Capítulo 5

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Lilian tinha suposto que ele esquecera seu choro, mas enganou-se. Jason estava ali, agora, na sua frente querendo saber a razão pela qual ela caíra no choro na outra noite e a última coisa que ela gostaria de fazer era falar sobre dores e fantasmas do passado. Suas mãos seguravam as alças da mochila com movimentos nervosos e já não conseguia sustentar o olhar dele.

– Desculpa. Não queria ser intrometido. Não precisa falar nada, ok? – foi a vez dele desviar o olhar e demonstrar incômodo pela pergunta que fez.

Lilian agora tinha o olhar sobre ele. Mas, permaneceu em silêncio por um momento, sentindo o peso das palavras não ditas entre eles. Ela compreendeu a sinceridade nas palavras dele, o esforço para respeitar seus limites. No entanto, havia uma parte dela que queria falar, uma parte que ansiava por apoio e compreensão.

Ela soltou um suspiro suave, para liberar um pouco da tensão que a envolvia e, aos poucos, foi relaxando o aperto na alça da mochila. Ela olhou para baixo por um instante, reunindo coragem para se abrir. Ergueu os olhos novamente e encontrou os olhos de Jason. Neles, viu curiosidade e preocupação.

– Vamos sair daqui? – ele foi mais rápido ao falar e ela concordou com um aceno de cabeça.

Ele estendeu a mão para ela que a segurou, depois de um momento de hesitação. Naquele momento, eles não se importaram com quem os veria de mãos dadas. Depois de alguns passos ele olhou para ela que tinha o olhar baixo.

– Pra onde você quer ir? – ele perguntou em voz baixa.

Ela olhou para ele e desceu o olhar para as mãos deles unidas, respirou fundo e prendeu o olhar no dele.

– Pra qualquer lugar em que a gente possa conversar sem sermos interrompidos.

Ao olhá-la, ele encontrou uma mistura de gratidão e vulnerabilidade refletida em seu olhar. Para Lilian, era raro ver alguém tão famoso quanto ele agindo de maneira tão gentil e atenciosa, principalmente com alguém que ele mal conhecia.

– Você confia em mim? – Jason perguntou receoso.

Ela o olhou por um breve momento e assentiu com um sorriso leve. Ele sorriu de volta e apertou um pouco mais sua mão, como se quisesse transmitir apoio silencioso e começou a andar buscando, conscientemente, traçar o caminho em que encontraria menos pessoas até conseguir sair dos camarins e do set.

Logo eles chegaram à rua, onde o carro que Jason usava estava estacionado. Encontraram algumas pessoas pelo caminho até ali, mas ele fez cara de poucos amigos e seguiu com Lilian, de cabeça baixa, ao seu lado. Ninguém se atreveu a interromper sua caminhada, o que ele agradeceu silenciosamente.

Mas, a verdade é que mesmo que quisesse não poderia simplesmente entrar no carro e ir embora. Ele precisava ser responsável, até porquê estava em outro país. Então, a coisa correta a ser feita era entrar em contato com os seguranças, que ele deixou para trás por ter saído por um caminho diferente, e avisar que ele já estava no carro. E foi o que ele fez. Logo os seguranças chegaram, todos entraram no carro e partiram.

– Vamos para o hotel – informou Jason ao segurança que dirigia.

Lilian olhou para ele surpresa.

– Para conversar – ele respondeu a pergunta que ela não fez, mas que achou de bom tom esclarecer.

O trajeto até o hotel foi feito praticamente em silêncio. Restava agora tentar entrar sem chamar a atenção, o que seria praticamente impossível. Pois, sempre havia fãs e alguém querendo o fotografar. Não lembrou disso quando pensou em ir para lá, mas não iria para outro lugar, queria ficar à vontade com ela e sem se preocupar em serem fotografados mais uma vez.

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