[58] Louca

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Demi's POV

Quando cheguei em casa do recinto, Wilmer estava em pé na cozinha com um copo.

"Onde está Izzy?"

Ele me olhou com olhos avermelhados, "Dormindo."

Eu assenti e olhei para a bebida em sua mão, "O que é isso?"

Ele olhou para o copo com uma expressão perplexa, "Eu não tenho certeza."

Com um suspiro eu andei até ele e tomei o copo de sua mão, quando o cheiro forte do álcool entrou em minhas narinas eu imediatamente o coloquei para longe.

"Wilmer que porra é essa, por que está bebendo na minha casa?"

Ele olhou para cima e revirou os olhos, "Nossa casa, querida."

Eu franzi a testa, "Qual é a porra do seu problema?"

Ele suspirou, "Qual a razão disso tudo, aliás?"

"O que isso significa?" Eu perguntei, checando a garrafa próxima dele para ver que estava quase vazia, Wilmer estava acabado.

"Quer dizer, pense um pouco." Ele falou pausadamente, "Nós nunca vamos nos acertar, nós brigamos demais e não há razão de tentar consertar nosso casamento quando ele está condenado. Izzy vai ficar louca e nós vamos nos separar. Por que prever o inevitável quando eu posso começar a beber agora?"

Eu pisquei, levando as lágrimas para dentro de novo e peguei seu copo, "Bem, se você vai começar a beber, pelo menos me dê uma dose como um cavalheiro."

Ele piscou, "Que porra é essa, Demi? Me dê isso."

Eu afastei a garrafa de perto dele, "Por quê? Você e Izzy são praticamente a minha única razão de ficar forte. Se você ir embora e ficar uma louca que nem você eu não tenho mais nada. Então, como você dizse, para que prever o inevitável?"

Eu estava blefando, e funcionou, pois ele colocou seu copo em cima da mesa e eu fiz o mesmo com a garrafa.

"Vamos subir as escadas para você dormir." Eu murmurei, afagando suas costas enquanto ele cambaleava nas escadas. Ele caiu na cama e me puxou para cima dele.

"Isso parece familiar."

Eu não pude evitar de sorrir com seus flertes enquanto ele pegava minha bunda, "Parece, sim, mas geralmente eu era a bêbada e você era o responsável."

Ele riu e me puxou para beijá-lo, mas eu me afastei.

"Não, não enquanto você está uma merda e tem gosto de vodka."

Ele suspirou, "Um beijo?"

Eu balancei a cabeça, "Não, Wilmer, eu não tenho certeza se vou querer te beijar por um tempo."

Wilmer revirou seus olhos e se curvou em seu estômago, "Deixa para lá. Seja chata."

Eu mordi meu lábio, afetada pelo comentário. Wilmer bêbado não é a melhor pessoa para se ter por perto.

"Eu vou dormir no outro quarto hoje, boa noite Will." Eu murmurei, acariciando seu braço e me inclinando para beijar seu rosto.

~*~

Eu acordei com o som de passos correndo para o banheiro com o som de alguém vomitando. Com um resmungo eu saí da cama e os segui, Wilmer estava agachado perto do vaso, seu rosto pálido. Eu sorri travessa, não era segredo que eu não adorava o fato de ele beber e não demonstrava pena alguma quando ele se colocava em situações como essa. Gentilmente, eu afaguei suas costas enquanto ele colocava tudo para fora e caía no chão com um grunhido.

"A gente ainda tem algum Advil ou Motrin?" Ele perguntou, seus olhos se fechando de forma trêmula.

"Arrã, aqui." Eu abri a gaveta de medicamentos e peguei a garrafinha de comprimidos, revirando meus olhos quando ele os engoliu em seco. "Ok, vamos para a cama." Agarrando seu braço, eu o ajudei a se levantar e praticamente o carreguei de volta a cama onde ele se deitou esparramado na cama e começou a roncar, caindo em sono profundo.

~*~

Algumas horas depois, a luz irradiando em meu rosto fez meus olhos se abrirem. Me levantei com um resmungo e desci as escadas para ver Wilmer sentado à mesa, se servindo de um copo de café.

"Hey."

"Oi." Eu disse, colocando uma xícara de café para mim e sentando perto dele.

Ele suspirou, "Fui muito ruim noite passada?"

Eu levantei uma sobrancelha e fingi pensar, "Bem... Você basicamente disse que nosso casmaento não tinha jeito, então não tinha razão em tentar, ah, e que Izzy vai se tornar uma louca 'que nem eu' e que você deveria, dessa forma, começar a beber agorinha."

Ele gemeu enquanto sua cabeça caiu em suas mãos, "Demi, desculpa mesmo, você sabe que eu não me sinto assim, não é?"

Eu assenti, mas na verdade não tinha tanta certeza assim. Wilmer e eu não estávamos sempre na mesma página e ele geralmente era mais honesto quando estava bêbado; foi desse jeito que eu o fiz admitir pela primeira vez que ele me traiu.

"Você não acredita em mim."

Eu encolhi os ombros, "Eu não sei no que acreditar, Wilmer. Talvez seja melhor se nós darmos um tempo ou voltar àquelas regras de castigo."

Ele suspirou, "Acho que sabia o que vinha por aí."

Eu sorri fraco, "Pelo menos, Izzy está bem."

~*Izzy's POV*~

Eu rolei na cama e pisquei meus olhos para me acostumar com a luz. A queimação dormente em meu braço não era nada comparado à dor que eu sentia em meu peito.

Louca, louca, louca, louca.

A palavra ecoava em minha cabeça várias e várias vezes.

Louca.

Meu pai estava certo, qual era a razão de tudo isso? Viver ou morrer, eu não ligava mais.

Eu não queria viver, mas não queria fazer minha mãe e os outros passarem pela dor de me ver morrendo.

Isso sim era um compromisso.

Olhei para debaixo do meu travesseiro, estava ali a garrafa de licor que eu peguei do esconderijo secreto de meu pai em seu escritório. Era escuro no meu quarto, quase três da manhã, então eu acendi meu abajur, deixando que um brilho fraco iluminasse o quarto. Abrindo a garrafa, eu levantei até minha boca e apertei o nariz, colocando alguns goles abaixo. Esse negócio era forte. Eu já podia sentir minha cabeça ficar tonta. Enquanto a garrafa se esvaziava mais e mais, eu me encontrei saboreando a dormência. Eu não estava mais preocupada com meus pais dormindo em quartos diferentes, ou que eles tinham acabado de brigar feio.

Entretanto, não importava o quanto de vodka colocasse goela abaixo, eu só conseguia pensar em uma coisa.

Louca.




Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora