Eu não fazia ideia que uma viagem de navio poderia ser tão interessante. Pela manhã, eu era deliciosamente entretida por Thomas e toda seu vigor e sensualidade.
Logo após o café da manhã, caminhávamos pelo convés, dando atenção aos nobres que ali estavam. O almoço era servido no restaurante e voltavamos para a cabine, onde não haviam palavras para descrever tudo que nós fazíamos ali.
Mas devo imaginar que as cabines vizinhas tinham uma certa ideia.
Maeve nunca foi tão desnecessária, afinal, ela nunca mais precisou desfazer meus cabelos e me despir. Todo esse trabalho era de Thomas.
Ela precisava, com certa frequência, desembaraçar os emaranhados causados pelas atividades incessantes de nós dois.
O navio fez várias paradas no percurso, para desembarque e embarque dos passageiros. E nada como a ala das cabinas vazia, para que nós dois pudéssemos aproveitar a oportunidade de demonstrar toda nossa paixão, sem pudor.
Todos os anos de celibato que Thomas tinha guardado, só serviram para que ele fosse insaciável. Nós dois tínhamos uma química inegável, bastava um toque de mãos sobre a mesa do almoço, ele me olhava e eu correspondia.
O caminho para a cabine era cheio de cordialidade, para que ninguém suspeitasse o que estava prestes a acontecer.
Thomas abria a porta gentilmente para mim e logo que a fechava atrás de si, enlaçava-me a cintura, tomando meus lábios beijos apaixonados e urgentes.
Tendo pouca paciência para retirar todas as peças de roupas, as vezes não esperávamos. Bastava erguer as saias do vestido e ele baixar suas calças.
A intensidade era algo que não faltava.
Eu, em minha quase que completa inocência, não fazia ideia das possibilidades que existiam entre nós dois. As vezes era básico, talvez pela urgência. As vezes mais elaborado e mais lento, na tentativa de aproveitar nossas longas noites a bordo.
Quando nosso corpos se encaixavam, não havia lugar melhor onde eu poderia estar. Suas mãos sobre mim era tudo que eu poderia desejar.
Mas Thomas não se aproveitava de mim em todo o tempo. Eu também sabia exigir o que era meu de direito. Seu corpo, desde a cabeça aos pés.Antes que o navio avistasse a Sicília, eu explorei seu corpo com beijos e lambidas, eu aprendi a tocar seu corpo como ele desejava. Fiz coisas que nunca imaginaria fazer, nem em meus dias mais pecaminosos.
Então, quando estávamos respirando tranquilamente na janela, enrolados em lençóis após uma sessão longa de paixão ardente, podemos ver o arquipélago no horizonte.
Ilhas esverdeadas pela vegetação, no meio de um mar azul e hipnotizante. Era a Sicília. Nosso destino final.
-- estamos chegando -- comentou Thomas, beijando minha testa -- finalmente.
-- finalmente -- repeti, animada.
-- teoricamente, nossa lua de mel começaria agora. Digo, nos planos originais.
-- esperava que eu dormisse no quarto anexo até chegarmos a ilha?-- afrontei, me virando para encarar seu sorriso.
-- fui inocente, não fui?
Dei uma risada sincera.
-- ainda bem que atrapalhou meus planos. Acredito que aproveitamos melhor essa viagem. Do que jogando dominó lá no convés.
-- oh, dominó no convés foi um plano um tanto mal pensado, meu querido -- rebati, pensando na possibilidade.
-- eu gosto de dominó. Mas gosto infinitamente mais de estar na cama contigo -- ele sussurrou, entre um beijo e outro.Ao entardecer, o navio atracou em Marsala. O clima por ali era bem mais quente e úmido do que eu estava acostumada, havia uma agitação diferente no ar.
Maeve se aproximou de mim no convés superior, enquanto observava os primeiros passageiros a descer no porto.
-- Sicília. Não é incrível, milady -- ela cochichou, um pouco animada.
-- não imaginava sair da Inglaterra, Maeve. E olha onde estamos -- respondi, com a voz igualmente baixa.
-- onde ficaremos hospedados? Algum castelo?
-- eu não faço ideia -- sorri, caminhando suavemente ao lado dela.
-- vossa graça preparou tudo, imagino.
-- sim. Vossa graça tomou a liberdade de planejar tudo. A mim, só resta aproveitar.
Maeve sorriu e seguiu adiante, onde Ted a aguardava com o carrinho das nossas bagagens.
Thomas se despedia da tribulação. Fez questão de elogiar o capitão pessoalmente e todo seu charme e carisma encantaram os presentes.
Eu me sentia envergonhada diante dele, visto que conseguia cativar as pessoas com apenas sua naturalidade.
Eu percebia os olhares das mulheres, que frequentemente, estavam sobre Thomas. Precisava me acostumar com aquilo. Principalmente, porque Thomas sequer percebia.
Após suas despedidas formais, ele entrelaçou nossos braços e descemos as escadas da primeira classe. Maeve e Ted estavam tomando conta da bagagem e nós dois ficamos despreocupados.
Ao descer até o píer, lá estava uma carruagem a nossa espera.
-- oh, encantada com seu planejamento -- elogiei, enquanto me sentava confortavelmente.
-- não imaginava que eu fosse ser tão atencioso, não é mesmo?-- ele rebateu num sorriso, ajeitou o paletó -- pensei em tudo, menos que estaria tão quente por aqui.
-- oh, querido... Você mesmo me alertou quanto a bagagem.
-- bem lembrado, mas eu não sabia que seria tão quente. Estou acostumado com clima ameno e chuvoso -- ele continuou, tirando seu paletó.
Eu o encarei e engoli em seco.
Sua camisa branca estava levemente suada, seu cheiro invadiu minhas narinas. Ele ajeitou os cabelos e começou a dobrar as mangas da camisa.
Meu coração disparou e meu corpo começou a reagir a ele. Thomas estava distraído, sem perceber que eu o desejava com meu corpo e alma.
Peguei meu leque e me abanei com certa velocidade. A pequena cortina da janela da carruagem estava aberta e eu podia ver a paisagem lá fora.
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Entre As Memórias E Os Pincéis
RomanceA história de Amélia Pevensie, uma jovem criada de uma casa de família, que conhece o apaixonante Lorde Cumberland na sua adolescência. Uma breve paixão arrebatadora inunda seus corações, mas infelizmente o destino os afasta sem piedade. Sete an...