//Capitulo 55//

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(...)

— eu sabia que você se tornaria uma pessoa ingrata. – Diz no momento em que eu passo pela porta

— você vai sofrer na mão dele e quando quiser voltar para casa, eu não vou estar disposto a te aceitar. – Diz enquanto eu me viro para olha-lo.

— eu só volto para cá morta.. ou talvez nem assim. – Digo fria o suficiente para o surpreender.

— não tenho medo de você, não preciso de você.. e isso te irrita, você gosta de ter todos nas suas mãos, mas eu me recuso viver assim. – Digo o olhando nos olhos.

— engraçado você me cobrar lealdade. – Digo dando um passo em sua direção e cruzando os braços.

— foi você que me colocou lá, me usou como isca e me deu de bandeja para o inimigo. – Digo o encarando.

— você só não contava que o Alec iria me querer na gangue dele, e também não contava que eu iria querer fazer parte da gangue dele. – Digo dando um sorriso. É realmente engraçado.

— sabe o que isso significa? Que tudo isso não passa de uma farsa, um personagem.. um personagem que você tenta a todo custo manter. – Dou de ombros lançando um olhar divertido.

— minha mãe sabe que você fez da filha dela a isca? Sabe que eu estou exatamente aonde eu estou, por sua causa? Não me surpreenderia se ela soubesse, mas ela sabe? – Pergunto em um tom inocente.

— tem certeza que não tem medo de mim? Então por que estremece quando eu chego perto? Por que se afasta? – Pergunta mudando de assunto e dando um passo na minha direção, o que me faz dar um passo para trás.

Sempre assim, fica sem argumento, muda de assunto e tenta intimidar. Atualmente acho isso engraçado e vergonhoso.

— medo de que eu te toque de uma forma que eu não deveria? – Pergunta me olhando com atenção.

E de repente ele consegue o que quer, as palavras somem, assim como o ar dos meus pulmões.

— você não faria isso, né? – Pergunto tentando convencer a mim mesma.

— não, eu nunca faria isso, sou seu pai. – Diz me fazendo desviar o olhar. Pois sei que ele faria.

— que bom. Porque eu com certeza não ficaria calada se você fizesse. – Digo vendo ele soltar um riso debochado.

Algo que me quebra em mil pedaços.

— claro que não, você nunca fica. – Sorri de lado, satisfeito e feliz. Algo que me deixa com uma pulga atrás da orelha, mas eu ignoro.

— você realmente espera algum tipo de afeto da minha parte? Você mentiu pra mim a minha vida toda, me usou.. acabou com qualquer saúde emocional e psicológica que eu poderia ter. – Digo amargurada.

— eu nem sei quem eu sou direito, de onde eu vim, minha história.. e tudo por sua causa, você tirou isso de mim. – Acuso vendo ele assentir.

— fiz para te proteger. – Diz me fazendo rir.

Rir de ódio, de mágoa.

— me proteger? Fez tudo isso para me proteger? – Pergunto de forma retórica.

— você é desprezível! Eu não sei como a minha mãe aguenta ficar com você. Peraí! Ela não aguenta, ela é obrigada. – Digo sorrindo levemente.

— você destrói tudo o que toca.. e eu realmente espero que um dia, você acabe sozinho, da mesma forma que você fez questão de deixar a sua família durante anos. – Digo entre dentes.

O Que Não Pode Ser Desfeito.Onde histórias criam vida. Descubra agora