Capítulo 19

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Jason andava de um lado para o outro, em seu quarto no hotel. Estava inquieto. Não conseguia parar de pensar no comportamento estranho de Lilian. Algo estava muito errado, ele sabia. Não queria acreditar em nada do que ela falara. Não podia ser verdade, não podia, se negava a acreditar naquilo. Depois de muito pensar e não encontrar uma maneira prática e lógica de descobrir o que estava acontecendo foi procurar Clark. Sabia que poderia ouvir um discurso chato ou algo do tipo, mas não podia ficar sem fazer nada. Voltar lá, invadir a casa dela e a obrigar a contar a verdade não era uma possibilidade. Precisava conversar com alguém ou corria o sério risco de cometer uma loucura.

Clark ficou surpreso ao vê-lo ali em sua frente, pois, até onde sabia, Jason iria sair com a brasileira.

– O que aconteceu? – perguntou ao notar seu semblante preocupado e abriu a porta para ele entrar.

– Também gostaria de saber – respondeu passando as mãos pelo cabelo com impaciência e caminhando de um lado para o outro.

Clark o olhou sem entender nada.

– Bom, o que aconteceu com seu encontro? – Clark perguntou incerto e com voz baixa.

– Ela desistiu – respondeu abrindo os braços em sinal de incompreensão e desagrado.

O outro homem o olhou de cenho franzido. Notou que Jason estava visivelmente insatisfeito com o que quer que tenha acontecido.

– Desistiu? – Clark estava surpreso com aquela informação. Durante todo o tempo que trabalhava com ele essa era a primeira vez que uma mulher o dispensava.

– Ela inventou uma história sem sentido e disse que não queria mais me ver, que estava cansada de mim. Algo assim, sei lá, não me lembro direito – falou com raiva.

– Não estou entendendo nada – confessou – mas não lembro de você tomando um pé da bunda, principalmente de uma garota aparentemente propícia a dar um golpe do baú – acrescentou pensativo.

As palavras dele deixaram Jason com mais raiva do que já sentia e movimentando-se com rapidez o segurou pela gola da camisa.

– Eu já falei pra você que ela não é assim – esbravejou na cara dele.

– Ei, calma aí, não estou acusando-a de nada apenas divagando pra tentar entender o que pode tê-la feito desistir de você – explicou com raiva e se soltando – além disso, não é de mim que você tem que sentir raiva – completou se afastando e ajeitando a camisa.

Jason se acomodou no sofá. Estava frustrado, com raiva e também preocupado. Não devia, mas contou para Clark, excluindo os detalhes, sobre o ex de Lilian. Contou também que pensou na hipótese absurda de ele a ter encontrado o que explicaria seu comportamento estranho porque até aquela manhã ela parecia contente e tranquila o que contrastava totalmente com a sua atitude no momento em que o mandou embora da sua casa.

Clark o fitou, pensativo. Estava digerindo todas as informações contadas por Jason. Agora começava a entender porque ele a defendia tanto e, para falar a verdade, ele não achava mesmo que ela fosse uma golpista, mas precisava cogitar todas as possibilidades existentes para que não fossem pegos desprevenidos por surpresas indesejadas que pudessem atrapalhar suas vidas, isso não fazia parte do seu trabalho, mas o fazia mesmo assim.

– Suponhamos que essa hipótese do ex marido ter a encontrado seja verdade o você poderia fazer? Estamos em um país estranho onde não sabemos bem como funcionam as leis e não podemos simplesmente acionar a polícia sem ter certeza do que comunicar – Clark estava sério.

Jason suspirou alto. As palavras de seu agente faziam sentido, mas não podia apenas sentar e esperar. Pegou o celular e ligou para Martin, pedindo para ele vir com urgência ao quarto de Clark. Desligou sem explicar nada e logo ele apareceu.

Martin notou a inquietude de Jason e olhou de forma interrogativa para Clark que com rapidez contou o que estava acontecendo. Depois de vários minutos de conversa, tentando encontrar uma forma de falar com Lilian, chegaram a conclusão de que Martin era o mais indicado a procurá-la sem levantar suspeitas, caso o tal do ex marido realmente estivesse com ela. E assim fizeram, após encontrarem uma razão que justificasse a ligação.

As primeiras ligações foram recusadas o que aumentou a preocupação de Jason e fortaleceu sua suspeita. Quando ela finalmente atendeu, sua voz era contida e sem alegria. Martin estranhou aquilo, pois ela era sempre atenciosa e alegre. À medida que explicava o motivo da ligação, que a pedido de Jason estava no viva voz para que ele também pudesse ouvir, perceberam que a chamada dela também estava no viva voz e pouco depois conseguiram captar um sussurro baixo, quase imperceptível, mas os três estavam em silêncio concentrados nas palavras dela. Se olharam demonstrando que todos havia ouvido. Jason levou as mãos ao rosto e travou a mandíbula tentando não fazer qualquer barulho. Clark e Martin se entreolharam após a reação de Jason, estavam agora também preocupados com ela.

De repente, a tela do celular de Jason, que estava sobre a mesa de centro entre eles, acendeu com uma notificação de mensagem. Clark agradeceu silenciosamente por ele ultimamente o manter no modo silencioso. Deu uma olhada na mensagem e arregalou os olhos. Rapidamente passou o celular para Jason que ainda cobria o rosto com as mãos, mas antes de pegá-lo viu Clark com um dedo sobre os lábios pedindo silêncio. Prendeu a respiração ao ler a mensagem e todas as suas dúvidas e suspeitas foram confirmadas. Ela estava em perigo. Aquele maldito havia a encontrado. Olhou com desespero para os outros homens ao mostrar a mensagem, embora Clark já a tivesse visto.

– Tudo bem, então. Vou comunicar ao grandão e aos outros sobre sua saída – Martin falou para ela sem desviar o olhar do de Jason – e acredite, Morena, sei que você vai lidar muito bem com esse problema que surgiu. Se cuida – esperava que ela entendesse a mensagem, pois ninguém além de Jason a chamava de Morena.

Quando a chamada foi encerrada Jason não conseguiu mais se conter. Levantou e andou pela sala com passos pesados. Sequer assimilou o fato de o outro homem ter usado o apelido que ele deu a ela.

– Por que ela não saiu de lá comigo? Inferno – estava com raiva – podia muito bem ter pedido minha ajuda. Quando estava falando com ela não vi sequer a sombra do idiota. Maldição. Maldição – disse com voz alta e chutou o sofá a sua frente.

– Melhor tentar manter a calma – pediu Martin.

– Calma? Que calma? Me diz então como eu posso manter a porra da calma sabendo que a mulher que eu gosto está na posse de um covarde espancador de mulheres? Me diz como eu faço isso. Me diz – Jason praticamente gritou no rosto de Martin.

– Precisamos pensar no que fazer agora – disse Clark com voz controlada.

Jason voltou a andar de um lado para o outro. Estava sendo observado pelos outros dois enquanto estes tentavam chegar a um entendimento de como comunicar aquela situação para a polícia. Jason parou e olhou para eles.

– Não mesmo – disse Clark olhando-o nos olhos.

– O quê? – perguntou Martin confuso olhando de um para o outro.

– Se estou lendo bem a expressão na cara dele, ele está querendo bancar o super herói – disse Clark sem desviar o olhar.

– Não vai mesmo – reiterou Martin se colocando ao lado de Clark em frente a porta.

Jason virou as costas para eles e apoiou os antebraços na cabeça sentindo-se impotente.

– Eu vou tirar ela de lá – disse decidido olhando para os dois.

– Nós vamos ajudar, mas temos que fazer isso com cuidado e com a ajuda da polícia, pra não colocar a vida de ninguém em risco. Muito menos a sua – disse Clark decidido – não sabemos do que esse cara é capaz.


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Até o próximo capítulo.😉

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