Capítulo 18

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– Boa menina – Marcos falou acariciando o rosto dela – gosto de você assim obediente.

Lilian queria fugir do toque dele, mas tinha medo de o enfurecer. Sabia muito bem o que acontecia quando o contrariava.

– Vem cá, agora que aquele idiota finalmente nos deixou em paz, vamos aproveitar que estamos sozinhos – disse lhe beijando o pescoço.

Lilian fechou os olhos e pensou em Jason. Ela não iria suportar o toque de Marcos. Estava tremendo e ele se afastou ao perceber.

– O que foi agora, hein? – ele perguntou irritado – por que está tremendo?

– Eu não estou me sentindo bem – ela disse indo até o sofá e sentando-se.

Marcos a olhou desconfiado. Fechou os olhos e andou um pouco tentando arrefecer a raiva.

– Eu não não quero me irritar com você. Já basta toda a raiva que tenho sentido desde que você fugiu de mim – ele falou de pé em frente a ela – mas, não teste a minha paciência porque ela nunca foi lá essas coisas.

Lilian estava sentada no sofá com a cabeça entre as mãos. Sentia-se fraca, com medo e raiva de si própria por não ter pedido ajudar a Jason, mas não podia tê-lo colocado em risco. Marcos era louco, ela sabia, e poderia muito bem ter atirado nele. De repente, o celular dela tocou a assustando. Marcos procurou o aparelho e pegou para verificar quem era. Lilian nem se deu ao trabalho de pegar o celular, pois ele não deixaria mesmo.

– Quem é Martin Nolan?

– Meu preparador de elenco – ela respondeu sem o olhar.

– De onde diabos você tirou essa ideia absurda de trabalhar como atriz, hein? – ele questionou após rejeitar a ligação – como se você tivesse talento pra isso – resmungou com desprezo.

Lilian respirou fundo buscando coragem para aguentar a estupidez dele, mas antes de falar qualquer coisa o celular voltou a tocar.

– O que diabos esse imbecil quer como você? – ele esbravejou – olha pra mim quando eu falar, porra.

– Não sei, geralmente ele liga para o pessoal da equipe quando precisa combinar alguma coisa sobre as gravações ou agendar algum ensaio.

– Você não vai mais trabalhar nessa porcaria de filme. Eles que se danem. A gente vai voltar pra casa amanhã cedo. Só não vamos agora porque eu preciso descansar um pouco, mas amanhã logo cedo partimos.

Lilian entrou em pânico ao ouvir aquilo. Não podia deixar que ele notasse o medo estampado em sua cara. Lutou para controlar o pavor que sentia. O celular tocou novamente deixando Marcos ainda mais irritado.

– Eu vou desligar essa porcaria pra ver se deixam a gente em paz.

– Se eu não atender, ele ou alguém a pedido dele vai vir aqui pra saber porquê eu não atendi as ligações – Lilian se agarrou ao fio de esperança que essas ligações lhe trouxeram.

Marcos a olhou com raiva e pensou por um momento. Lilian tentou se mostrar o mais desinteressada possível, precisava se acalmar e agir com inteligência. Talvez essa fosse sua oportunidade de pedir ajuda e escapar do louco a sua frente. O toque do celular invadiu o ambiente novamente.

– Eu vou deixar você atender a droga desse celular, mas muito cuidado com o que vai dizer, tá ouvindo? Aproveita e se livra desse idiota também. Não quero mais ninguém procurando você – disse e entregou o aparelho a ela.

– Oi, estou bem sim – ela disse ao celular, tentando soar calma.

Marcos se aproximou dela e pediu com um sussurro para que ela colocasse a chamada no viva voz, também queria ouvir toda a conversa.

– É o Jason que está ai com você? – Martin perguntou despreocupado.

– Não, ele não está aqui.

