Deitei na cama, ignorando as pontadas em meu braço por causa dos cortes recém-feitos. Meus pais tinham saído algumas horas atrás, com minha mãe chorando histericamente. Isso acontecia todos os anos desde quando nasci. Por alguma razão nesse dia minha mãe se deprime, não fala muito, só fica olhando para a janela com lágrimas correndo em seu rosto. No entanto, meu pai nunca sequer olhava para ela ou falava com ela. Agora eu escuto gritos e choros do banheiro, eles saem da casa e me deixam sozinha com meus demônios.
Isso é uma coisa perigosa.
Então, após cerca de três horas, escuto a porta se abrir e passos nas escadas. De maneira não surpreendente, alguém bate à minha porta.
"O que é?" ela se abre e minha mãe apareceu.
"Oi, bebê" Eu mal olhei para ela antes de meus olhos voltarem ao celular.
"O que você quer?"
Ela suspirou, "Podemos conversar?" O tom em sua voz me fez ceder, e então o desespero e a fragilidade em seus olhos me derrubaram.
"Tá bom." Ela fechou a porta por detrás dela e andou até minha cama, sentando-se perto de mim.
"Oi" Eu a cumprimentei, sabendo que essa coisa toda estava planejada para ser estranha.
"Oi."
Tudo ficou em silêncio por alguns minutos até que minha frustração tomou conta de mim.
"Você pode só colocar isso pra fora? O que aconteceu hoje? O que acontece todo ano nesse dia?"
Ela inspirou profundamente pelo nariz, ficou em silêncio por um momento e então começou.
"Izzy, você tem um irmão. Ele morreu no parto. Hoje é um dos piores dias da minha vida, porque 18 anos atrás foi o dia que todas as coisas ruins começaram a acontecer na minha vida de novo. Eu não comia, não dormia ou conversava. Seu pai tentou me ajudar de primeira, mas ele estava lidando com as mesmas dores que eu e ele não sabia como fazer isso. Nós éramos estranhos vivendo na mesma casa. Ele cometeu erros, eu cometi erros e nós passamos por todos eles. Mas eu sou lembrada de todos aqueles erros nesse dia."
Eu fiquei calada por alguns segundos, absorvendo as novas informações.
"E você achava que não ia me contar isso?"
Ela esfregou o rosto, "Desculpa-"
"Não! Você não vai fazer isso! Você não pode simplesmente pedir desculpas e fazer que tudo fique bem de novo! Você não pode simplesmente se desligar do mundo por dias em uma época, me fazer pensar aos cinco anos de idade por que é que minha mãe não quer brincar comigo e tem que trazer uma babá para me levar e buscar da escola quando eu vejo outras meninas sendo pegas e abraçadas pelas suas mães quando elas saíam da escola. Eu tive sorte se não tivesse tido uma que não era uma completa vadia. Os dias quando Marissa me trazia era alguns dos melhores da minha vida só por causa daquele único momento de sair da escola e ver alguém familiar. Mas quer saber? Eu SEMPRE estava procurando por você, por aquele momento que eu gritaria por você com um sorriso imenso e você me pegaria e perguntaria como foi a escola, mas esse dia nunca chegava. E toda vez que eu saía daquela escola era só mais outro desapontamento. Então vá se foder. Eu não quero suas desculpas. Suas palavras não significam absolutamente nada para mim. Eu estou cansada."
Com isso, eu levantei e saí do quarto, deixando minha mãe em choque para trás.
"Oi filha." Meu pai me chamou enquanto eu passava pela sala de estar. Bati a porta da garagem por trás de mim e pulei no meu jipe, sabendo que meus pais não estavam muito longe e saí da garagem.
A casa de Maddie era a mais perto e mais lógica de ir porque ela não perguntaria muito sobre o que aconteceu, então eu desci na sua rua e entrei em sua garagem. Depois de alguns minutos batendo a porta, ela abriu. Era quase aterrorizante em como ela parecia uma versão mais nova da minha mãe.
"Oi."
Maddie sorriu, "Oi besourinho."
