Capítulo 21

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Foi difícil para Clark e Martin convencer Jason a agir racionalmente. Também decidiram comunicar a situação ao diretor do filme que prontamente juntou-se a eles para ajudar. A tarefa de comunicar à polícia o que, possivelmente, estava acontecendo também mostrou-se outro desafio, mas, felizmente, um dos assistentes de Martin era brasileiro e este recorreu a ele para ajudá-los. Outro fator positivo foi que um dos policiais de plantão também falava inglês, então a conversa com a polícia ocorreu sem qualquer entrave na comunicação.

Jason não conseguia parar quieto. Estava sempre andando de um lado para o outro, mexendo as mãos ou balançando uma perna. Foi preciso contar à polícia sobre seu relacionamento com Lilian e se viu obrigado a falar sobre o passado dela com o ex marido, por último, relatou como ela agira estranho na última vez que conversaram.

A polícia pediu para aguardarem. Mas, enfim, depois do que pareceu um tempo longo demais para Jason se organizaram para primeiro checar o que estava acontecendo na casa de Lilian e só depois disso decidirem o que fazer. Pois, como o nome do possível agressor não foi comunicado não conseguiram descobrir nada que pudesse ajudar a formalizar a denúncia uma vez que ao entrarem em contato com a polícia da cidade onde ela morava não localizaram qualquer denúncia de agressão feita por ela. Restou, então, colaborar com a polícia e tentar ajudá-la da melhor forma possível.

Decidiram usar viaturas descaracterizadas para evitar chamar a atenção da imprensa já que Jason estava diretamente envolvido. Apesar de terem tentado o convencer a ficar de fora da sondagem que iam fazer ele se negou e ameaçou agir sozinho se não o deixassem ir junto. Então, elaboraram um plano e se dirigiram para lá. Dois carros, Jason, Martin, Clark e mais 5 policiais formavam a pequena comitiva. Por precaução, obrigaram Jason a usar um colete a prova de balas e colocaram uma escuta nele, para poderem ouvir o conteúdo do que ele conversaria com Lilian. Sim, ele acabou convencendo a todos que seria melhor ele aparecer na porta dela para não levantar quaisquer suspeitas caso ela estivesse realmente em perigo. A polícia ainda duvidava que ela estivesse sob o poder de um agressor, porém ele tinha certeza.

Pararam os carros perto de onde ela morava e, separados, foram de encontro ao segurança que Jason deixou de olho na movimentação. Nada estranho aconteceu ou qualquer sinal dela e, também, ninguém saiu de sua casa, relatou o homem. Decidido, Jason caminhou até a porta dela e esperou um pouco tentando ouvir alguma coisa, mas nada. Estava com sorte ao menos por encontrar a vizinhança tranquila. Bateu algumas vezes e nada. Estava com medo e as próximas batidas soaram mais fortes e em seguida a chamou. Quando ela apareceu ficou contente em vê-la, mas logo viu o medo estampado em seu rosto. Precisava se controlar e agir conforme o combinado.

Quando ela pediu para ele ir embora sentiu o peito apertar, mas sabia que ela não queria aquilo. O fato de ela não falar o olhando nos olhos só confirmava. Além disso, ele notou o desespero escondido em sua voz. Ela era sempre controlada, mas agora agia como se o quisesse longe dali o mais rápido possível.

– Morena, me conta o que está acontecendo – ele pediu se aproximando mais da porta e sem desviar olhar dela – o Martin comentou comigo que você vai sair do filme por causa de um problema que surgiu na sua família, me deixa ajudar – ele esperava que compreendesse a mensagem implícita de que ele sabia que ela estava em perigo – olha pra mim – Jason pediu e estendeu a mão para erguer seu rosto para ele, sentiu o movimento quase imperceptível de aceitação de seu afago e lutou para se manter controlado quando uma lágrima escorreu por seu rosto e ele a limpou com o polegar – Me deixa entrar – pediu com voz baixa, mas ela se afastou e voltou a mandá-lo embora.

Segurou a porta quando ela tentou fechar e pediu mais uma vez para entrar, a viu se esforçando para não ceder ao desespero e perdeu as esperanças de a convencer abrir a porta quando ela falou que não sabia onde estavam as chaves. 'Motherfucker', ele xingou mentalmente. Viu a surpresa em seu rosto quando ela notou a ausência da chave. Um barulho muito baixo veio lá de dentro e ele se concentrou nela para não olhar, mas ele sabia quem era o responsável por aquilo e soltou a porta relutantemente quando notou a respiração dela ficar mais difícil.