– Bem, vamos ao que interessa. Lilian, preciso ver você com urgência ainda hoje, pois precisamos conversar sobre algumas mudanças importantes que aconteceram no roteiro depois das últimas reuniões. Aqueles putos fizeram as modificações e simplesmente jogaram a bomba nas minhas mãos para que eu resolvesse tudo até segunda feira – ele falou um pouco chateado.

Enquanto ouvia o que Martin falava, Lilian não desviou o olhar de Marcos que ouvia a conversa com atenção e fez sinal negativo para ela quando o cara ao telefone falou que precisava encontrar com ela.

– Nem pensar – sussurrou para ela com raiva, levantou e começou a andar de um lado para o outro pela casa – se livra desse idiota e desliga de uma vez.

– Olha Martin – ela o interrompeu – eu não vou mais participar das gravações...

– Quê? Ficou louca ou bateu a cabeça? – Martin quem a interrompeu dessa vez – nem pense nisso. Era só o que me faltava agora – ele soou exasperado.

– Já decidi sobre isso. Amanhã mesmo eu vou voltar para o meu Estado. Preciso encontrar minha família. Surgiu uma emergência que preciso resolver lá e é de caráter inadiável, por isso não vou mais trabalhar com vocês.

Lilian aproveitou que Marcos se afastou um pouco e, enquanto conversava, tomou coragem e enviou uma mensagem para Jason: SOCORRO! E, em seguida, apagou o histórico de conversa. Ele era a única pessoa com quem mantinha contato e sabia que poderia ajudar. Ativou o modo silencioso e continuou a conversa como se não tivesse feito nada. Se Marcos não falasse inglês, ela poderia muito bem ter aproveitado a chance de falar para Martin o que estava acontecendo, mas o maldito falava inglês fluentemente. Mas, a sorte estava lançada. Agora era torcer para que Jason compreendesse que ela estava em apuros e encontrasse uma forma de ajudá-la. Certamente ele tinha algo a ver com aquela ligação estranha, pois se realmente o roteiro tivesse sofrido modificações ele próprio teria comentado com ela.

– Então, vou ficar sem uma das minhas melhores? – ele aceitou rapidamente a saída dela do elenco, mesmo que fosse uma figurante, ela estranhou, pois já o vira brigar com afinco pela permanecia de outra figurante que também anunciou sua saída.

– Não posso mesmo, preciso ver meus pais – ela mencionou os pais na esperança de que Jason estivesse ouvindo, ele estranharia já que havia falado que rompera com os pais quando fugiu para o Rio.

– Tudo bem, então. Vou comunicar ao grandão e aos outros sobre sua saída. E acredite, Morena, sei que você vai lidar muito bem com esse problema que surgiu. Se cuida.

Quando se despediram ela aproveitou e desligou o celular. Seu coração estava acelerado. Ela agora tinha certeza de que foi Jason quem pediu a Martin para ligar, pois ninguém além dele a chamava de Morena e as últimas palavras de Martin a fizeram acreditar ainda mais que ele daria um jeito de a ajudar, mesmo sem saber ao certo o que estava acontecendo.

– Cadê o maldito celular – Marcos perguntou se aproximando.

– Aqui – ela entregou o aparelho a ele – já aproveitei e desliguei.

– Espero que ninguém cisme em aparecer aqui ou eu sou capaz de estourar os miolos de algum desses idiotas que parecem ficar girado a sua volta feito urubus – disse colocando o celular dela no bolso.

Lilian estava em pânico e esfregava as mãos na roupa para secar o suor. Marcos sentou ao seu lado e jogou um braço sobre seus ombros.

– Liga a TV, Lili, vamos assistir alguma coisa como nos velhos tempos. Preciso acalmar um pouco a mente – disse e cheirou o cabelo dela – adoro o seu cheiro.

Ela se esforçou para parecer tranquila. Não disse nada. Apenas fez o que ele pediu, mordeu a língua para não reclamar aquele apelido que ela odiava, mas que ele insistia em usar. Preferiu demonstrar que estava conformada com ele estando ali. Afinal ver TV ao lado dele era muito melhor do que ter ele a arrastando para a sua cama.


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