A data do meu parto estava chegando cada vez mais perto, e apesar de Wilmer e eu já termos passado por isso antes, ele estava ficando mais e mais irritante. Qualquer som o fazia correr para o quarto e me perguntar, em pânico, o que havia de errado. De primeira aquilo era meio que adorável, o quão nervoso ele ficava, porque queria se certificar de que eu não estava em desconforto algum. Mas, depois de duas semanas passando por isso, eu estava mais do que pronta para ter esse bebê.
Mesmo que minha paciência estivesse se esgotando, eu ainda o queria por perto o tempo inteiro; se ele estava trabalhando, eu contava os minutos para que ele voltasse para casa. Especialmente hoje, que era seu último dia antes de ter uma pausa para ficar aqui por mim e pelas crianças.
Izzy tem ficado melhor, bem melhor na verdade, desde a visita de Jake. Não sei o que ele disse a ela, mas está funcionando. Ela tem ido às consultas e não correndo de volta com lágrimas nos olhos. Sei que ela e Saffy têm saído muito de novo, e me faz feliz saber que ela finalmente arranjou uma amiga para desabafar ao invés de guardar todas as emoções para si mesma. Eu estou preocupada agora de como ela vai se sentir em ter dois irmãos dentro de casa, mas estou determinada de incluí-la em meu afeto e amor, não importa o quanto ela tente se afastar de mim.
Eu estava deitada na cama, pensando sobre tudo isso quando Wilmer finalmente chegou. Ele colocou uma calça de moletom e se deitou ao meu lado, sem dizer uma palavra quando cheguei perto dele.
"Oi."
Ele beijou minha testa, "Oi."
Deitei minha cabeça em seu peito, escutando seu coração, "Pode me dizer uma coisa?"
A mão de Wilmer afagou minhas costas suavemente, "Qualquer coisa."
Beijei seu peito nu, "Me diga que tudo vai ficar bem, que vamos passar por esse negócio de pais e que vai ficar tudo bem."
Ele olhou para mim, "Ainda está preocupada com isso?"
Revirei os olhos, "Wilmer, os gêmeos podem ter 20 anos e eu ainda vou ficar preocupada com isso."
Ele riu e beijou minha testa, "Tá. Tudo vai ficar bem. Vamos ser pais de novo e vai tudo ser novo e assustador, mas vamos ter dois lindos bebês e manter nosso relacionamento com nossa filha adolescente maravilhosa, e a vida vai ser boa."
Suspirei, "Promete?"
Wilmer sorriu, "Prometo."
~*~
Izzy's POV
Nunca percebi o quanto completamente, totalmente desatenta minha mãe está até agora. Está mais do que fácil de fugir do prédio de onde minha psicóloga está e ir para o beco atrás da casa abandonada para achar meu negociante. Ele vende coisinhas como álcool e maconha, mas dessa vez o que eu queria era algo muito mais forte. Peguei o caminho sujo por trás do prédio onde estava por cinco minutos, então entrei no beco. O pessoal de sempre estava ali, alguns maconheiros, Greg, o bêbado, e os dois viciados em crack que gostavam de sorrir, mas seu sorriso poderia te fazer correr léguas. Mark, um cara mais velho e sóbrio, ficava na esquina, como se estivesse assistindo ao seu reino da destruição.
"Ah, Isabella, eu estava pensando quando a veria de novo."
Eu sorri, não ousei corrigi-lo sobre meu nome porque ele me parece ter um ar de perigo em volta que não quero ser tomada por ele.
"Desculpe, minha mãe tem estado... me rondando."
Ele levantou uma mão, "Não se preocupe com isso. Tenho aqui o de sempre."
Mordi meu lábio enquanto peguei a garrafa de whisky e o saco de maconha, "Você tem algo... especial hoje?"
Mark sorriu maldosamente, "Procurando ir mais fundo agora? Isso me parece um pouco ousado."
Dei de ombros, "A maconha não está mais funcionando. Preciso de algo mais forte."
Ele assentiu e pegou uma pequena caixa de remédios, "Eu geralmente reservo esses para meus clientes VIP, não para essas bonecas de pano aqui." Ele olhou de esguio para os maconheiros e os bêbados, "Mas posso fazer uma exceção para você, esses daqui vão te fazer bem... feliz."
Eu olhei com uma cara sorridente para as pequenas pílulas brancas que estavam gravadas com uma palavra, "Ecstasy."
Ele assentiu, "Uma dessas quando você estiver para baixo e você não saberá o que te aconteceu."
Eu sorri, "Quanto é?"
Mark deu de ombros, "Vamos fazer um trato. Cem dólares pelo lote. Na próxima vez pode ser que abaixe se você for boa para mim."
Assenti e lhe dei o dinheiro, "Te vejo semana que vem."
Ele sorriu, "Você não me deixou terminar. Eu tenho, sim, alguns... outros."
Olhei para as pílulas na minha mão, "Acho que posso levar isso na semana." Um brilho passou pelos olhos de Mark e de repente eu estava com muito medo, "Ou eu posso levá-los agora."
Mark assentiu, "Acho que isso é mais interessante para você, Isabella." Ele pegou um saquinho de seu bolso, "Você precisa ter cuidado com isso, muito fácil ter overdose com esses. São tipo antidepressivos, mas cinco vezes mais forte. É demais, mas só tome um. Eu não dou isso para crianças geralmente porque são muito emocionais, sempre querendo se matar. Entretanto, sua estupidez e incompetência de como levam a vida não pesa em mim, e muito menos no seu caso se escolher não seguir minhas instruções. Entendeu?"
Eu assenti, "Quanto?"
"Duzentos pelo saquinho."
Eu suspirei e procurei na minha carteira, tinha exatamente duzentos dólares sobrando, "Tá. Aqui. Obrigada."
ELe sorriu de novo, um sorriso frio e arrepiador, "O prazer é todo meu, Isabella. Te vejo semana que vem."
Andei de volta pelo monte de areia e examinei as drogas, elas realmente me intimidavam, mas precisava de algo assim. Precisava não me sentir assim mais. Eu precisava não sentir mais nada. A única pessoa que sabia que estava me sentindo assim era Saffy. Claro, ela ficou maluca, mas sei que ela não vai dizer para minha mãe. Sei como ela reagiria, o único jeito que ela sabe como reagir. Ela choraria e gritaria e, de algum jeito, eu iria parar na terapia, e se ela descobrisse que eu acabei de comprar essas drogas, eu provavelmente estaria em um voo só de ida para Louisiana, Timberline Knolls para reabilitação. Enquanto eu andava pelo bosque, sentia algo poderoso sobre o que estava escondendo debaixo do nariz de minha mãe. Era quase cômico para mim o quanto ela pensava que eu estava bem, e que eu não estava constantemente alta, bêbada, recaindo, ou alguma combinação dos três. Não estava tipo óbvio, mas qualquer um suspeitaria que algo estava acontecendo. E uma vez que ela tivesse os bebês, eu poderia ir ainda mais longe. Eu poderia fumar no telhado como costumava fazer, ou agora tomar essas pílulas no meu quarto. Eu não ligava em ser um bom exemplo para meus irmãos mais novos, mas não queria que eles fossem qualquer coisa parecida comigo. Só queria terminar com o jeito que estava me sentindo, e terminar com minha vida.
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Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)
FanficMeu nome é Isabella Lovato-Valderrama. Sim, é um nome muito grande então as pessoas apenas me chamam de Izzy... O pessoal da escola têm outros apelidos para mim: piranha, vadia, baleia, vaca, emo, metida... é tudo verdade, claro. Por que eles mentir...