//Capitulo 39//

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Me sento em uma das cadeiras da mesa da cozinha e observo o pessoal conversar animadamente. Voltamos tarde da balada ontem, mas ninguém parece exausto, muito pelo contrário.

Alec passa porta da cozinha e automaticamente prende a minha atenção, ele me olha e dá um sorriso de lado, o que me faz lutar contra um sorriso e desviar o olhar.

Não tão fácil assim!

Mas no minuto seguinte meu olhar está preso nas suas costas definida e despida no momento. Provavelmente estava treinando.

Me forço a desviar o olhar, antes que ele me pegue secando os seus músculos. E as meninas me olham enquanto seguram o riso.

— que foi? – Pergunto me fazendo de desentendida e elas negam com a cabeça.

— eu vou tomar um ar. – Aviso me levantando e saindo da cozinha o mais rápido possível.

Ficar no mesmo cômodo que ele me dá borboletas no estômago e um frio na barriga. Não sei se gosto da sensação.

Me sento no jardim e respiro fundo fechando os olhos. Essa sensação de coração acelerado e o ar faltando me assusta tanto. É como se eu não conseguisse mais levantar as minhas barreiras, não para ele.

— tá meditando? – Me assusto com a sua voz atrás de mim e logo em seguida ouço ele rir e se sentar ao meu lado enquanto mastiga um pedaço de pão.

— o que está fazendo aqui? – Pergunto mais desanimada do que gostaria.

— te fazendo companhia. – Responde de forma simples e eu o encaro por alguns segundos.

— o que você está fazendo, Alec? – Pergunto vendo ele me olhar nos olhos e dar de ombros.

— tô perto de você. – Diz me olhando com atenção e soltando um suspiro vulnerável.

— eu não sei como você fez isso mas.. você mudou tudo, Martina. – Diz sem me olhar enquanto brinca com a grama.

— talvez você saiba. – Digo vendo ele rir pelo nariz e meio que assentir e meio que negar.

— como foi? – Pergunto apoiando minha cabeça no meu braço e o olhando com atenção.

— é como você se desliga do mundo quando está concentrada em algo. – Começa sem me olhar e parece pensar um pouco.

— Como você apoia seu rosto na mão quando está no tédio e fica mudando a posição repetidas vezes. – Diz dando um pequeno sorriso, como se estivesse lembrando de todas as vezes em que eu fiz isso.

— Talvez como você arruma a comida no prato e sempre deixa pra comer a carne por último.  – Diz negando com a cabeça e eu solto um leve riso. Eu tenho toc!

— Como você está sempre lá para salvar o dia. – Finaliza por fim me olhando e eu sorrio levemente.

É bom ter alguém que repara em você, mesmo que seja em coisas mínimas. Eu nunca tive isso antes, não dessa forma. Ele fez tudo parecer algo bom, positivo, bonito. Ele me vê. De alguma forma, ele me vê.

O Que Não Pode Ser Desfeito.Onde histórias criam vida. Descubra agora