[83] Explicação

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Demi's POV

No segundo que ouvi aquelas palavras virem da boca de Izzy, eu senti como tivesse levado um tapa. Fiquei calada até chegarmos em casa depois de gritar que ela estava de castigo, tentando desesperadoramente não cair em lágrimas. Assim que entrei na garagem eu mal desliguei o carro antes de correr para dentro de casa.

"O que aconteceu?" Ouvi Wilmer gritar, mas eu subi os degraus correndo, batendo a porta por trás de mim e me encolhendo na cama enquanto deixava soar um alto soluço. A porta se abriu e Wilmer entrou no quarto, "O que aconteceu Demi?" Ele murmurou e eu balancei a cabeça, soluçando ainda mais forte na cama.

Senti o colchão afundar e automaticamente me virei para me aninhar ao seu peito, agarrando-me aos seus ombros enquanto pousava meu rosto em seu ombro.

"Demi, está tudo bem, eu estou aqui. Está tudo bem querida, eu estou aqui com você." Ele sussurrava, acariciando minhas costas e beijando meu cabelo, "Não se preocupe. Me conte o que aconteceu, meu amor."

Eu balancei a cabeça, "Só me abraça. Eu preciso ser abraçada agora." Eu sussurrei de volta.

"Não se preocupe, eu estou aqui, não se preocupe Hermosa."

Eu funguei e continuei a chorar por mais alguns minutos. Depois de um tempo eu finalmente era capaz de parar de chorar e fiquei em seus braços, o observando normalmente com a expressão vazia, de vez em quando começando a chorar de novo.

"Demi."  Wilmer se afastou de mim, procurando meu rosto, "O que aconteceu?"

Funguei de novo e fiquei brincando com a dobra de sua camisa, "Izzy entrou no carro e começou a falar sobre como Kelly lhe disse que eu poderia ajudá-la com os flashbacks quando ela estivesse.... fazendo sexo. Então eu perguntei se ela estava planejando isso." Respirei fundo, "Ela disse que não queria parecer uma louca e eu disse que ela deveria fazer com alguém que a amasse incondicionalmente, não alguém que ela só vê aos fins de semana. E ela... Ela" Interrompi a mim mesma com outro soluço e Wilmer afagou meu braço. "Ela disse que viu as notícias e que eu fiz coisas que poderia ter feito uma estrela pornô ficar vermelha." Solucei as palavras e aí sua expressão teve uma mistura de raiva enquanto seu corpo ficou tenso.

"Ela disse isso?!"  Ele gritou e eu assenti, começando a chorar de novo. Wilmer se levantou e saiu do quarto. Depois de alguns minutos, ele voltou segurando algo que parecia ser o celular e o notebook de Izzy.

"Você não pode fazer isso!" Izzy veio gritando e entrou no quarto.

"Eu não posso?!", Wilmer rosnou, "Você é minha filha! Eu posso fazer o que eu quiser! Você, contudo, não pode falar com sua mãe daquele jeito! Você não tem nenhum direito de falar do passado dela! Você não sabe do que ela passou! Me enoja saber que você ousou falar com ela daquele jeito!"

Izzy foi se afastando de Wilmer com a expressão horrorizada enquanto ele gritava para ela e eu me levantei, andando até ele e colocando a mão no peito de Wilmer enquanto olhava para Izzy.

"Vá para seu quarto, eu vou estar lá em um minuto." Ela baixou a cabeça e saiu do quarto enquanto eu olhava para Wilmer, que estava respirando pesadamente pelo nariz. "Você precisa se acalmar."

Ele balançou a cabeça, "Ela precisa saber-"

"Acho que ela já sabe." Eu rebati, "Você não precisa ficar gritando para ela porque isso não vai adiantar porra nenhuma!"

Ele jogou as mãos pro alto, "Me desculpe por tentar te defender!"

Eu suspirei e balancei a cabeça, "Querido, escute." Eu dei um passo à frente e coloquei minhas mãos em seu rosto, "Sei que você quis o melhor, mas gritar para ela não vai funcionar, ok? Ela é exatamente como eu quando era da idade dela. Vou conversar com ela e lhe dar o telefone de volta. Ela precisa dele... Só em caso de emergência. Você fique aqui e se aclame. Quando eu voltar é melhor que você não esteja nesse estado porque preciso que massageie meus pés." Eu ordenei e andei bamboleante pelo corredor. 

Eu estava completamente cansada de estar grávida. Quero esses bebês fora de mim. Eu sou uma loucura hormonal o tempo inteiro. Não estou gritando porque não gosto de gritar para Wilmer ou Izzy, só quero que nós sejamos felizes. Cheguei à porta de Izzy e a abri, batendo cautelosamente.