Jason ainda ficou lá por um tempo, mesmo depois de a porta ser fechada. Não conseguia sair e deixá-la. Momentos depois uma mão pousou em seu ombro, era Martin, e o guiou de volta para onde estavam os outros homens. Eles estavam discutindo sobre o teor da conversa entre Jason e Lilian. Mas, Martin o acompanhou até o carro que os seguranças estavam. Já passava da meia noite e eles ainda estavam por ali. A polícia informou que não identificou nada de estranho na conversa deles. Jason estava quieto dentro do carro, a cabeça entre as mãos. Clark e Martin estavam preocupados, sabiam que se ele estourasse não conseguiriam segurá-lo.

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Marcos olhou para Lilian desacordada sobre a cama. O rosto dela estava inchado. Ele andava de um lado para o outro, desorientado.

– É tudo culpa sua, Lili. Você me deixa irritado e eu acabo perdendo a cabeça – ele a acusou mesmo sem ela o ouvir – se você fosse uma mulher obediente nada disso acontecia, mas você prefere me tirar do sério me desafiando. Você precisa entender que é minha mulher e que tem que ser obediente.

Ele a olhou mais uma vez antes de deixar o quarto. Na cozinha, tomou um copo de água e procurou algo para comer. Já estava sem paciência de ficar trancado naquele lugar sem espaço. Marcos não conseguia entender como ela podia ter trocado o apartamento luxuoso em que eles viviam por um lugar daquele. Era tudo limpo e organizado, mas faltava espaço e a sofisticação que o dinheiro dele podia pagar. Escaneou todo o lugar e pelo que pode notar já fazia algum tempo que ela vivia ali, havia o toque dela em todo o ambiente. Foi até a janela e puxou um cantinho da cortina, estava tudo calmo lá fora. Abriu um pouco mais a cortina e observou melhor a rua, seria um bom momento para sair, estava tudo tranquilo e sem pessoas circulando, mas Lilian não estava em condições de se locomover naquele momento. Marcos praguejou baixinho e voltou para o quarto.

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– Pessoal, acho que consegui alguma coisa, só não sei se ajudará em algo – falou o homem que estava de olho na casa de Lilian.

Jason, que até então estava quieto no carro, se levantou rápido e foi até ele já pegando o celular de sua mão. O segurança conseguiu gravar o momento em que Marcos olhou a rua pela janela. Não se conseguia ver a pessoa com nitidez por causa da distância, mas, certamente, dava para perceber que era um homem. O policial que ficou com eles viu o vídeo e passou para o delegado as novas informações. A vigilância sobre a casa de Lilian aumentou. Além do homem que já estava fazendo essa tarefa mais dois da escolta de Jason se juntaram ao primeiro juntamente com três policiais que chegaram depois. Todos posicionados em locais em que não poderiam ser vistos.

Por volta das 2h da manhã, o diretor do filme também chegou ao local em uma van e dispensou os dois carros de luxo que estavam no local. A van chamaria menos atenção. Insistiram para que Jason comesse alguma coisa, mas ele recusou. Estava ansioso e preocupado e não conseguia ingerir nada além de água. Tentou ir de novo procurar Lilian, mas foi impedido. A polícia pediu para esperar até o amanhecer para ver se haveria alguma movimentação suspeita na casa, o que deixou Jason ainda mais alterado do que já estava.

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Marcos ajeitou Lilian na cama e deitou ao lado dela.

– Você continua linda como sempre, Lili – ele disse ajeitando o cabelo dela – logo a gente vai estar em casa e voltaremos a ser felizes como éramos. Seus pais ficaram muito contentes quando eu falei que estava vindo te buscar. Mas, você tem que ser um pouquinho mais obediente, meu amor. Eu não gosto quando você me irrita porque eu acabo perdendo a cabeça e faço coisas que não são legais. Me desculpa, tá? Eu vou tentar me controlar daqui por diante. Desculpa.

Marcos se aconchegou junto a Lilian, que agora dormia pacificamente depois do desmaio causado pelos tapas que ele lhe deu, e pouco tempo depois adormeceu agarrado a ela.


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Obrigada pela leitura.

Até o próximo capítulo.😉

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