Baile de Noivado

1 2 0
                                    

  O dia amanheceu e, logo que abri meus olhos, Maeve estava no quarto, juntamente com outras duas criadas. Havia agitação. E embora tínhamos deixado tudo pronto no dia seguinte, ela simplesmente queria refazer tudo para ter certeza de que nada passaria.
  Um longo banho com sais essenciais de lavanda relaxou meu corpo, tirando de mim toda ansiedade que pairava nos meus aposentos.
  Quando coloquei meu penhoar, estava revigorada. Tinha chá de melissa e bolos deliciosos a minha espera na sacada, onde pude me deliciar tranquilamente.
  O dia foi bem relaxante.
  Ninguém ousou tirar a minha paz.

  Foram horas dedicadas aos meus cabelos e pele, unhas e até mesmo sobrancelhas. Certo é, que quando entardecia, eu estava me tornando a minha melhor versão.
  Me encarei no espelho, desta vez com toda produção.
  E ainda não podia reconhecer aquela moça no reflexo.
  -- Amélia...você merece tudo isso -- Maeve sussurrou, logo atrás de mim.
  -- será?-- questionei a mim mesma, mais do que a ela.
  -- desde que chegou a essa mansão, esse destino estava traçado para você -- ela me confortou, com delicadeza.
  -- espero estar a altura de Cumberland's Hall.
  -- você sempre esteve -- ela garantiu, se afastando para se dedicar a outros afazeres.
  Nada combinava tão bem comigo quanto as pérolas dos Cumberlands. Suspirei mais uma vez tocando as esferas reluzentes que circundavam o meu pescoço.
  Eram oficialmente minhas.

  Ouvi baterem a minha porta.
  Eu fui atender imediatamente e me surpreendi ao ver que era Thomas, tão belo e elegante que me fazia perder os sentidos.
  -- oh, céus! Devo avisar o Criador que uma de suas estrelas caiu aqui, hoje -- ele disse, sorridente.
  Senti meu rosto corar.
  -- está deslumbrante, minha querida -- ele continuou, tomando minha mão para um beijo delicado que fez minha pele, sob a luva, se arrepiar.
  -- quanta gentileza, mi lorde.-- respondi, ainda com o rubor nas bochechas.
  -- gostaria de fazer algo.
  -- diga, por favor.
  -- quero te apresentar oficialmente para nossos serviçais. Estamos fazendo esse baile para os nossos conhecidos, mas nós esquecemos de informar a todo corpo da criadagem, que há uma nova Condessa em Cumberland's Hall.-- ele explicou, atencioso.
  -- é uma boa coisa a se fazer.
  -- de fato. Venha comigo.
  Thomas entrelaçou nossos braços e caminhamos pelos corredores até o magnífico Hall de entrada. Onde todos os criados nos aguardavam.
  Os lacaios, mordomos, cavalariços, criados pessoais, cozinheiros, serventes e também a governanta.
  Estavam enfileirados na mais perfeita ordem. Bem vestidos, posturados, como tudo em Cumberland's Hall.
  Conhecia quase todos os rostos dali.
  Respirei fundo controlando minha ansiedade.
  Todos fizeram uma bela reverência em respeito a nós.
  -- uma boa tarde a todos vocês -- ele enunciou, educado como sempre -- pedi que todos fossem chamados até aqui, pois tenho algo a dizer. Estou oferecendo este baile para a sociedade, mas antes disso, devo estar diante de vocês. Antes de apresentar aos nossos conhecidos, preciso apresentar a quem está do nosso lado dia após dia. Então estou aqui, para apresentar oficialmente, a nova senhora de Cumberland's Hall, minha noiva, Amélia Pevensie. Que em breve se casará comigo e será a Condessa Cumberland, de Suffolk -- ele deu um passo atrás para que eu estivesse a frente.
  Todos os presentes se reverenciaram novamente.
  Vi algumas lágrimas, alguns sorriso, algumas cabeças balançando em satisfação.
  Eu estava sendo apresentada a criadagem de Cumberland's Hall e sendo recebida como sua nova senhora. Era algo que eu jamais imaginei que aconteceria.
  Thomas me acompanhou para o andar de cima novamente, e eu respirava fundo para lidar com as emoções que me inundavam.
  -- como se sente?-- ela perguntou, quando estávamos a sós.
  -- bem emotiva -- sussurrei.
  -- isto é bom ou ruim?
  -- depende do que mais vai me acontecer hoje.
  Ele sorriu, alisando o paletó bem feito, com excelente caimento sobre seu corpo.
  -- isto é um sonho?
  -- não, minha querida, é a mais doce realidade -- ele respondeu, se aproximando lentamente.
  Nossos olhos se encontraram e não pude evitar um sorriso.
  -- isso é bem melhor do que um sonho -- sussurrei, quando estávamos bem próximos.
  Senti meu corpo arrepiar pela proximidade, minha mente estava a mil. Thomas me olhava com devoção e em seus olhos havia o mais puro amor.
  -- bem...-- ele interrompeu o momento, passando os dedos entre os cabelos -- devo descer. Preciso receber meus convidados. Logo, você será chamada.
  -- tudo bem, estarei aguardando.
  Ele sorriu e me deixou sozinha.
  Pela agitação que havia ali, eu podia ouvir o som das carruagens se aproximando. Nossos convidados estavam chegando.
  O Baile de Noivado estava para começar.

Entre As Memórias E Os Pincéis Onde histórias criam vida. Descubra agora