"Pode entrar."

Eu forcei um sorriso enquanto entrava e me sentava na cama ao seu lado. "Oi."

Ela fungou, "Desculpa pelo que eu disse."

Sorri, "Tudo bem. Eu sei que você está com raiva e confusa. Não se preocupe.

Ela baixou o olhar, "Eu te fiz chorar."

Dei uma pequena risada, "Eu estou grávida e bipolar. Só o fato de o vento soprar mais forte poderia me derrubar."

Izzy sorriu, "Talvez, mas ainda me sinto mal."

Sorri de novo, "Bem, eu te trouxe isso", lhe dei o telefone, "Não me sinto confortável guardando sua única forma de se comunicar longe de você. Mas vou ficar com seu computador."

Izzy assentiu, "Entendi..."

Poderia dizer pela voz que ela ainda tinha a pergunta em mente, mas não sabia se estava pronta para respondê-la. "Sinto muito por ter falado aquilo para você no carro. O que Kelly estava lhe pedindo para conversar comigo era um assunto muito sensível."

Ela inspirou lentamente, "Não precisa me dizer."

Balancei a cabeça, "O que acha que eu vou fazer agora?" Ela ficou em silêncio enquanto cheguei mais próxima dela na cama. "Sei que é difícil acreditar, mas eu sei o que você está passando agora. Eu nunca quis que você experimentasse tanta escuridão como eu experimentei quando era criança.... Queria que sua vida fosse perfeita e sei que eu arruinei isso há muito tempo, mas é a verdade. Queria que você tivesse uma vida maravilhosa. Quando eu era criança, o amigo do meu pai ia lá pra casa de vez em quando e eles fumavam e bebiam. Não era nada demais até que eu tinha tipo uns três, quatro anos. Meu pai começou a beber mais e mais e então ele ficou tão bêbado que mal compreendia o que estava acontecendo. O outro cara, ele estava bêbado também, e ele me agarrou e..." Minha voz caiu para um sussurro enquanto olhava para minhas mãos, "me estuprou." Izzy puxou ar de surpresa enquanto me olhava com uma expressão horrorizada.  "Aconteceu várias vezes, até que um dia eu contei à minha mãe e ela ficou louca, gritou com meu pai perguntando como ele poderia ter deixado isso acontecer quando estava lá. Aí ele rebateu, ele estava bebendo e bateu nela bem na minha frente, aí me bateu. Depois disso ele voltou para o escritório e abriu outra garrafa. Ela o deixou naquele dia e pediu o divórcio no dia seguinte."

Izzy balançou a cabeça e sua mão cobria a boca, "Meu Deus mãe, puta merda."

Eu sorri sombria, "Então, é por isso que Kelly te disse que eu poderia te ajudar com os flashbacks, porque já passei por isso. Eu lidei com minha própria culpa daquelas ocasiões com drogas, álcool, meus distúrbios alimentares, automutilação e sim, sexo. Não é segredo que eu fiz coisas das quais não me orgulho e eu certamente não pensava que minha filha iria descobri-las. Quando conheci seu pai foi um dos primeiros relacionamentos que eu sabia que ele realmente me amava, então eu fiz de tudo para fugir. Eu costumava fazer sexo só por fazer, bêbada ou alta. Não era amor. Nunca foi, até que eu o conheci. Eu bloqueava os flashbacks durante meus encontros com os outros caras, mas a primeira vez que eu estive com seu pai daquele jeito, tudo voltou de uma vez e eu estava prestes a ter uma recaída mental na cama com ele. Mas ele me ajudou com isso. Ele não achou que eu fosse louca ou me enxotou para fora da casa dele. Ele me amou. E por isso é que você precisa fazer com alguém que vai te amar e entender que você passou por coisas horríveis."

Izzy fungou, "Mas eu amo Jake. Acho que ele é o único que poderia ser essa pessoa para mim. E ele sabe mais sobre mim e do que eu passei mais do que qualquer pessoa nesse planeta. Inclusive você."

Eu sorri, "Não posso controlar isso em você querida, mas você precisa fazer a decisão. Não vou te amar menos por isso ou ficar com raiva. Eu gosto de Jake, só quero ter a certeza de que vocês estão prontos para esse passo. Ok? Só tenha certeza de que você está pronta e que você tem conversado sobre as coisas. Não espere que vá ser qualquer coisa parecida com os filmes e que vai ser perfeito, porque desse jeito é que talvez possa ser."

Ela sorriu, "Obrigada mãe. Eu te amo."

Eu a puxei para perto e beijei o topo da sua cabeça, "Eu também te amo, querida."

Don't Tell Mom - Demi Lovato (Tradução Português/BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora