É oficial

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  No domingo de manhã, nossa carruagem estava pronta para partirmos. Era tranquilizador não precisar se preocupar com nada além de ficar bela.
  Os serviçais dos Dawson prepararam nossas malas e as embarcaram. A nós, só restou longos agradecimentos aos anfitriões, que estavam simplesmente honrados com nossa presença em sua mansão.
  Quando entramos na carruagem, Lady Clarisse estava animada e sorridente. Há tempos eu não a via daquela maneira. Enquanto Thomas terminava de se despedir de Lorde Dawson, ela me cutucou.
  -- mal posso esperar para fazer o baile em Cumberland's Hall e contar a todos que vocês finalmente irão se casar!
  -- oh, Lady Clarisse... Também estamos muito ansiosos.-- respondi, sentindo meu rosto corar.
  -- bem, eu espero que Thomas venha falar comigo...-- ela cochichou, ao ver que ele se aproximava da carruagem.
  Eu não disse nada.
  Thomas entrou na carruagem e se sentou a nossa frente. Logo os cavalariços iniciaram a corrida.
  Dentro de pouco tempo, estaríamos em casa.
  Ele olhou pela janela, disfarçando o clima que surgiu. Lady Clarisse o encarou por alguns instantes, esperando que ele dissesse algo. Mas Thomas abriu um livro e iniciou uma leitura silenciosa.
  Aquilo nos entristeceu um pouco.
  A mim, pois imaginava que iríamos retornar nosso afeto recente.
  E a Lady Clarisse, pois esperava que Thomas contasse a ela o que estava acontecendo.
  No entando, ele não cumpriu as expectativas do momento. Lady Clarisse segurou minha mão com carinho.

  Apesar do clima frio, surpreendentemente foi uma viagem tranquila. Não demorou muito e avistamos os portões de Cumberland's Hall. Thomas continuava concentrado em sua leitura e não disse uma única palavra durante todo o percurso.
  Quando a carruagem enfim parou, ele foi o primeiro a descer.
  Eu e Lady Clarisse cruzamos os olhares por alguns instantes, porém não dissemos absolutamente nada.
  Ela desceu primeiro, sendo apoiada por ele, mas ainda não disse nada. Logo depois, ele segurou em minha mão para que eu descesse em segurança e não tirou os olhos de mim.
  Lady Clarisse seguia seu caminho, subindo a escadaria de Cumberland's Hall, onde, no topo dela, uma fila de serviçais nos aguardava.
  Thomas se demorou a soltar minha mão.
  -- o que minha tia tem?-- ele questionou, num sussurro, verdadeiramente preocupado.
  -- acredito que ela esperava que dissesse algo a ela.-- rebati, um pouco chateada.
  -- dissesse o que? Eu não tinha nada a dizer.
  -- nada a dizer? Ela é a plateia de nosso romance. E está torcendo para nossa felicidade. Era de se esperar que você, como sobrinho dela, fosse contar as boas novas a ela -- respondi, me esforçando para não ser ríspida, mas a mágoa estava na minha voz.
  -- estou esperando o momento ideal, minha querida. Eu não pretendia contar tudo a ela dentro de uma carruagem a caminho de casa.
  Eu revirei os olhos, ainda magoada.
  -- aquela vez que eu quis contar tudo a ela, eu preparei uma refeição especial no Solário... Mas você atrapalhou tudo. Se lembra?-- ele rebateu, afrontoso -- deixe que eu cuido disso. E, por favor, não estrague a surpresa.
  -- estragar a surpresa?-- eu me irritei, erguendo o vestido para subir a escadaria, com pressa.
  -- sim, isso mesmo que você ouviu. Nada de discutir aos berros dizendo que não tem nada comigo. Me magoou da última vez -- ela me afrontou novamente, com um sorriso nos lábios, mesmo sabendo que aquilo me deixava irritada.
  Dei-lhe as costas e continuei a subir os degraus.

  Quando estava chegando ao topo da escadaria, fiz uma pausa para apreciar a fachada da mansão. Aquela era Cumberland's Hall. Mais conhecido como o Palácio do Conde. O lugar onde tudo era dentro de seus padrões elevados, referência de boas maneiras e qualidades.
  Tinha sua arquitetura tradicional, com belas janelas com vista para o grande jardim.
  Admirei por alguns instantes.
  Aquela era a minha casa. E em breve, eu seria a senhora daquele lugar. A Condessa Amélia Cumberland.
  Não pude deixar de sorrir.
  Olhei para trás, onde Thomas conversava com os cavalariços, despreocupadamente. Precisei suspirar para lidar com tanto amor que estava dentro de mim.
 
  Ao entrar pelas portas, fui recebida por Boyle e Maeve, que exibiram sorrisos de boas vindas. Eles constantemente estavam bem vestidos e bem humorados, como um bom mordomo e uma criada pessoal exemplar.
  -- bem vinda de volta, milady!-- Boyle exclamou, com uma pequena reverência.
  -- seja bem vinda, Lady Amélia. Como foi o baile dos Dawson?-- perguntou Maeve, gentilmente.
  -- eu agradeço muito pelo carinho. O baile foi um sucesso. Nossa estadia por lá também foi muito confortável.-- cumprimentei aos dois, que estavam curiosos.
  -- oh, fico feliz. Espero que as criadas de lá tenham te tratado bem, milady -- preocupou-se Maeve, enquanto me seguia pelas escadas.
  -- sim, foram bem prestativas. Mas nada comparado a você, Maeve -- respondi, elogiando a minha fiel companheira.
  -- oh, gentileza sua, milady -- ela sorriu timidamente.
  Continuou caminhando até meu quarto. Que estava surpreendentemente organizado. Suspirei quando sentei na minha cama. Estava doida para tirar aqueles sapatos desconfortáveis e colocar um vestido mais simples.
  Afinal, eu estava em casa, finalmente.
  Maeve logo trouxe um vestido e calçados confortáveis. Também me ajudou a refazer meu penteado, para algo mais básico. Minha cabeça estava pesada de tantos grampos que foram colocados.
  Aquela breve estadia fora de casa tinha me deixado cansada. Além de que o trajeto de carruagem, enquanto sacolejava tinha colaborado com o cansaço.

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