando -- eu respondi, igualmente em um sussurro.
  Ele me levou pela mão, até o salão do baile.

  Quando passamos pela porta, todos os olhares de todos convidados se voltaram para nós. Eu notei mulheres levando seu leques ao rosto, de surpresa. Homens atônitos. Alguns breves cochichos.
  Boyle assumiu a oratória.
  -- eu vos apresento o quarto Conde de Suffolk, lorde Thomas Cumberland -- ele apresentou, após ter total atenção dos convidados -- e ele anuncia que a partir de hoje, Cumberland's Hall, a sede principal do Condado e sua residência oficial, está aberta para visitação.
  Os presentes ovacionaram e aplaudiram.
  A orquestra retomou as melodias e todos aguardavam a dança. Thomas sinalizou que não dançaria e alguns casais iniciaram as danças.
  Rapidamente, diversos nobres nos rodearam. Eu senti um frio na barriga por estar ali e ser um dos centros de atenção do baile.
  Thomas cumprimentou a todos, me apresentando como sua assistente. Percebi várias mulheres me olhando de canto e cochichando, certamente estariam comentando sobre mim.
  Aquilo foi o início de um gatilho. Precisei respirar fundo várias vezes para evitar a ansiedade crescente.

  Quando a primeira dança terminou, Boyle assumiu a oratória novamente.
  -- senhoras e senhores, prezados convidados. Vossa graça, o Conde Cumberland, tem a honra de anunciar a inauguração de sua Galeria de artes, no terceiro andar. E também, apresentar a todos o seu retrato oficial.
  Novamente ovacionado e aplaudido.
  Thomas, ao meu lado, segurou minha mão fortemente.
  -- está pronta?-- sussurrou em meu ouvido e eu senti meu corpo arrepiar, com nossa proximidade.
  -- sim, milorde.
  Caminhamos até a Galeria de artes, sendo seguidos de perto pela multidão de convidados. Na porta da galeria, estava um laço vermelho e dois criados a espera.
  Thomas foi até lá, me segurando pela mão.
  -- boa noite, senhoras e senhores.-- ele começou, um pouco tímido, mas logo se soltou -- realizei aqui um sonho de possuir uma sala dedicada a beleza do mundo, que é a arte em todos os seus meios. Especialmente a pintura. Que é uma das minhas maiores inspirações nessa vida. Deixo aberto essa Galeria para que todos tenham acesso a cultura.-- ele me entregou uma ponta do laço e segurou a outra, rapidamente puxamos e o laço se desfez.

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