Era quase que uma coisa que tínhamos, ela sempre me chamava de besourinho quando eu era pequena e ia para sua casa para brincar e dormir para tirar da minha mente o fato de que "mamãe está em Londres agora, mas nós podemos assistir esse filme!"
"Posso entrar?"
Sua expressão era terna quando ela deu um passo para o lado para me deixar entrar, "Sua mãe sabe que você está aqui?"
Eu sorri timidamente, "Minha mãe sabe que eu saí de casa?"
Maddie resmungou, "Brigaram de novo?" Eu concordei com a cabeça, mas fiquei calada. "Quer falar sobre isso?"Sacudir a cabeça era só o que precisava. Maddie era incrível por ser assim, se eu não queria falar, ela nunca me forçaria ou perguntaria de novo. Ela só deixava que eu chorasse em seu ombro e a abraçasse enquanto assistíamos filmes.
"Vamos besourinho, vamos lá para cima."
~*~
"Então você só saiu?" Maddie estava brincando com meu cabelo enquanto eu deitei perto dela e contei o que tinha acontecido. Ela tinha um jeito comigo que minha mãe tinha antes: ela mal falava uma palavra e já me tinha desabafando os segredos mais profundos e sombrios.
"Só."
"Fodeu! Agora eu vou estar encrencada! Espere, eu vou mandar uma mensagem e dizer que você está sã e salva aqui, mas não vai volta." Eu esperei enquanto ela digitava a mensagem.
"Eu não sei mais o que fazer, Maddie. Tudo é tão difícil o tempo todo."
Ela se abaixou para pegar minha mão e estava pronta para falar antes de congelar.
"Izzy, você pode tirar seu suéter?"
Tô ferrada.
"N-não... Eu estou bem."
Ela fechou os olhos e balançou a cabeça. "Izzy isso vai acontecer de um jeito ou de outro mas, de qualquer forma, você vai tirar esse suéter."
Lentamente, eu desci o zíper do meu casaco e o tirei, imediatamente virando a cabeça para que não visse o desapontamento em seus olhos enquanto ela pegou um de meus pulsos.
"Porra." Eu senti ela me puxar para um abraço, "Izzy, quando que isso começou?"
Eu dei de ombros. "Não sei... Dois anos atrás? Três? Não lembro, está tudo muito vago." Claro que era mentira, eu sabia o momento exato que eu me cortei pela primeira vez, e o porquê.
"Por que, besourinho?"
Deixei escapar uma risada amarga, "Você realmente precisa da resposta para essa pergunta?"
Ela balançou a cabeça, "Nem da próxima. Sua mãe não sabe."
Puxei meu pulso para longe de seu poder, "Maddie você não pode contá-la. Por favor."
Ela balançou a cabeça de novo, "Sua mãe pode te ajudar, ela já passou por isso."
Segurei sua mão, "Não. Por favor Maddie, você não pode. Eu estou tentando parar e posso fazer isso por conta própria. Se ficar muito ruim eu vou contá-la mas não posso deixar que ela saiba disso agora. Isso a mataria."
Maddie mordeu o lábio por um segundo, e então concordou com a cabeça.
"Tá, mas vamos dormir, você deve estar exausta."
Com gratidão, eu me aninhei em seu abraço. Ela parecia como minha mãe costumava ser nos momentos raros que nos aconchegávamos. Dormir não se tornou fácil, mas enquanto eu lentamente apagava havia um pensamento em minha mente.
Não conte à minha mãe.
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Gente, mil perdões! Como eu tô acompanhando os capítulos para traduzir no celular e transcrevendo no note, eu acabei pulando esse daqui e é por isso que no outro a Izzy acorda com a Maddie. Foi mal, de verdade. Podem atirar pedras em mim agora.
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Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)
FanfictionMeu nome é Isabella Lovato-Valderrama. Sim, é um nome muito grande então as pessoas apenas me chamam de Izzy... O pessoal da escola têm outros apelidos para mim: piranha, vadia, baleia, vaca, emo, metida... é tudo verdade, claro. Por que eles mentir...