Ele cumpre suas promessas

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Após longas horas de descanso, após chegar do baile, eu me levantei e me dediquei aos meus afazeres. Os Bennet descansavam em paz, e minha única preocupação era a menina Hellen, de dez anos.
Ela tinha sua própria babá, que infelizmente estava adoentada. Então, consequentemente a responsabilidade sobre ela caía sobre mim.
Levei a menina para passear no jardim, pois sabia que ela amava fazer pequenas coroas de flores. Assim, teria uma tarde de sossego. Era bem mais tranquilo do que tenta entrete-la o dia todo.

Enquanto caminhávamos, pude ver dois cavaleiros surgindo na estrada. Cavalgavam com velocidade, em direção a casa dos Bennet.
Conforme aproximaram, reconheci que eram William e Louis, os outros dois Bennet. Eram mais velhos que as moças e estavam sempre viajando a trabalho.
Lorde Bennet sempre enviava seus filhos para cuidar de seus negócios.
E Louis era a razão de meus pesadelos.
Quando eles estavam fora, era uma paz. Eu agradecia a Deus por eles estarem em viagem. Mas infelizmente, eles sempre retornavam.
Louis tinha vinte anos, um louro elegante e libertino, a causa da desgraça de diversas jovens no condado. Sua beleza e carisma escondiam o fato de que ele não valia nada.
E os olhos dele estavam sobre mim.

A cada vez que ele retornava de viagem, tornava minha existência miserável.
Ele tinha um charme que atraia as moças, e talvez por isso acreditava que era irresistível. Eu, infelizmente, tinha atraído sua atenção, sem querer. O que fazia com que ele insistisse sobre mim de uma forma enfadonha.
Lorde Richard sempre o mandava a negócios para longe, justamente para evitar situações desagradáveis. Mas isso não adiantava muito, pois ele sempre voltava.

Segurei a mão de Hellen e voltamos para casa, eu a deixei junto com sua mãe e me escondi nos aposentos das criadas.
Lisette me viu entrando afobada.
- por Deus, menina. Cruzou com o diabo, foi?-- ela exclamou, assustada e levando a mão ao peito.
- foi quase, Lisette.
- como assim, menina?
- William e Louis retornaram, Lisette. Você conhece Louis.
Lisette fez o sinal da cruz.
- espero que ele não te encontre.
- se ver Lady Bennet, diga que eu estou escondida e ela sabe porque.
Fechei a porta do quarto.
Decidi que ficaria ali enquanto Louis estivesse em casa.
Lorde Richard conhecia o filho que tinha, mas não era capaz de impedi-lo. Ele sabia de tudo que Louis aprontava, mas fazia vista grossa, alegando que era coisa de menino.
Mas Louis não era um menino.
E eu temia quando ele estava próximo.
Sendo uma criada naquela casa, eu devia obediência aos meus senhores. Eu tinha medo do que ele poderia fazer comigo.
Da última vez que ele me encontrou perambulando pela casa, em uma manhã em que eu estava trocando as roupas de cama, segurou meus braços e me disse coisas impróprias.
Eu corri imediatamente e encontrei Sophie, que entendeu no mesmo momento o que tinha acontecido. Depois de um breve sermão, Louis partiu com seu irmão.
Mas só a lembrança do ocorrido e sua presença ali já me causavam um frio na espinha. Eu não tinha ninguém por mim, além de minha senhora, que, por acaso, era a mãe do indivíduo que me afligia.

Fiquei escondida dois dias inteiros.
Lisette trazia minha comida no quarto e eu não saia por nada. Recebi Sophie por alguns minutos e ela compreendia meu medo, me assegurou que poderia ficar escondida pelo tempo que fosse necessário.

No terceiro dia, recebemos visitas.
Lisette veio pedir minha ajuda na cozinha, já que haviam vários convidados para o jantar e ficariam para pousar.
Lorde Richard recebia seus hóspedes com grandes banquetes e saiam para caçar, as mulheres passavam horas pintando e conversando no jardim, sobre assuntos triviais.
Era preciso várias criadas para manter tudo nos conformes por ali.
Fiquei na cozinha, evitando sair pela casa e, até mesmo, falar em voz alta. Não queria que ele ouvisse a minha voz e viesse me procurar.
Eu e Lisette nos dedicamos aos pratos do jantar, às sobremesas e todos os quitutes. Lady Bennet gostava de muita fartura para deixar claro para os hóspedes que a vida dos Bennet era glamourosa.
Ao entardecer, preparando a sala de jantar, ouvi passos pelo corredor. Senti o medo tomar conta de mim e minhas mãos suaram. Era Louis. Ele assobiou e disse, sarcástico:
- oh, Amélia! Esse vai ser um banquete apetitoso!
Eu imediatamente dei um passo para trás. A mesa estava entre nós, mas mesmo assim eu não me sentia segura.
- eu não te vi por aqui, desde que cheguei. Estava se escondendo de mim?-- ele insistiu, sorrindo maliciosamente.
O sorriso de Louis tinha levado algumas jovens a perdição. Ninguém poderia imaginar que aqueles dentes brancos e perfeitamente alinhados, e seus lábios rosados poderiam causar a ruína de uma donzela.
- eu deveria me esconder, Lorde Louis?-- eu respondi, andando em direção a porta, mantendo a longa mesa entre nós.
- claro que não. Eu não te faria mal. Tudo que eu te faria, você iria gostar.-- ele murmurou, afrouxando a gravata enquanto se apoiava em uma das cadeiras.
Andei mais rápido em direção a porta, que parecia cada vez mais longe.
- mas pode ficar tranquila. Estou recebendo visitas hoje e meu pai pediu que eu me comportasse.
Eu suspirei aliviada.
- ele não gosta de escândalos quando está recebendo seus hóspedes.-- Louis continuou, mas me deu as costas para sair pela porta da direção oposta.
Suspirei novamente, me sentindo um pouco mais tranquila.

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